Com medo, banhistas preferem evitar o mar em regiões sinalizadas e buscam alternativas em idas à orla
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Poucos banhistas na orla do litoral Sul e nenhum surfista
após mais uma ocorrência com tubarão
Foto: Julya Caminha/Folha de Pernambuco
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Comerciantes do litoral Sul de Pernambuco reclamam da queda
na movimentação em bares e restaurantes após a última ocorrência com tubarão,
na qual morreu o capoeirista José Ernesto Ferreira da Silva, de 18 anos. O
jovem foi mordido no domingo (3) em Piedade, Jaboatão dos Guararapes, na Região
Metropolitana do Recife. A reportagem da Folha de Pernambuco circulou por
praias do litoral Sul neste sábado (9) encontrou pouca gente se arriscando a
tomar banho de mar em áreas com sinalização.
Ricardo Vieira, de 30 anos, vende bebidas e comidas há 15
anos nas praias e confirma a redução de banhistas na orla. “Começou a cair essa
semana. O pessoal não está mais descendo pra cá. Estão com medo de tomar banho
depois do que aconteceu. Eu sempre aviso e já até vi tubarão. Não tenho muito
medo, mas o pessoal tem”, falou.
O ambulante Carlos Alberto, conhecido como Carreta, de 57
anos, relata que pescou um tubarão na região de Barra de Jangada há cerca de
uma semana. Segundo ele, a área tem muitos animais. “A gente colocou a rede no
final da tarde, perto das cinco horas, e umas quatro da manhã fomos ver. Quando
chegamos, tinha dois tubarões presos. Ainda peguei um, mas ele escapou. O outro
ficou, colocamos em cima da jangada e trouxemos”, disse, acrescentando que
comeu o tubarão com amigos após a captura.
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Comerciante mostra registro após captura de tubarão na praia
de Barra de Jangada, em Jaboatão dos Guararapes
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O balconista de um restaurante na praia de Barra de Jangada
Rafael dos Santos, de 38 anos, pontua que a movimentação sempre varia, apesar
dos incidentes. “O fluxo maior é em Candeias e em Piedade. Os clientes sempre
chegam perguntando se já houve ataque e a gente explica as recomendações das
autoridades”.
Alternativas
Entre as alternativas encontradas por banhistas para evitar
o banho no mar, piscinas de plástico com a água salgada. Essa foi a opção da
autônoma Cíntia Maria, de 34 anos, mãe de Lucas, de 8, e Jéssica, de 2. “O
aluguel custa R$ 15 por duas horas. Nem na beira a gente deixa eles mais”.
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Após ocorrências com tubarões, Lucas, de 8 anos, e Jéssica,
de 2, tomam banho em piscina de plástico com água do mar - Foto: Julya
Caminha/Folha de Pernambuco
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A professora Maria Lívia, de 51 anos, relata que evita as
praias da região e prefere outras mais a Sul. “Já vi até um tubarão passando e
por isso tenho pavor e trauma. Não dá para se enganar porque tem placa, eles
estão em todo lado. Nem olho as placas, simplesmente fiquei com medo e não
frequento essas praias daqui. Às vezes vou a Porto de Galinhas para fugir
dessas”.
Caminhar na orla e não entrar na água é a escolha da dona de
casa Andréa Lira, de 54 anos. “Costumo evitar, só dou uma caminhada e volto por
medo dos tubarões. A praia está deserta e tem até barraqueiro que não está
montando os pontos de comércio”.
Frequentador da região da Reserva do Paiva, em Ipojuca, no
Grande Recife, e outras praias do litoral Sul há cerca de 40 anos, o aposentado
Gutemberg Lins, de 50, afirma que vai todos os dias à orla. “Tomo banho, pesco,
faço caminhada e nunca aconteceu nada. Aqui [no Paiva] eu tomo porque nunca
teve ataque. Se eu for pra Piedade só tomo banho de chuveiro. O tubarão está no
lugar dele, as pessoas que se afoitam”, falou.
Desobediência continua
Entre os principais apelos das autoridades para evitar novas
ocorrências está a obediência às sinalizações e aos guarda-vidas pela
população. Apesar dos alertas, alguns banhistas continuam se arriscando dentro
do mar. O bombeiro militar Carlos Santana, que trabalha na praia da Igrejinha,
onde aconteceu o último caso, relata que este é um dos principais problemas do
trabalho dos profissionais.
“As pessoas desprezam o perigo e se arriscam. Inclusive hoje
tivemos uma dor de cabeça com um banhista. Ele entrou na água, orientamos, ele
insistiu e entrou novamente. Depois ele se deslocou uns 100 metros para entrar
de novo. Fomos mais uma vez, com mais paciência, e ele se convenceu a sair”,
disse.
Segundo o bombeiro, muita gente prefere não entrar pois
estão assustados com as ocorrências recentes. “Estão com medo de entrar no mar
e não é pra menos. Foram dois ataques em menos de 50 dias. O pessoal está onde
deve estar, que é na areia. Essa área da Igrejinha é a mais perigosa e há muita
sinalização”, finalizou.
O horário de fiscalização e orientação aos banhistas foi
ampliado esta semana pelo Corpo de Bombeiros em quatro pontos da orla:
Igrejinha de Piedade; em frente ao Edifício Acaiaca, no Segundo Jardim e no
Castelinho, em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. Guarda-vidas estarão nos
postos uma hora a mais, até as 18h, nos locais que concentram 27 dos 65 casos
registrados desde 1992.
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Poucos banhistas na orla do litoral Sul e nenhum surfista
após mais uma ocorrência com tubarãoFoto: Julya Caminha/Folha de Pernambuco
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Poucos banhistas na orla do litoral Sul e nenhum surfista
após mais uma ocorrência com tubarão (4Foto: Julya Caminha/Folha de Pernambuco
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Poucos banhistas na orla do litoral Sul e nenhum surfista após mais uma ocorrência com tubarãoFoto: Julya Caminha/Folha de Pernambuco |
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Placas de sinalização na Reserva do Paiva, em IpojucaFoto:
Julya Caminha/Folha de Pernambuco
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Postos de orientação e fiscalização dos bombeirosFoto: Julya
Caminha/Folha de Pernambuco
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Por: Folha PE.
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