Na madrugada de ontem, depois de quatro meses entre manobras
e adiamentos, o Conselho de Ética aprovou a admissibilidade do processo de
cassação do mandato de Cunha por falta de decoro
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Adicionar legendaFoto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil. |
De uma só vez, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), viu o cerco se fechar contra a manutenção do seu mandato em
duas frentes. Na madrugada de ontem, depois de quatro meses entre manobras e
adiamentos, o Conselho de Ética aprovou a admissibilidade do processo de cassação do mandato de Cunha por falta de
decoro.
O placar foi apertado: 11 a 10. A derrota mais tarde, desta
vez no Judiciário, foi com uma folga maior. Seis dos 11 ministros do STF se
manifestaram a favor do recebimento da denúncia contra o presidente da Câmara.
O julgamento será retomado hoje, mas, se nenhum ministro mudar o seu voto,
Cunha será o primeiro dos 38 parlamentares a se tornar réu no âmbito das
investigações da Operação Lava-Jato. Cinco integrantes da Corte optaram por
seguir o voto do relator da Lava-Jato, o ministro Teori Zavascki.
Ele apontou que havia "indícios robustos" para o
recebimento parcial da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da
República e defendeu que o deputado usou o cargo para fazer pressão para
receber propina do esquema que atuava na Petrobras. Esse entendimento foi
seguido pelos ministros Cármen Lúcia, Marco Aurélio Mello, Edson Fachin, Luis
Roberto Barroso e Rosa Weber. Cunha foi acusado de receber propina de US$ 5 milhões.
Os valores seriam referentes a contratos de aluguel de
navios-sonda da Petrobras firmados pela Diretoria Internacional da estatal. O
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que pediu a condenação de Cunha
pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, comparou, num discurso
duro, a participação do peemedebista no esquema de corrupção da Petrobras com o
mito de Hermes, da mitologia grega, e disse que uma das práticas para êxito na
política é a "capacidade de se envergonhar". Mas o jogo ainda não foi
encerrado para Cunha. Ele já mostrou em outras derrotas que tinha cartas na
manga para virar a situação.
A reação deve ser em forma de pautas-bombas contra o governo
na Câmara. Os próximos capítulos vão mostrar se essa novela está chegando ao
fim ou se haverá novos episódios pela frente.
Por: Diário de Pernambuco.
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