Segundo a Fiocruz, foram encontrados, em 11 sequenciamentos genéticos, alterações importantes na proteína spike (S)
![]() |
© Shutterstock |
Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e
instituições parceiras detectaram novas variações genéticas em amostras do
SARS-CoV-2 coletadas no Brasil. Segundo a Fiocruz, foram encontrados, em 11
sequenciamentos genéticos, alterações importantes na proteína spike (S), que é
um dos principais alvos dos anticorpos produzidos pelo corpo humano para
combater o vírus.
Os cientistas fazem parte da Rede Genômica Fiocruz, que
reúne diversos grupos de pesquisa do país na vigilância genômica do vírus.
Entre outros motivos, esse trabalho é importante para acompanhar as mutações do
coronavírus, orientando as políticas públicas no combate à crise sanitária.
As 11 alterações encontradas ainda não são recorrentes o
suficiente para caracterizar uma nova linhagem, de acordo com a Fiocruz. Apesar
disso, as amostras que apresentaram essas mudanças foram coletadas em sete
estados brasileiros: Amazonas, Bahia, Maranhão, Paraná, Rondônia, Minas Gerais
e Alagoas.
O coronavírus começou a circular no Brasil em 2020 com as
linhagens B.1.1.28 e B.1.1.33, e, a partir delas, já foram caracterizadas
mutações que deram origem às linhagens P.1, P.2 e, mais recentemente, N.9. Apesar
de diferentes geneticamente, as três variantes têm em comum a mutação conhecida
como E484K, que já foi associada à evasão do sistema imune em pesquisas
envolvendo outras variantes, como a britânica e a sul-africana.
As alterações encontradas nas 11 amostras citadas incluem
indivíduos das linhagens P.1, P.2, B.1.1.28 e B.1.1.33. As mudanças detectadas
agora se deram tanto por perda de material genético como por inserção de
aminoácidos na estrutura NTD que forma parte da proteína S, a estrutura que o vírus
usa para invadir as células do corpo humano. Possivelmente, tais mudanças
também podem ajudar o vírus a escapar do sistema imunológico, o que ainda
precisa ser comprovado por pesquisas complementares.
Em entrevista à Agência Fiocruz, a chefe do Laboratório de
Vírus Respiratórios e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), a
pesquisadora Marilda Siqueira, considera que a descoberta é precoce e reforça a
importância das ações de vigilância genômica.
A virologista Paola Cristina Resende, que também integra o
laboratório, concorda com o reforço da vigilância e avalia que o impacto da
descoberta ainda precisa ser dimensionado: "Vale ressaltar que as novas
mutações foram, até o momento, detectadas em baixa frequência, apesar de
encontradas em diferentes estados. Ainda precisamos dimensionar o impacto deste
achado e, sem dúvidas, ampliar cada vez mais o monitoramento genômico.".
Os cientistas observam que as alterações encontradas podem
estar associadas a uma evolução convergente do vírus, já que as 11 amostras são
de diferentes linhagens, e as mutações se assemelham a descobertas feitas em
outros países, como o Reino Unido e a África do Sul. Nesse último país,
inclusive, a mutação da variante encontrada seguiu o mesmo percurso das
variantes brasileiras, apresentando primeiro a mutação E484K, entre outras
mudanças, como nas variantes P.1, P.2, e, depois, a perda de material genético
no domínio NTD encontrada em parte das amostras observadas no estudo.
O trabalho foi liderado pelos Laboratórios de Vírus
Respiratório e do Sarampo e de Aids e Imunologia Molecular do IOC/Fiocruz, pelo
Instituto Gonçalo Moniz (Fiocruz-Bahia), pelo Instituto Leônidas e Maria Deane
(Fiocruz-Amazônia), pelo Instituto Aggeu Magalhaes (Fiocruz-Pernambuco) e pela
Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Também participaram a Fundação
de Vigilância em Saúde do Amazonas e Laboratórios Centrais de Saúde Pública do
Amazonas, Maranhão, Alagoas, Minas Gerais, Paraná e Bahia.
A Fiocruz deu ainda mais detalhes sobre a caracterização da
linhagem N.9, cuja origem estimada se deu em agosto de 2020. O local mais
provável em que a mutação teria ocorrido é São Paulo, mas os pesquisadores não
descartam a possibilidade de a linhagem ter nascido na Bahia ou Maranhão.
A Rede Genômica encontrou essa variante do SARS-CoV-2 em 35
amostras coletadas em dez estados diferentes: São Paulo, Santa Catarina,
Amazonas, Pará, Bahia, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Sergipe.
Por: Notícias ao Minuto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário