Integrar a equipe de Mulheres que Mudaram a História de
Pernambuco é, sem dúvida, uma honra. Mas tudo na vida depende das escolhas que
fazemos e da possibilidade de saber aproveitar as oportunidades quando elas
surgem, assim é a enfermeira Michele Souza. Uma mulher de garra e determinação
e que possui um currículo extenso de dedicação ao trabalho e à carreira
acadêmica. Michele é membro da SOBECC (Sociedade Brasileira de Enfermagem de
Centro Cirúrgico, Recuperação Anestésica e Central de Material e
Esterilização); membro da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB).
Além disso, durante a profissão realizou também diversos cursos de atualização
e aperfeiçoamento. Atualmente trabalha numa empresa líder no desenvolvimento de
sistemas de informações para o Setor da Saúde.
E com apenas seis meses de trabalho nessa empresa, soube que a
Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) tinha aberto a possibilidade
das enfermeiras serem doutoras de coordenação da UTI, cujo título é reconhecido
pelo Ministério da Saúde. Com dedicação, Michele foi pioneira, a primeira
pernambucana que recebeu este título, em 2013. Em 2018 realizou um curso em
Harvard, melhorando a saúde global, focando em qualidade e segurança. Enfim,
sua trajetória de vida, no geral, é de resultados.
ENTREVISTA COM MICHELE ARRUDA DE SOUZA
BLOG MALUMA MARQUES - Fale um pouco sobre sua história de
vida.
MICHELE - Nasci em Jaboatão dos Guararapes-PE. Sou filha da
Maria José Arruda Silva e Edier de Souza e Silva e irmã de Edier Arruda de
Souza. Minha infância não foi fácil. Meu pai morreu aos 34 anos e por conta
disso minha mãe teve que trabalhar muito para nos criar. Na época, o meu irmão
tinha três anos e eu cinco anos. Por isso, durante esse tempo, passamos a maior
parte do tempo com meus avós maternos, Iraci Arruda e José Assunção Arruda.
BMM - Por que decidiu seguir a carreira de enfermagem?
MICHELE - Na verdade, de início pensei em seguir a mesma
carreira de minha mãe, no exercício do Magistério, mas decidi fazer um curso
técnico de Enfermagem no Colégio Americano Batista, em Recife, inspirada pelo
trabalho da minha avó paterna, Elza Batista, que foi parteira em
Surubim-PE. Então me apaixonei pela
profissão e resolvi fazer graduação em Enfermagem na Universidade Salgado de
Oliveira (Universo) na unidade institucional da capital pernambucana. Inclusive, fiz parte da primeira turma de
formandos da faculdade Universo e conclui o curso em 2007. Também possuo
formação na área de instrumentação cirúrgica, na área de Reiki, em todos os
níveis, sou Massoterapeuta e tenho uma visão holística, tudo voltado para a
qualidade e bem-estar do paciente. Possuo três pós-graduações, uma em UTI (pela
IBPEX Recife), a segunda em MBA em Auditoria e Gestão em Saúde (também pela
IBPEX Recife) e MBA em Gestão de Projetos pela Universidade Estácio de Sá.
BMM - Você disse que se encontrou na profissão de
enfermeira. Além dos cursos de aperfeiçoamento, precisou de algo mais?
MICHELE - Sim, tive o privilégio de conhecer e trabalhar com
grandes profissionais da área médica. Antes mesmo de concluir a graduação
consegui um emprego na área de Enfermagem no Instituto de Medicina Integral
Professor Fernando Figueira (IMIP), e passei 12 anos na instituição, no bloco
cirúrgico, trabalhando com algumas equipes médicas, como: Dra. Deyse Figueiredo
- Oftalmologista, Dr. José Luís Figueiredo – Pediátrico, e os últimos 08 anos
no IMIP com Dr. Paulo Borges, Pediátrico e
Transplante Renal, prestando assistência a pacientes muitos graves.
Ainda na graduação, apresentei um trabalho ‘Profilaxia: Necessidade ou
Obrigação,’ um tema voltado para a saúde pública com impacto no custo benefício
em tratar um paciente grave, após uma negligência da Atenção Primaria em Saúde
Básica, que custava apenas 0,99 centavos, num tratamento de três ciclos
clínicos, comparando à sua Hospitalização Atenção Terciária em Unidade de
Terapia Intensiva (UTI)-Pediátrica por mais de 29 dias, trazendo sequelas
graves, físicas, neurológicas e de alto custo ao paciente. Este trabalho, junto
ao Dr. Paulo Borges, que contribuiu e acreditou na minha análise cientifica,
diante de um dos casos diários na emergência/hospitalar da Instituição, deu
resultados.
BMM - Então além do seu esforço, pode contar com o apoio de
grandes profissionais da área médica.
MICHELE - Sem dúvida, a exemplo de Dr. Paulo Borges, que
sempre me incentivou, com relação ao trabalho de Profilaxia, é tanto que o
resultado do trabalho foi a premiação em primeiro lugar pela Faculdade Maurício
de Nassau (UNINASSAU), de Recife, e este prêmio me deu a possibilidade de
compartilhar com a Secretaria de Saúde de Pernambuco os resultados, assim
realizando atividades profiláticas no Estado.
BMM - Conquistando reconhecimento ainda na graduação, isso
serviu de estímulo na sua carreira?
MICHELE - Sim, com certeza, pois logo depois de concluir a
graduação, fui trabalhar no Hospital Santa Joana e lá desenvolvi um novo
projeto cujo título foi ‘O toque Sonoro da Enfermagem: Percepção dos Pacientes
Quanto ao Efeito da Música na Sala de Recuperação Pós-anestésica,’ e com este
projeto conquistei o primeiro lugar neste trabalho, que foi apresentado num
congresso brasileiro promovido pelo Conselho Regional de Enfermagem (COREN-PE)
e o mesmo virou capítulo do livro ‘As Multifaces do Empreendedorismo na
Enfermagem Brasileira,’ lançado em 2011, pelo COREN de PE. Ainda em Pernambuco,
este projeto foi ampliado com outro trabalho: Redução de custo e medicamento
com base na prevenção da dor em uma Unidade de Terapia Intensiva, no Hospital
Memorial Guararapes, com o apoio de Dr. Ajon Tenório, médico e coordenador da
UTI.
BMM - Você enfatiza que, enquanto profissional da saúde, é
importante ter uma visão holística. Poderia explicar?
MICHELE - A Organização Mundial da Saúde (OMS), órgão das
Nações Unidas, publicou, em junho de 2007, em Genebra, Suíça, as Orientações
Normativas sobre o Tratamento da Dor. Entre as modalidades de tratamentos sem o
uso de drogas recomendadas estão: Fisioterapia, Fitoterapia, Acupuntura, Reiki,
Jugizu e Musicoterapia. Então é por esse caminho que sigo. Inclusive, com os
avanços em querer compartilhar uma visão holística com os profissionais de
Enfermagem, aplicando técnicas de alto impacto na recuperação de pacientes
graves, como o REIKE, o Conselho Regional de Enfermagem de Pernambuco,
representado por Celia Arribas, me convidou para capacitar 20 profissionais
enfermeiros de UTI durante 40 horas, na sede do COREN-PE para compreender e
aplicar a técnica do Reiki em pacientes graves como complemento da “Arte de
saber cuidar”.
BMM - Onde você trabalha atualmente?
MICHELE - Há seis anos, trabalho na MV, empresa sediada em
Recife/PE, que é líder no desenvolvimento de sistemas de informações para o
Setor da Saúde. A plataforma mais completa da América Latina para automação de
processos e integração das áreas. Nesta empresa, presto consultoria
internacional em Gestão Hospitalar e realizo também a atividade de Consultora
Experta na Área de Assistência/ Prontuário Eletrônico. Moro no exterior e já
trabalhei um ano e cinco meses no Caribe, no Centro de Diagnóstico Medicina
Avanzada y Telemedicina (CEDIMAT). Depois no Chile, no Hospital dos Carabineros
(HOSCAR), onde permaneci por um ano e dois meses, e em outras temporadas no
Uruguai - Montevideo, no Círculo Católico de Obreros del Uruguay; no Panamá:
Centro Médico Paitilla (CMP), Hospital Nacional (HN), The Panamá Clinic (TPC),
e hoje trabalho na Clinica Good Hope – Hospital Adventista no Peru - Lima.
BMM - O que tem a dizer sobre tantas conquistas ao longo da
carreira profissional?
MICHELE - As pessoas brincam comigo e perguntam por que eu
não quis ser médica, mas eu sempre quis ser uma excelente enfermeira e tudo eu
quis fazer envolvendo a qualidade da assistência ao paciente. E quero fazer
aqui um agradecimento especial ao diretor coorporativo da Unidade Internacional
da MV, Marcos Sobral, que a cada dia vem confiando na minha busca em aproveitar
as oportunidades de ampliar meus conhecimentos profissionais, colocando em
prática com determinação nos projetos propostos e ultrapassando fronteiras em
exercer a ARTE DE SABER CUIDAR, com a visão de gestão globalizada. Comemorar 20
anos de profissão hospitalar com profissionais renomados é o meu maior
presente.
BMM - Por falar em comemoração, como você se sente sendo
homenageada, ao receber o título de mulheres que mudaram a história de
Pernambuco?
MICHELE - No meu discurso eu agradeci, pois, gratidão é a
palavra que representa a satisfação do reconhecimento. E no momento da
homenagem citei Mahatma Gandhi, que com seus ensinamentos nos esclarece o
seguinte: “Você nunca sabe que resultados virão de sua ação. Mas se você não
fizer nada, não existirão resultados.” Ainda, em meu discurso, agradeci a minha
família, aos meus amigos, a jornalista Maluma Marques e a Silene Floro e sua
equipe pela oportunidade de ser homenageada.
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Edier Junior (irmão), Maria José Arruda - Moça (Mãe) e Michelle Arruda de Souza. |
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Foto: Evellyn Pontes. |
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Foto: Evellyn Pontes. |
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Foto: Evellyn Pontes. |
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Foto: Evellyn Pontes. |
Michele uma mulher maravilhosa, em todos os sentidos, excelente profissional, excelente pessoa, merecido toda esta homenagem . Parabéns.
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