O ex-diretor da Dersa já havia sido preso duas vezes pela Lava Jato em São Paulo no ano passado
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© Geraldo Magela/Agência Senado
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A Polícia Federal achou um total de R$ 216.015,02 em um
envelope de segurança na casa do ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza,
apontado pela Operação Lava Jato como operador do PSDB. Os valores estavam
divididos em três moedas: R$ 93,25 mil, EUR 20 mil e US$ 10,128 mil. O dinheiro
foi encontrado durante as buscas contra Vieira de Souza na Operação Ad
Infinitium, 60ª fase da Lava Jato, que o prendeu na manhã de terça-feira, 19.
O dinheiro apreendido com o operador do PSDB é muito
superior àquele encontrado em três contas bancárias de sua titularidade. O
Banco Central bloqueou na quinta-feira, 21, R$ 396,75 de Paulo Vieira de Souza.
A juíza Gabriela Hardt havia ordenado o confisco de R$ 100 milhões do
engenheiro.
Além dos R$ 216 mil, a PF apreendeu uma caixa com onze
relógios: um com o símbolo do Corinthians, outro da marca Tommy Hilfiger, um da
Swiss Army, um da Ferrari, um da Hublot, um relógio Universal dourado, um
Cartier prateado com dourado, um Jaeger-Lecoultre, dois Bulgari e um HStern. Os
agentes encontraram também um Apple Watch.
Foram levados pelos agentes da Lava Jato ainda documentos,
computador, Ipad, cartões de memória e pen drives.
Antes de ser pego pela Lava Jato do Paraná, o operador do
PSDB estava em recolhimento domiciliar integral e monitoramento por meio de
tornozeleira eletrônica desde setembro do ano passado. A decisão havia sido
tomada pelos ministros da Segunda Turma do Supremo após a prisão de Paulo
Vieira de Souza pela Lava Jato de São Paulo.
O ex-diretor da Dersa já havia sido preso duas vezes pela
Lava Jato em São Paulo no ano passado.
Ele é réu de duas ações penais da Lava Jato em São Paulo,
uma sobre supostos desvios de R$ 7,7 milhões que deveriam ser aplicados na
indenização de moradores impactados pelas obras do Rodoanel Sul e da ampliação
da avenida Jacu Pêssego e outra sobre cartel em obras viárias do Estado e do
Programa de Desenvolvimento do Sistema Viário Metropolitano.
No dia 13 de fevereiro, o ministro do Supremo Gilmar Mendes
atendeu a um pedido da defesa de Vieira de Souza e adiou o fim do processo
sobre os desvios de R$ 7,7 milhões - o que pode resultar em prescrição.
Na terça, 19, Vieira de Souza foi capturado mais uma vez,
agora por suspeita de lavagem de dinheiro.
A juíza Gabriela Hardt, da 13ª Vara Federal de Curitiba,
destacou que a ordem de prisão foi decretada com base em provas e indícios do
envolvimento de Vieira de Souza com os crimes de corrupção e lavagem de
dinheiro relacionados ao setor de propinas da Odebrecht e que, por isso,
"foge ao alcance' das decisões de Gilmar, que mandou soltar duas vezes o
investigado após prisões em processos abertos em São Paulo, relacionados a
desvios nas obras do Rodoanel, empreendimento de governos do PSDB em São Paulo.
"O presente caso, respeitosamente, foge ao alcance das
decisões do Eminente Ministro", escreveu a juíza, no despacho que
desencadeou a Operação Ad Infinitum.
O Ministério Público Federal afirma que o operador
disponibilizou, a partir do segundo semestre de 2010, R$ 100 milhões em espécie
ao operador financeiro Adir Assad, no Brasil. Assad entregou os valores ao
Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, aos cuidados do doleiro Álvaro
José Novis - que fazia pagamentos de propinas, a mando da empresa, para vários
agentes públicos e políticos, inclusive da Petrobrás.
Em contrapartida, relata a investigação, a Odebrecht
repassou valores, por meio de contas em nome de offshores ligadas ao Setor de
Operações Estruturadas da empreiteira, ao operador Rodrigo Tacla Duran.
"Esse, por sua vez, repassou o dinheiro, ainda no
exterior, mediante a retenção de comissões, diretamente a Paulo Vieira de
Souza, ou, por vezes, a doleiros chineses, que se encarregavam de remeter os
valores, também por meio de instituições bancárias estrangeiras, ao
representado (Paulo Vieira de Souza)", narrou a Lava Jato.
A Procuradoria da República afirmou ainda que o ex-diretor
da Dersa manteve R$ 131 milhões em quatro contas no banco Bordier & CIE, de
Genebra, em nome da offshore panamenha Groupe Nantes SA, da qual o operador é
beneficiário econômico e controlador. As contas foram abertas em 2007 e
mantidas até 2017.
Os procuradores afirmam que a Odebrecht repassou ao operador
do PSDB um total de EUR 275.776,04 em 26 de novembro de 2007, por intermédio de
conta mantida em nome da offshore Klienfeld Services LTD. No ano seguinte, em 25
de março de 2008, por meio da offshore Dessarollo Lanzarote, o Groupe Nantes
recebeu US$ 309.258,00. Em 19 de dezembro de 2008, por intermédio da offshore
Shearwater Overseas, ligada à Andrade Gutierrez, Vieira de Souza foi
beneficiário de US$ 643.774,00.
"Em 24 de dezembro de 2007, portanto logo após Paulo
Vieira de Souza ter recebido da Odebrecht EUR 275.776,04, cuja transferência
aconteceu em 26 de novembro de 2007, um dos responsáveis por sua conta mantida
em nome do Grupo Nantes na Suíça solicitou a representantes do Banco a entrega
de cartão de crédito no hotel Majestic Barcelona, na Espanha, para Aloysio
Nunes Ferreira Filho", diz a investigação.
Ligado a governos do PSDB no Estado, ele foi diretor da
Desenvolvimento Rodoviário S.A (Dersa), estatal paulista. Suas relações com
tucanos é muito antiga. Ele desfruta da fama de que detém informações
privilegiadas.
Defesa
Com a palavra, Paulo Vieira de Souza
Responsável pela defesa de Paulo Vieira de Souza, Santoro
Advogados considera importante esclarecer:
"1. É falsa a acusação segundo a qual o Ministério
Público da Suíça investiga ou investigou possíveis ligações entre Paulo Vieira
de Souza e a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Portanto,
carecem de fundamento probatório as referências de membros da Força Tarefa da
Lava Jato, feitas com o único intuito de confundir e criar uma narrativa de
condenação, a qual intoxica as redes sociais com o que se convencionou chamar
de 'fake news'.
2. O juízo da 5ª Vara Federal de São Paulo, assim como os
representantes do MPF, sabem que as acusações não foram feitas pelos
procuradores suíços, mas sim por Mércia Ferreira Gomes, ex-funcionária da DERSA
(Desenvolvimento Rodoviário de São Paulo S.A.) e ré no processo que investiga
desvios de recursos em Programa de Reassentamento do Rodoanel.
3. O relatório da Procuradoria da Suíça cita as declarações
prestadas por Mércia Ferreira Gomes, as quais jamais foram comprovadas pelo
Ministério Público Federal de São Paulo, o Ministério Público Federal de
Curitiba, a Polícia Federal ou o próprio Ministério Público da Suíça.
4. A falta de provas nesta acusação é evidente. Como também
é evidente a falta de provas sobre a existência de um suposto bunker onde Paulo
Vieira de Souza guardaria dinheiro, do qual ninguém conhece sequer o endereço.
5. Lamentavelmente vivemos uma distorção grave e perigosa
quando os ilustres Procuradores, que deveriam estar empenhados cumprir a lei,
agem como celebridades e colocam sua popularidade nas redes sociais acima da
Constituição e do Estado de Direito.
Brasília, 22 de fevereiro de 2019.
Santoro Advogados"
Com a palavra, Aloysio
O ex-ministro Aloysio Nunes Ferreira, presidente da Investe
São Paulo, disse que ainda "não teve acesso às informações" da
Operação Ad Infinitum, a fase 60 da Lava Jato. Segundo o tucano, o delegado da
Polícia Federal que conduziu as buscas em sua residência nesta terça, 19,
"foi muito cortês", mas não revelou a ele os motivos da diligência.
"O inquérito está em segredo, eu estou buscando saber o que há."
Aloysio negou ter recebido cartão de crédito da conta do
operador do PSDB Paulo Vieira de Souza, preso na Ad Infinitum.
Com a palavra, a Odebrecht
"A Odebrecht tem colaborado de forma eficaz com as
autoridades em busca do pleno esclarecimento dos fatos narrados pela empresa e
seus ex-executivos. A Odebrecht já usa as mais recomendadas normas de
conformidade em seus processos internos e segue comprometida com uma atuação
ética, íntegra e transparente."
Com a palavra, a Camargo Corrêa
"A Construtora Camargo Corrêa foi a primeira empresa de
seu setor a firmar um acordo de leniência e, desde então, vem colaborando
continuamente com as autoridades."
Com a palavra, a Andrade Gutierrez
"A Andrade Gutierrez informa que apoia toda iniciativa
de combate à corrupção, e que visa a esclarecer fatos ocorridos no passado. A
companhia assumiu esse compromisso público ao pedir desculpas em um manifesto
veiculado nos principais jornais do país e segue colaborando com as
investigações em curso dentro do acordo de leniência firmado com o Ministério
Público Federal. A empresa incorporou diferentes iniciativas nas suas operações
para garantir a lisura e a transparência de suas relações comerciais, seja com
clientes ou fornecedores, e afirma que tudo aquilo que não seguir rígidos
padrões éticos será imediatamente rechaçado pela companhia."
Com a palavra, PSDB
"O PSDB de São Paulo esclarece que não é parte no
processo em questão e não mantém qualquer tipo de vinculo com o sr. Paulo
Vieira, jamais recebeu qualquer contrapartida de empresas nem autorizou
terceiros a fazê-lo em seu nome. Os recursos recebidos pelo partido, em período
eleitoral ou não, foram doados de maneira absolutamente legal e declarados à
Justiça Eleitoral, respeitando a legislação vigente."
"A Executiva Nacional do PSDB não foi informada sobre
os detalhes do caso, mas reitera seu apoio e confiança na justiça brasileira,
em vista dos esclarecimentos prestados pelo ex-senador Aloysio Nunes". Com
informações do Estadão Conteúdo.
Por: Notícias ao Minuto.
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