Em alguns casos, pacientes, incluindo crianças, aguardam há mais de seis meses pelo tratamento, em boa parte determinado pela Justiça
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A família da pequena Letícia ganhou na Justiça o direito de
receber a medicação de alto custo
Foto: Anderson Stevens
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Altos custos, dramas incomensuráveis e soluções incertas. É
assim a rotina de muitos pacientes de doenças raras em Pernambuco diante da
falta de medicações. Drogas que para muitos significam alternativa de melhora
no bem-estar e prolongamento de vida. As situações mais difíceis atualmente,
segundo a Aliança das Mães e Famílias Raras (Amar), giram em torno dos remédios
Laronidase e Elaprase, que funcionam para a doença mucopolissacaridose (doença
metabólica sistêmica grave); Eculizumb, que intervém na Síndrome Hemolítico
Urêmica Atípica - SHUa - Hemoglobinúria Paroxística Noturna - HPN; e Bosentana,
Iloprost, Ambrisentana, usado para hipertensão pulmonar. Em alguns casos, os
pacientes, incluindo crianças, aguardam há mais de seis meses pelo tratamento,
que, em boa parte das vezes, só acontece por ordem judicial.
“A falta de medicação para as doenças raras é geral. Não só
no Estado, mas no Brasil inteiro. Aqui, os que têm hipertensão pulmonar estão
desde novembro sem receber. Crianças com mucopolissacaridose também estão
sofrendo com os atrasos. Estamos, na verdade, meio abandonados para as drogas
raras”, lamentou a presidente da Amar, Pollyana Farias. Ela comentou que, com
os altos custos das drogas, questões relacionadas à importação e liberação do
uso no Brasil, além de uma disputa conturbada de fornecedores, contribuem para
deixar o cenário cada vez mais incerto aos pacientes. Uma angústia que cerca
todos.
“Esperamos uma incorporação mais rápida, pela Anvisa, das
novas drogas já aprovadas para tantas outras patologias tanto pela FDA (EUA)
como pela Emea (Europa), agências reguladoras de renome. Também seria muito
menos angustiante se medicamentos órfãos (únicos) tivessem inclusão automática
na lista de medicamentos do SUS, evitando, assim, a judicialização da saúde”,
opinou o gerente financeiro Agadir Faria, 44 anos, pai de Leticia, 6, que tem
mucopolissacaridose tipo IV-A. A família conseguiu na Justiça Federal, há quase
cinco anos, o acesso a uma medicação ainda não aprovada no Brasil, mas vem
recebendo a droga quase no limite. A medicação utilizada por ela tem custo
anual de cerca de R$ 1 milhão. As cifras quase sempre são milionárias para as
medicações de doenças raras. “O custo da medicação é impagável para qualquer
cidadão. Isso é importante para mostrar a necessidade que temos da proteção do
Estado”, destacou Faria.
A Secretaria Estadual de Saúde (SES) informou que o
Laronidase, Elaprase e Eculizumab: não fazem parte da relação de medicamentos
fornecidos pelo SUS. Disse ainda que a Farmácia de Pernambuco possui estoque
das duas apresentações do medicamento Ambrisentana (5mg e 10mg). Sobre o
Iloprost, produto importado, a pasta estaria em processo de aquisição do
medicamento. Já sobre o bosentana, a medicação é disponibilizada em duas
apresentações. A de 125mg está em fase de licitação. Já a de 62,5mg, a entrega
está atrasada pelo fornecedor, que já foi notificado oficialmente pela SES, que
abriu novo processo de compra para o produto.
O Ministério da Saúde, no entanto, afirma que os
medicamentos Laronidase e Elaprase foram incorporados ao SUS em 2017. Destacou,
contudo, que para a distribuição desses insumos, é necessária a atualização do
Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) pelo Ministério da Saúde,
que encontra-se em fase final para publicação. Sobre o medicamento Eculizumab,
a pasta informou que não foi solicitada a incorporação do produto ao SUS.
Por: Folha PE.
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