Previsão está presente em uma nova resolução de atualização da Diretrizes Nacionais Curriculares do Ensino Médio
![]() |
© Reprodução
|
O ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM), disse nesta
terça-feira (20) que vetará a proposta de liberar 40% de aulas a distância no
ensino médio caso ela seja aprovada no CNE (Conselho Nacional de Educação).
A Folha de S.Paulo revelou nesta terça que o CNE já discute
uma nova resolução de atualização da Diretrizes Nacionais Curriculares do
Ensino Médio, onde consta essa previsão. Para a Educação de Jovens e Adultos, a
abertura prevista é de 100% para atividades a distância.
A reportagem da Folha de S. Paulo questionou o MEC na
sexta-feira (16) sobre o tema por meio da assessoria de imprensa da pasta.
Pediu posicionamento específico sobre a proposta de ensino a distância. O
ministério, no entanto, se limitou a responder que o CNE era o órgão
responsável pela discussão e que aguardava a conclusão para homologação.
Após a publicação da reportagem pela Folha de S.Paulo,
Mendonça disse que não havia sido consultado sobre o assunto, ressaltando que
não concorda com a abertura de 40% da carga horária para atividades remotas.
"O governo não quer isso, não foi discutido no MEC. Não concordo e não
passará", disse. "O debate no CNE é livre, e eu até desconheço a
proposta. Quem fala pelo MEC é o ministro."
O texto da atualização das Diretrizes foi apresentado no CNE
pelo relator da proposta, Rafael Lucchesi, e pelo presidente do CNE e
secretário estadual de Educação de Santa Catarina, Eduardo Deschamps, no último
dia 6.
O conteúdo foi debatido anteriormente com membros do MEC.
Nesta reunião, o secretário de Educação Básica do MEC, Rossieli Soares, esteve
presente. O titular desse cargo tem assento no conselho.
A abertura a atividades remotas no ensino médio já havia
sido permitida pela reforma do ensino médio, aprovada pelo governo Michel Temer
em fevereiro de 2017. O que as novas Diretrizes trazem é uma regulamentação de
carga horária.
O CNE é um órgão de assessoramento do MEC. As diretrizes
ainda estão em debate no CNE e a aprovação é esperada ainda para este semestre.
Decisões importantes aprovadas no órgão devem ser homologadas pelo ministério.
Em nota encaminhada após a publicação da reportagem pela
Folha de S.Paulo, o MEC afirmou que o órgão não encaminhou a sugestão formal ao
CNE e que "discorda dessa proposta". "Não é verdade tal
afirmação [de que o governo que liberar 40% do ensino médio a distância]",
diz a nota.
Mendonça Filho já declarou que vai se candidatar nas
próximas eleições e deixará o MEC até o início de abril.
A reforma do ensino médio também definiu a flexibilização do
currículo. Parte da grade deve ser cursada a partir da escolha dos alunos entre
cinco áreas (se houver oferta): matemática, linguagens, ciências da natureza,
ciências humanas e ensino profissionalizante. Essa parte flexível deve
responder a 40% da carga horária total.
Com as mudanças previstas nas diretrizes, portanto, todo
esse bloco poderia ser oferecido a distância. O texto das Diretrizes afirma que
atividades a distância, com apoio de tecnologia digital ou não, podem incidir
sobre qualquer conteúdo ou disciplina.
Crítico da própria reforma do ensino médio, o presidente do
Consed (conselho que reúne os secretários estaduais de Educação), Idilvan
Alencar, disse ter ficado completamente surpreso com a proposta em discussão,
sobre a qual disse ser "veementemente contra".
"É fundamental nessa etapa a relação aluno e professor.
Sou a favor de debates, mas tem assuntos que precisamos fechar as portas",
disse ele, que é secretário de Educação do estado do Ceará. "Os educadores
precisam se posicionar, porque isso significa precarização."
A nota do MEC encaminhada nesta terça-feira diz ainda que o
CNE é "um órgão independente e tem autonomia para propor sobre o
tema". Diz ainda que a discussão das novas Diretrizes não tem prazo para
ser finalizada e passará por audiência pública. Com informações da Folhapress.
Por: Notícias ao Minuto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário