A substância também demonstrou ter efeito positivo em adiar a progressão da dor e a necessidade de se iniciar quimioterapia citotóxica
![]() |
Novembro azul é uma campanha dedicada à prevenção do câncer
de próstata - Foto: Reprodução/Internet
|
Novos dados de um estudo publicado no The New England
Journal of Medicine e divulgados no último dia 29 de maio apontam que o uso de
darolutamida, um medicamento para o tratamento do câncer de próstata, reduziu
em 31% o risco de morrer entre pacientes com esse tipo de tumor sem metástase e
resistentes à castração (quando a doença continua progredindo apesar do
tratamento hormonal).
De acordo com os resultados da pesquisa, que foi realizada
com 1.059 homens, o grupo experimental (que recebeu o remédio) apresentou
sobrevida média de 40,4 meses, enquanto grupo controle (que recebeu o placebo)
teve sobrevida média de 18,4 meses.
Os dados foram apresentados após o fim da fase 3 da pesquisa
Aramis, como é chamada. Resultados anteriores já indicavam os benefícios da
administração do fármaco, mas foram necessários novos testes para
"amadurecer" as informações, segundo o estudo.
Além disso, a darolutamida também demonstrou ter efeito
positivo em adiar a progressão da dor e a necessidade de se iniciar
quimioterapia citotóxica (com remédios tóxicos à célula) e em reduzir lesões
esqueléticas.
Também não ocorreram no grupo experimental alterações
significativas que indicassem efeitos colaterais da administração do remédio, o
que, segundo os pesquisadores, reitera a segurança do fármaco.
A darolutamida foi aprovada para uso no Brasil em dezembro
de 2019 sob o nome de Nubeqa. O remédio faz parte da categoria dos
antiandrogênicos, mais conhecidos como bloqueadores de testosterona. Esses
medicamentos são utilizados na hormonioterapia contra o câncer de próstata.
Isso porque os antiandrogênicos bloqueiam os receptores de testosterona e da
DHT (diidrotestosterona), uma vez que esses hormônios, produzidos pelos
testículos, estimulam o crescimento do tumor.
Em 2017, mais de 15 mil homens morreram por causa do câncer
de próstata no Brasil, de acordo com o Inca (Instituto Nacional do Câncer). A
estimativa do instituto para 2020 é de que haja 65.840 novos casos da doença.
Para o urologista Flávio Trigo, do Hospital Sírio-Libanês, a
darolutamida pode beneficiar um grupo de homens que se encontram "no
limbo". São pacientes cujo tratamento hormonal de castração química não
impediu o avanço da doença, mas que também não estão em fase metastática.
"Esse remédio compete com os outros já temos no
mercado, mas quem se beneficia é o paciente que já fez radioterapia, cirurgias
e mesmo assim tem resultados do exame de PSA (exame que pode indicar o tumor)
que continuam a subir, sem haver metástase", afirma. O PSA (antígeno
prostático específico) é uma proteína produzida pela próstata e que acompanha o
crescimento natural da próstata e, também, do tumor em casos da doença. Dessa
forma, é possível detectar alterações nas medições normais e acompanhar a
evolução da doença.
Com o aumento natural da próstata, aumenta também a chance
de desenvolver câncer nessa região. Por essa razão, cerca de 75% dos casos no
mundo são detectados em pessoas com idade superior a 65 anos, de acordo com o
Inca.
De acordo com Trigo, esses pacientes que já se trataram e
tiveram alguma melhora estão "escapando" do tratamento, ou seja, o
tumor está localizado e pode ser tratado ou removido por cirurgia, porém,
devido à melhora, não há procura da parte do paciente por um oncologista.
"Eles precisam ser melhor identificados e tratados. Esses homens poderiam
ser muito beneficiados mesmo pela radioterapia e pela cirurgia. Cerca de 80%
seriam curados", disse.
Homens negros têm 33% mais chance de morrer O estudo também
se debruçou sobre a raça e gênero dos homens diagnosticados com câncer de
próstata. Os resultados indicam que homens negros têm 33% mais chance de morrer
após diagnóstico do que homens brancos.
Situação ainda mais preocupante se revela quando comparadas
as chances de índios americanos e nativos do Alasca, cuja chance de morrer é
51% maior do que a de homens brancos.
A principal razão para isso é a desigualdade social. Com
menor renda e acesso à saúde, homens não brancos têm menos facilidade em
prevenir, detectar e tratar o tumor.
Por: Folha de PE.
Nenhum comentário:
Postar um comentário