Bolsonaro se reuniu hoje com presidente Xi Jiping em Brasília
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Valter Campanato/Agência Brasil
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Brasil e China assinaram hoje (13) acordos e memorandos de
entendimento nas áreas de política, economia, comércio, agricultura, inspeção
sanitária, transporte, saúde e cultura. O presidente chinês, Xi Jinping, está
em Brasília, para participar da 11ª Reunião de Cúpula do Brics e se reuniu na
manhã desta quarta-feira com presidente Jair Bolsonaro, no Palácio do
Itamaraty.
Em declaração à imprensa, Bolsonaro disse que o governo e o
empresariado brasileiro querem ampliar e diversificar o comércio com a China.
Para o presidente, os atos assinados dão impulso a essas relações. “Essa
relação bilateral em várias áreas, inclusive com aceno do governo chinês em
agregar valor naquilo que nós produzimos, tudo isso é muito bem-vindo”, disse.
O presidente Xi Jinping avaliou como positivos os esforços
do governo brasileiro para o desenvolvimento socioeconômico do Brasil e disse
que a China quer fortalecer a amizade e cooperação, bem como aumentar e
melhorar o comércio e os investimentos no país. Segundo ele, os dois países
concordaram em intensificar os contatos de alto nível e fazer bom uso da
Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban) e
de outros mecanismos bilaterais.
Além disso, a expectativa da China é continuar o alinhamento
entre as políticas de desenvolvimento e investimento dos dois países: o
Programa de Parceria de Investimento (PPI) do Brasil e a Iniciativa do Cinturão
e da Rota da China.
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O presidente da República Popular da China, Xi Jinping,
durante declaração à imprensa no Palácio do Itamaraty,
em Brasília - Valter
Campanato/Agência Brasil
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Para Xi Jinping, Brasil e China são os maiores mercados
emergentes do mundo, em um contexto de mudanças do comércio global, e devem se
esforçar juntos para que a cúpula do Brics obtenha resultados e emita um sinal
positivo de que seus membros - Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul –
consolidam essa parceria estratégica e apoiam o multilateralismo, a equidade e
a justiça internacional.
O encontro entre os dois chefes de Estado ocorre menos de um
mês depois de o presidente Jair Bolsonaro visitar a China. Na ocasião, também
foram assinados atos em política, ciência e tecnologia e educação, economia e
comércio, energia e agricultura.
A China é o maior parceiro comercial do Brasil. Em 2018, o
fluxo de comércio entre os dois países alcançou a marca de US$ 98,9 bilhões. O
país asiático também é um dos principais investidores em áreas cruciais, como
infraestrutura e energia.
Acordos
Entre os atos assinados hoje estão protocolos sanitários
para exportação de pera da China ao Brasil e de melão do Brasil para a China.
Também foi firmado um plano de ação na área de agricultura, de 2019 a 2023, nas
áreas de políticas agrícolas; inovação científica e tecnológica; investimento
agrícola; comércio agrícola; entre outras.
No setor de transporte, foi assinado memorando de
entendimento para o compartilhamento de boas práticas, políticas públicas e
estratégias para o seu desenvolvimento. Prioritário para o Brasil, o governo
entende que pode se beneficiar da experiência dos chineses, considerando que a
China é uma das líderes mundiais no setor.
Saúde
O Ministério da Saúde e a Administração Nacional de Medicina
Tradicional Chinesa também pretendem estabelecer cooperação ampla no campo de
saúde, com foco em medicina tradicional, complementar e integrada. As Práticas
Integrativas e Complementares (PICS) são tratamentos que utilizam recursos
terapêuticos baseados em conhecimentos tradicionais, voltados para prevenir
diversas doenças como depressão e hipertensão. Em alguns casos, também podem
ser usadas como tratamentos paliativos em algumas doenças crônicas.
Ambiente favorável
Brasil e China querem ainda criar um ambiente favorável para
o comércio e investimento no setor de serviços e encorajar o investimento do
setor privado. Outro ato assinado hoje estabelece uma plataforma de intercâmbio
de informações e cooperação para fomentar investimentos. A China é uma das
principais origens de Investimentos Estrangeiros Diretos (IEDs) no Brasil, que
se concentraram nas áreas de energia (geração e transmissão elétrica, além de
óleo e gás) e infraestrutura (portuária e ferroviária).
Também foi assinado um tratado que permitirá a transferência
de pessoas condenadas para o território do outro país. Nesse caso, cumpridos
certos requisitos, brasileiros condenados na China poderão cumprir a pena no
Brasil e vice-versa.
Na área cultural, o Ministério da Cidadania e o China Media
Group (CMG) querem promover o intercâmbio de filmes e programas televisivos,
bem como festivais de cinema brasileiro na China e festivais de cinema chinês
no Brasil, para divulgação recíproca de filmes. De acordo com o governo
brasileiro, pretende-se, ainda, iniciar conversas sobre a possibilidade de se estabelecer
um canal de televisão por assinatura dedicado exclusivamente a programas e
filmes sino-brasileiros.
Brics
A bilateral entre Bolsonaro e Jinping acontece no âmbito da
11ª reunião de cúpula do Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China
e África do Sul. A programação do evento começa nesta tarde com o encerramento
do Fórum Empresarial do Brics. Antes, Bolsonaro também se encontra, no Palácio
do Planalto, com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi.
À noite, de volta a Itamaraty, o governo brasileiro
oferecerá um jantar em homenagem aos líderes do bloco e amanhã, também na sede
do Ministério das Relações Exteriores, serão feitos as sessões plenárias e o
almoço de encerramento da cúpula.
Presidida pelo Brasil, a reunião do Brics tem como lema
“Crescimento Econômico para um Futuro Inovador”. Segundo o Itamaraty, serão
discutidos, prioritariamente, temas relacionados à ciência, tecnologia e
inovação, economia digital, saúde e combate à corrupção e ao terrorismo.
Esta é a segunda vez que Brasília sedia a conferência – a
primeira vez foi em 2010. Em 2014, o Brasil também organizou a cúpula, que
aconteceu em Fortaleza, no Ceará. Juntos, Brasil, Rússia, Índia, China e África
do Sul (cujas iniciais, em inglês, deram nome ao grupo) reúnem uma população de
cerca de 3,1 bilhões de pessoas, o que equivale a aproximadamente 41% da
população mundial, e responde por 18% do comércio mundial.
Por: Agência Brasil.
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