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Crédito: By University of the Fraser Valley (https://www.flickr.com/photos/ufv/14032751691/) [CC BY 2.0 (http://creativecommons.org/licenses/by/2.0)], via Wikimedia Commons |
A fragilidade é uma condição médica já abordada
neste blog, mas que, apesar da sua relevância,
ainda não é tão conhecida quanto deveria. É como se a pessoa transpusesse uma espécie de
portal de preservação: a partir daquele ponto, torna-se um alvo mais fácil
para enfermidades e outros problemas. Esse é justamente o campo de atuação
do médico
Virgilio Moreira, mestre em ciências médicas e doutor em medicina pela Uerj,
além de pesquisador do Laboratório de Pesquisa em Envelhecimento Humano,
o GeronLab,
que explica: “o indivíduo tem o que chamamos de capacidade homeostática, que
garante sua recuperação. No entanto, a fragilidade leva à perda de habilidades
orgânicas, gerando disfunções nos vários sistemas do organismo”.
Nos últimos dois anos, capitaneado pelo professor
Roberto Lourenço, um grupo de cerca de 30 pesquisadores dedicou-se a rever
todos os estudos produzidos no país sobre o tema, com o objetivo de criar o
Consenso Brasileiro de Fragilidade em Idosos. E por que isso é tão
importante? Foi
a médica americana Linda Fried que estabeleceu o “fenótipo da fragilidade”,
criando medidas – os chamados marcadores – para diagnosticar o declínio
progressivo do paciente, mas ainda faltam parâmetros nacionais. “Nossos dados são diferentes dos dos
anglo-saxões e temos que levar isso em conta. Precisamos de pontos de corte
adaptados à nossa realidade”, afirma o doutor Virgilio. No Brasil, sete mil
idosos já foram estudados desde 2009, o que representa um universo muito consistente
para qualquer pesquisa.
O primeiro artigo do Consenso Brasileiro de
Fragilidade deve ser publicado até o começo do ano que vem na “Geriatrics,
Gerontology and Aging”, a revista da Sociedade Brasileira de Geriatria e
Gerontologia, mas há amplo material para ser compartilhado com os profissionais
de saúde. Os pesquisadores identificaram dois conceitos distintos, mas que se
complementam. O primeiro é o da fragilidade propriamente dita, que está ligada
aos aspectos biológicos. O segundo conceito é o da vulnerabilidade, que engloba
outros fatores: social, psicológico, afetivo e até espiritual. Trocando em
miúdos: um idoso pode estar em situação vulnerável embora não esteja frágil
fisicamente. O grupo também elegeu dois marcadores para identificar a fragilidade:
a velocidade da marcha, ou seja a rapidez com que o indivíduo caminha; e a
força da preensão palmar, nome complicado para definir o vigor com que pegamos
algum objeto. Linda Fried havia criado cinco parâmetros (além desses dois
adotados, perda de peso não intencional, baixo nível de atividade física e
queixas de exaustão), mas, de acordo com o doutor Virgilio, os marcadores
destacados pelo Consenso Brasileiro de Fragilidade são os mais claramente
ligados à mortalidade e que poderão trazer maiores benefícios à população:
“quanto antes detectarmos o quadro, melhor se pode intervir, com uma resposta
satisfatória antes de desfechos indesejáveis”, finaliza.
Por: Bem Estar.
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