Menos empresas e pessoas devem pagar impostos
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Muitas empresas, já sufocadas pela crise, acabam sem
condições de produzir ou prestar serviços
Foto: Marcos Santos/ USP Imagens
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A nova leva de impostos vai pressionar a carga tributária do
País em 2016, mas a arrecadação final pode cair, avaliam especialistas,
frustrando planos de engordar os cofres públicos. Isso porque muitas empresas,
já sufocadas pela crise, acabam sem condições de produzir ou prestar serviços.
Como resultado, a chamada base tributável diminui, ou seja, menos pessoas e
empresas pagam imposto.
"O governo quer elevar a carga tributária, mas isso
pode ser um tiro no pé. Uma coisa é fazer isso com a economia a pleno vapor.
Outra é quando se está em franca decadência", avalia o economista
Guilherme Mercês, gerente de Ambiente de Negócios e Infraestrutura do Sistema
Firjan. "O que o governo pode colher no fim das contas é uma queda na
arrecadação."
Tathiane Piscitelli, professora de Direito Tributário da
FGV-SP, também prevê que o "impostaço" pode ter um efeito reverso.
"Existe um limite de até onde você pode tirar do particular. Com o cenário
de desaceleração econômica, queda nas vendas e na renda, apertar ainda mais
pode ter o efeito contrário."
O consultor econômico Raul Velloso, especialista em contas
públicas, acredita que o aumento generalizado nos tributos é um "ato de
desespero". "Não há garantia nenhuma de que esse aumento de alíquota
vai trazer aumento na arrecadação", diz.
Já Ordélio Azevedo Sette, da Azevedo Sette Advogados, diz
que a carga tributária, hoje em torno de 34% do PIB, pode estourar os 40% ao
fim do ano. "Teremos um crescimento real da arrecadação mesmo com a queda
do PIB", diz. "O efeito é sempre o de agravar a situação do
contribuinte."
Em meio ao debate sobre o sucesso das medidas, economistas
veem a oportunidade de reformar o sistema tributário brasileiro ir pelo ralo
diante da paralisia no âmbito político. "Qualquer reforma tributária no
País demanda uma maturidade político-institucional que ainda não temos",
diz Felipe Renault, professor do Ibmec/RJ.
A unificação das alíquotas do ICMS e a junção de tributos em
um Imposto sobre Valor Agregado (IVA) seria um grande passo, diz Renault. O
modelo já é empregado em países da Europa e nos Estados Unidos. O problema está
na desconfiança dos governos em relação aos demais.
"Há um clima de tensão inegável entre Estados, que
claramente não confiam no governo federal para unificar os impostos", diz.
Por outro lado, os resultados do Simples Nacional dão esperanças de que a
reforma pode um dia sair do papel.
Outra alternativa seria tornar a tributação mais igualitária
entre os setores.
Hoje, a indústria de transformação tem uma carga tributária
superior a 45%, segundo cálculos da Firjan. Já a agropecuária e a indústria
extrativa são cobradas em menos de 6%, enquanto a carga sobre os serviços é
menor que 18%.
"Obviamente poderia ter arrecadação maior com
redistribuição da carga tributária. É uma boa hora para rever essa base, que é
de 50 anos atrás", diz Mercês."O governo quer elevar a carga
tributária, mas isso pode ser um tiro no pé." As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo.
Por: Jornal do Commercio.
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