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Reuters/Alessandro Bianchi/Direitos Reservados
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Bento XVI não teria aprovado a publicação do livro escrito
em conjunto com o cardeal Robert Sarah, no qual o celibato dos sacerdotes é
defendido, disseram fontes próximas ao papa emérito a veículos de comunicação.
Uma guerra interna travou-se no Vaticano na noite passada,
quando alguns meios de comunicação, incluindo o Corriere della Sera, publicaram
uma versão de alguém que não se quis identificar, mas se disse próximo do papa
emérito, afirmando que Bento XVI não teria escrito o livro "a quatro
mãos" e que se trata de uma operação editorial midiática a que ele é
totalmente alheio.
A mesma fonte explicou que o papa emérito "apenas
disponibilizou a Sarah um texto sobre o sacerdócio que estava escrevendor"
e que "não sabia nada sobre a capa de um livro, nem o aprovara".
Essas declarações provocaram uma reação dura do cardeal
prefeito da Congregação para o Culto Divino, que afirmou no Twitter que
acusá-lo de mentir era "difamação de extrema gravidade".
"Hoje à noite, eu comprovei a minha estreita
colaboração com Bento XVI para escrever este texto a favor do celibato. Falarei
amanhã, se necessário", acrescentou Sarah, que publicou as fotos de três
cartas que Bento XVI lhe enviou.
As cartas confirmam que o papa emérito enviou um texto sobre
o sacerdócio e o autorizou a publicar "da maneira que pretendia", mas
não especificam em nenhum momento se é um livro, com uma introdução e uma
conclusão assinada por ambos.
A polêmica no Vaticano surgiu no domingo (12), quando foi anunciado
um novo livro assinado por Bento XVI e Sarah - um dos principais líderes da ala
conservadora que critica as posições do papa Francisco -, no qual o celibato é
defendido, diante da decisão que terá de ser tomada pelo papa argentino sobre a
proposta de ordenar homens casados, feita no Sínodo da Amazónia.
Trechos do livro foram publicados domingo no site do jornal
francês Le Fígaro.
A obra, em francês, tem como título "Das profundezas
dos nossos corações" (Des profondeurs de nos coeurs) e chegará às
livrarias esta semana, enquanto o papa encerra a sua exortação apostólica após
o Sínodo da Amazónia. Para muitos, esse é um movimento para pressionar
Francisco.
Assim, surgiram novamente acusações de que Ratzinger, 92
anos, que há anos se limita a breves aparições gravadas ou fotografadas por um
jornalista ou amigo que o visitou, nas quais quase nunca faz declarações e se
percebe que fala com grande dificuldade, pode estar a ser manipulado pela área
mais conservadora da Igreja.
Os veículos oficiais do Vaticano limitaram-se a garantir que
no livro "os autores expõem as suas intervenções no debate sobre o
celibato e a possibilidade de ordenar homens casados" e que Ratzinger e
Sarah se definem como dois bispos que mantêm "obediência ao papa Francisco",
de acordo com um artigo do diretor editorial Andrea Tornielli.
O responsável pela assessoria de imprensa, Matteo Bruni,
disse que o papa Francisco sempre se opôs à eliminação do celibato, mas não se
pronunciou sobre se Ratzinger concordou ou não com a publicação desse volume.
Por: Agência Brasil.
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