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O escritor, professor ex-ministro da Educação Eduardo
PortellaReprodução/TV Senado
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Morreu hoje (2) no Rio de Janeiro, aos 84 anos, o escritor,
professor e ex-ministro da Educação Eduardo Portella, ocupante da Cadeira 27 da
Academia Brasileira de Letras (ABL). Portella teve uma parada cardíaca no
Hospital Samaritano, em Botafogo, zona sul do Rio, onde havia sido internado no
domingo (30).
O corpo será velado a partir das 19h no Salão dos Poetas
Românticos, no Petit Trianon, sede da ABL, no centro do Rio. Amanhã (3), às
10h30, será celebrada missa de corpo presente e, em seguida, o corpo será
levado para o mausoléu da Academia, no Cemitério São João Batista, em Botafogo.
Biografia
Baiano de Salvador, nascido em 8 de outubro de 1932, Eduardo
Mattos Portella fez os estudos secundários no Recife, cidade onde se formou em
direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1955. Ainda na capital
pernambucana, começou a exercer a crítica literária, em colaborações para a
imprensa local.
Ao longo da década de 1950, estudou filologia, crítica
literária e literatura em instituições de Madri, Roma e Paris e publicou na
Espanha seu primeiro livro, Aspectos de la poesía brasileña contemporánea.
Começou a exercer o magistério na capital espanhola, na Faculdade de Letras da
Universidade Central de Madri. De volta ao Brasil, foi professor da Faculdade
de Letras da Universidade Federal de Pernambuco, e mais tarde, já na capital
fluminense, da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ), na qual conquistou todas as titulações até se tornar professor emérito.
Funcionário do Ministério da Educação e Cultura desde 1956,
Eduardo Portella foi nomeado titular da pasta em 1979, no início do governo de
João Figueiredo, o último presidente do regime militar. Permaneceu pouco mais
de um ano à frente do ministério, do qual foi demitido por ter apoiado a greve
dos professores da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
Na ocasião, ficou famoso pela frase “Não sou ministro. Estou
ministro”, com a qual quis demonstrar a consciência da transitoriedade da sua
passagem pelo ministério do governo militar. Recebeu o apoio de intelectuais
que faziam oposição ao regime, como o escritor Alceu de Amoroso Lima.
Na segunda metade da década de 1980, foi secretário estadual
de Cultura no Rio de Janeiro e em 1988 foi nomeado diretor-geral da Organização
das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), com sede em
Paris. Ocupou por cinco anos consecutivos o cargo e desde 1998 coordenava o
Comité Chemins de la Pensée d'Aujord'hui, da entidade.
Imortal
Eduardo Portella ingressou na Academia Brasileira de Letras
em 1981, sucedendo o escritor Otávio de Faria como ocupante da Cadeira 27, que
teve como fundador Joaquim Nabuco. O presidente da ABL, Domício Proença Filho,
decretou luto oficial de três dias na instituição e afirmou que, “com a
ausência de Eduardo Portella, perde o Brasil um excepcional pensador da
cultura, um professor e crítico de alta presença e porte, e a Casa de Machado
de Assis, um acadêmico de forte liderança e marcada atuação”.
A escritora Nélida Piñon, secretária-geral da ABL, destacou
que Portella “era um grande mestre do pensamento brasileiro, que soube, com
rara perspicácia, interpretar o fenômeno literário”. Autor de mais de 20 obras
de crítica literária e ensaios, Eduardo Portella fundou e dirigiu a editora
Tempo Brasileiro, responsável pela introdução no Brasil de autores como os
filósofos alemães Martin Heidegger e Jurgen Habermas, entre outros pensadores.
O escritor deixou a viúva Célia Portella e uma filha,
Mariana.
Por: Agência Brasil.
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