De acordo com especialistas, mudanças nas regras assustaram os estudantes
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Após vivenciar grande crescimento, o Fundo de Financiamento
Estudantil (Fies) enfrenta uma crise e não atrai mais tantos candidatos como no
passado. Além de ofertas de vagas sem interessados, a inadimplência do programa
atinge mais da metade dos contratos em fase de amortização.
De acordo com dados do Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação (FNDE), publicados neste domingo (15) pelo O Globo, dos 613.962
contratos em amortização neste ano - que estão sendo pagos por estudantes já
formados -, 59% estão inadimplentes, o que corresponde a 364.063 contratos com
pelo menos um dia de atraso no pagamento.
Para comparação, no auge do programa, em 2014, 732.674
contratos estavam em amortização, com um percentual de inadimplência de 38%,
que já é considerado alto por especialistas.
Soma-se à falta de pagamento o desinteresse dos estudantes
pelo financiamento. A Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior
(Abmes) calcula que apenas 30 mil das 80 mil vagas oferecidas para o primeiro
período letivo foram preenchidas, ficando com uma ociosidade de 62,5%.
Consultado pelo O Globo, o vice-presidente da Abmes, Celso
Niskier,disse que o problema do Fies se explica pelo desinteresse dos
estudantes e pelos erros na formulação das regras.
"A redução no número de ingressantes verificada nos
últimos anos é, na verdade, resultado das alterações promovidas no programa
pelo governo federal, que iniciaram em 2015 e foram concluídas no final de
2017. Foram mudanças que retiraram o caráter social do programa, conferindo a
ele o caráter eminentemente fiscal e financeiro, tornando-o inacessível para
uma parcela significativa dos estudantes que necessitam do suporte do poder
público para conseguir acessar a educação superior", explicou.
De acordo com a Doutora em Educação pela PUC- Rio, Andrea
Ramal, "o Fies ficou menos atraente". "Em primeiro lugar, porque
o prazo de carência foi reduzido: em vez de começar a devolver os recursos
apenas 18 meses após o término do curso, com as novas regras o estudante
precisa começar a pagar assim que se forma. Além disso, uma parte do Fies foi
delegada a bancos privados, o que assusta o credor – já que o empréstimo e os
juros são regulados pelos bancos. A esses fatores se juntam ainda: a crise
econômica e seus altos índices de desemprego, a grande burocracia para fazer
parte do programa e os critérios mais rigorosos para receber o benefício – como
por exemplo, o cruzamento da renda do candidato com a nota do Enem.
Por: Notícias ao Minuto.
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