Presidente foi denunciado pela PGR pelos crimes de organização criminosa e obstrução de Justiça. Com a decisão da Câmara, processo ficará parado no STF enquanto Temer exercer o mandato.
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O presidente Michel Temer, em imagem desta quarta-feira
(25), após deixar hospital em Brasília (Foto: Eraldo Peres/AP)
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A Câmara dos Deputados rejeitou nesta quarta-feira (25), por
251 votos a 233 (com duas abstenções e 25 ausentes), enviar ao Supremo Tribunal
Federal (STF) a segunda denúncia contra o presidente Michel Temer, apresentada
pela Procuradoria Geral da República (PGR).
Temer foi denunciado pelos crimes de organização criminosa e
obstrução de Justiça. A denúncia rejeitada pela Câmara também inclui os
ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria Geral),
acusados de organização criminosa.
Esta é a segunda vez que os deputados livram o presidente de
ser processado. A primeira denúncia, por corrupção passiva, foi votada em
agosto e rejeitada, por 263 votos a 227.
Agora, Temer responderá na Justiça somente após a conclusão
do mandato, em 31 de dezembro de 2018.
A sessão se arrastou por várias horas graças a uma
estratégia da oposição de não registrar presença no plenário e retardar a
votação ou, até mesmo, conseguir adiar a sessão.
O quórum só foi atingido por volta das 17h, quase oito horas
depois do início da sessão (leia mais sobre a sessão ao final da reportagem).
Para garantir o resultado favorável, o governo atuou em
várias frentes, como a liberação de emendas para a base aliada e a exoneração
de ministros que detêm cargo de deputado para que pudessem votar também.
Às 20h34, a base aliada de Temer conseguiu reunir os 172
votos necessários (entre votos "sim", abstenções e ausências de
deputados) para barrar o andamento da denúncia.
Mas, para que a sessão fosse validada, eram necessários os
votos de, pelo menos, 342 dos 513 parlamentares, o que ocorreu às 20h51.
Relator e defesa
Ao analisar a denúncia contra Temer nesta quarta, os
deputados aprovaram o relatório da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ),
elaborado pelo deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), que recomendava a
rejeição da denúncia.
A sessão foi aberta às 9h19 e, logo no início, o relator
usou a tribuna para defender o parecer. Em seu discurso, Bonifácio defendeu que
a denúncia é "inteiramente falsa e esvaziada".
Em seguida, as defesas de Michel Temer, de Eliseu Padilha e
de Moreira Franco também se manifestaram e atribuíram à denúncia "viés
político".
O advogado de Temer, Eduardo Carnelós, disse que a denúncia
não apresentou provas e “mancha” a imagem da PGR.
Daniel Gerber, que defende Eliseu Padilha, argumentou que
não há nenhum fato relacionado ao ministro na denúncia. Para ele, a peça é uma
tentativa de criminalizar a política.
Por último, ao fazer a defesa do ministro Moreira Franco, o
advogado Antônio Pitombo afirmou que a PGR apresentou uma denúncia “sem fato e
sem tipicidade de crimes”.
Sessão
Na fase de debates, apenas alguns parlamentares da base
aliada se revezaram na tribuna. Ninguém da oposição falou para que não fosse
registrada a presença no plenário.
Essa etapa foi encerrada antes do meio-dia, mas, diante da
articulação dos partidos de oposição, a sessão se arrastou por algumas horas à
espera de que fosse atingido o quórum mínimo de 342 deputados para dar início à
fase de votação. Esse número só foi atingido às 17h02.
“A nossa estratégia era levar a votação para a noite, que é
tudo o que eles não queriam, quando grande parte da população está em casa de
volta do trabalho. Penso que isso foi uma vitória grande. A unidade das
oposições foi uma coisa rara, que não conseguimos na outra votação”, comemorou
o líder da minoria, José Guimarães (PT-CE).
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O presidente Michel Temer deixa hospital em Brasília (Foto:
Evaristo Sa/AFP)
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Temer internado
Enquanto os deputados aguardavam o quórum no plenário, uma
notícia causou rebuliço entre os presentes: o presidente Michel Temer sofreu um
mal-estar e precisou ser levado às pressas no Hospital do Exército, em
Brasília, para um procedimento urológico.
Para tranquilizar os colegas, o líder do governo na Câmara,
deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), foi ao microfone dizer que não era nada
grave.
Do lado de fora do plenário, partidos de oposição fizeram ao
longo do dia diversos atos pelas dependências da Câmara. Em um deles,
carregaram uma grande faixa com a inscrição "Fora Temer" pelo Salão
Verde.
Horas depois de ser internado, Temer teve alta e deixou o
hospital por volta das 19h50.
Por: G1.
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