Segundo especialistas ouvidos pela reportagem, a alta do dólar nos últimos dias está relacionada a uma combinação de fatores internacionais e preocupações domésticas, principalmente o cenário eleitoral
![]() |
dólar
Foto: Petr Kratochvil / Public Domain Pictures
|
O dólar comercial opera em queda na manhã desta segunda
(21), com o reforço na oferta de swap cambial, equivalente à venda de dólares
no mercado futuro, pelo Banco Central (BC).
Por volta das 10h50, a moeda estava cotada a R$ 3,70, com
queda de 0,99%. O BC anunciou oferta adicional de swaps na última sexta-feira
(18), após o sexto pregão consecutivo de alta da moeda americana. Na
sexta-feira, o dólar fechou o dia valendo R$ 3,74, com aumento de 1,04% em
relação ao dia anterior.
O Banco Central anunciou a oferta adicional de 15 mil
contratos, em leilão realizado. Todos os contratos foram aceitos para o
vencimento do dia 2 de julho de 2018. O BC informou ainda que continuará a
fazer a renovação (rolagem) dos contratos que vencem dia 1º de junho. A medida
já vinha sendo adotada ao longo da última semana, quando o dólar acumulou alta
de 3,85% em relação ao ao real.
Segundo especialistas ouvidos pela reportagem, a alta do
dólar nos últimos dias está relacionada a uma combinação de fatores
internacionais e preocupações domésticas, principalmente o cenário eleitoral.
Com a economia em crescimento além do esperado e o
desemprego em baixa, os Estados Unidos devem experimentar uma inflação acima da
média dos últimos anos, obrigando o Banco Central daquele país a aumentar taxa
básica de juros para moderar os efeitos de uma pressão maior sobre os preços,
como costuma ocorrer no Brasil quando a inflação cresce. Atualmente, a taxa de
juros dos Estados Unidos está na faixa de 1,5% a 1,7% ao ano, mas o Federal
Reserve (Fed), o Banco Central norte-americano, deve promover ainda mais duas
elevações do índice até o fim do ano.
Com taxas de juros mais altas nos Estados Unidos,
investidores com capital aplicado em países emergentes, como o Brasil, podem
retirar recursos desses locais e investir em títulos do Tesouro americano, os
treasures, considerados os papéis mais seguros do mundo. Este é um dos efeitos
que fazem com que o dólar se valorize em relação ao real.
Swaps cambiais
Quando há momentos de fortes oscilações (volatilidade) no
mercado de câmbio, como atualmente, o BC intervém no mercado. O swap (troca, em
inglês) cambial é um derivativo financeiro (contratos com variação em função do
preço de outro ativo). Nesse tipo de contrato, o BC se compromete a pagar ao
detentor do swap a variação do dólar, acrescida de uma taxa de juros (cupom
cambial), e a receber, em troca, a variação da taxa básica de juros, a Selic,
acumulada no período do contrato. Assim, quem vende esse contrato fica
protegido caso a cotação do dólar aumente, mas tem de pagar a variação da taxa
Selic ao Banco Central.
Assim, as empresas se protegem de uma variação excessiva da
alta da moeda americana e há aumento da liquidez no mercado, com injeção de
dólares no mercado futuro.
De acordo com dados da última sexta-feira (18), o estoque de
contratos de swaps estavam em US$ 24,798 bilhões. Desses, US$ 5,650 bilhões
vencem no dia 1º de junho deste ano.
Em 2017, esse estoque era menor – encerrou o ano em US$ 23,8
bilhões. Em 2016, o estoque era de US$ 26,6 bilhões e no final de 2015, de US$
108,1 bilhões.
A perspectiva de aumento da taxa de juros americano ocorre
desde 2013. A partir de junho daquele ano, grandes empresas brasileiras
captaram recursos externos, o que gerou a necessidade de hedge (proteção) .
Segundo o BC, no intuito de oferecer estabilidade financeira e econômica, a
autoridade monetária optou por oferecer essa proteção via swaps, atendendo à
demanda do mercado.
A partir de abril de 2016, o estoque de swap cambial começou
a cair com a sinalização de que os Estados Unidos não subiriam muito a taxa de
juros no curto prazo. Com isso, o BC aproveitou o momento para reduzir o saldo
desses contratos. Agora, com o aquecimento da economia americana, a sinalização
é de aumento dos juros daquele país.
Por: Folha PE.
Nenhum comentário:
Postar um comentário