Apesar da forte alta do dólar na sessão, Banco Central não interveio no mercado
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O dólar teve o quarto pregão
seguido de alta nesta quarta-feira (23), com valorização de 2,24%, a R$ 5,5920,
maior valor desde 26 de agosto, quando estava a R$ 5,62. O turismo está a R$ 5,88.
Segundo analistas, o movimento reflete uma combinação da
força internacional da moeda, impulsionada pela desaceleração na atividade
econômica nos Estados Unidos e aumento de novos casos de Covid-19 na Europa,
com a preocupação com o cenário fiscal brasileiro, que eleva o risco no país e
enfraquece o real.
"Temos um déficit fiscal grande, dificuldade de
celeridade nas reformas e a prévia da inflação que veio maior que o esperado
pelos economistas", diz Cristiane Fensterseifer, analista da Spiti.
O real teve o pior desempenho entre emergentes na sessão, a
despeito de dados melhores das contas externas. O Brasil registrou superávit em
transações correntes pelo quinto mês seguido em agosto, levando o déficit em 12
meses ao menor patamar desde junho de 2018.
Números melhores nas contas externas em tese significam
fundamentos mais robustos e menor pressão do lado de oferta de moeda, mas o
câmbio contratado segue exibindo fortes saídas de recursos, especialmente na
conta financeira, por onde passam fluxos para portfólio, empréstimos, remessas,
entre outros.
Apenas na semana passada, o país perdeu na conta financeira
US$ 2,880 bilhões, elevando o déficit em setembro para US$ 3,066 bilhões. No
ano, o rombo soma US$ 50,714 bilhões.
Além disso, na terça (22), o Ministério da Economia divulgou
estimativa de que as contas federais vão encerrar 2020 com um rombo de R$ 861
bilhões, o pior resultado da série histórica.
Apesar da forte alta do dólar na sessão, Banco Central não
interveio no mercado. A última vez que o BC atuou de maneira mais incisiva no
câmbio foi na segunda quinzena de agosto, quando o dólar oscilava perto dos
atuais patamares.
"O que tenho dificuldade de entender é a torcida do
Banco Central para o câmbio se estabilizar ao invés de subir uma barreira em
algum preço, uma vez que ele já está contaminando a inflação e isso pode tirar
o carro dos trilhos", afirmou Luiz Fernando Alves, sócio do Fundo Versa.
O pregão foi marcado por ampla aversão a risco no mundo com
o salto em casos de Covid-19 na Europa e queda das ações de tecnologia nos
Estados Unidos. A Bolsa americana Nasdaq caiu 3%, Dow Jones, 1,9% e S&P
500, 2,4%.
A empresa de dados IHS Markit disse nesta quarta que seu
índice PMI Composto preliminar, que acompanha os setores de manufatura e
serviços dos EUA, caiu para 54,4 em setembro, ante leitura de 54,6 em agosto -
um resultado acima de 50 indica crescimento e, abaixo, contração.
Segundo o levantamento, os ganhos nas fábricas foram
compensados por um recuo nas indústrias de serviços, sugerindo perda de ímpeto
para a economia à medida que o terceiro trimestre chega ao fim e a pandemia de
Covid-19 permanece.
Enquanto a atividade desacelera, no Congresso americano
continua o impasse por mais estímulos. Segundo o Goldman Sachs, na ausência
delas, um novo ânimo na economia dos EUA dependerá de uma vacina contra o
Covid-19.
Por: Notícias ao Minuto.
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