O Sudeste foi a região que mais perdeu leitos: 21,5 mil, ficando com 16% a menos do que tinha em 2010. No Nordeste e Centro Oeste a queda foi de 10%
![]() |
Texto prioriza o atendimento por meio da oferta de vagas em
Caps (centros de atenção psicossocial) e hospitais gerais
Foto: Reprodução/Pixabay
|
Nos últimos oito anos, mais de 34,2 mil leitos de internação
da rede pública foram desativados. Em maio de 2010, o Brasil tinha 336 mil
leitos para uso exclusivo do SUS (Sistema Único de Saúde), número que caiu para
301 mil em 2018, o que representa uma média de 12 leitos fechados por dia ao
longo do período analisado. As informações são da Agência Brasil.
Somente nos últimos dois anos, mais de 8 mil unidades foram
desativadas. O levantamento foi feito pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) a
partir de dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde do Ministério
da Saúde.
As especialidades com a maior quantidade de leitos fechados,
em nível nacional, são psiquiatria, pediatria cirúrgica, obstetrícia e cirurgia
geral.
Para o presidente do CFM, Carlos Vital, o fechamento de
leitos aponta para má gestão das verbas do SUS. 'A redução de leitos significa
a diminuição de acesso a 150 milhões de brasileiros que recorrem ao SUS para
atenção a saúde. Sem leitos de internação não há como o profissional médico
prestar os seus cuidados ao paciente. Não podemos aceitar que pessoas deixem de
ser atendidas por causa de leitos simples de internação', afirmou.
O CFM pretende encaminhar o levantamento para parlamentares,
Ministério Público Federal e Tribunal de Contas da União.
REGIÕES
Os dados mostram queda dos leitos em 22 estados e 18
capitais. A região Sudeste apresentou a maior redução de leitos, com o
fechamento de quase 21,5 mil em oito anos -o representa uma queda de 16% em
relação ao número de leitos existentes na região em 2010.
Só no estado do Rio de Janeiro, por exemplo, 9.569 leitos
foram desativados desde 2010. Na sequência, aparecem São Paulo (-7.325 leitos)
e Minas Gerais (-4.244).
Nas regiões Centro-Oeste e Nordeste, a diminuição foi de
cerca de 10% dos leitos no período apurado, com saldo negativo de 2.419 e
8.469, respectivamente. O Sul foi a região com a menor redução, tanto em
números absolutos menos 2.090 unidades -, quanto em proporção (-4%). Já no
Norte, houve crescimento de 1%, com 184 leitos a mais. Apenas cinco estados
apresentaram números positivos: Rondônia (629), Mato Grosso (473), Tocantins
(231), Roraima (199) e Amapá (103).
CAPITAIS
Entre as capitais, Rio de Janeiro teve a maior perda de
leitos na rede pública (-4.095), seguida por Fortaleza (-904) e Curitiba
(-849). Nove delas Belém, Boa Vista, Cuiabá, Macapá, Palmas, Porto Velho,
Recife, Salvador e São Luís conseguiram elevar o indicador.
Outra constatação é que enquanto a rede pública teve 10% dos
leitos fechados desde 2010 (34,2 mil), as redes suplementar e privada
aumentaram em 9% (12 mil) o número de leitos em oito anos.
Conforme o levantamento, os leitos privados cresceram em 21
estados até maio de 2018. Apenas Rio de Janeiro e Maranhão sofreram
decréscimos: 1.172 e 459 leitos.
De acordo com o relatório de Estatísticas de Saúde Mundiais
da OMS de 2014 o último dado disponível, o Brasil tinha 23 leitos hospitalares
(públicos e privados) para cada grupo de dez mil habitantes.
A taxa era equivalente à média das Américas, mas inferior à
média mundial (27) ou às taxas apuradas, por exemplo, no Reino Unido (29), na
(47), Espanha (31) e França (64).
A reportagem procurou o Ministério da Saúde, mas não obteve
retorno.
Por: Folha PE.
Nenhum comentário:
Postar um comentário