Comissão pediu aos países da União Europeia que passem a encorajar a vacinação e pensar em obrigatoriedade
OCDE alerta para a variante como um risco à retomada da
economia global PHILIPP GUELLAND/EFE/EPA - 27.11.2021 |
A extensão da variante Ômicron, que já chegou à América
Latina, levou a novas suspensões de voos com países do sul da África, como foi
o caso do Japão, e empurra a União Europeia para a reflexão sobre a vacinação
obrigatória.
O surgimento da nova variante, aparentemente mais contagiosa
e com múltiplas mutações, gerou uma reação de pânico de vários governos.
A Comissão Europeia pediu nesta quarta-feira (1) que os
países da União Europeia reflitam sobre a obrigatoriedade da vacinação contra o
coronavírus.
"Acho que é compreensível e apropriado conduzir este
debate agora, como podemos encorajar e potencialmente pensar na vacinação
obrigatória dentro da União Europeia", disse a presidente da Comissão,
Ursula von der Limen.
A OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico) também alertou no mesmo dia que a Ômicron pode ser uma ameaça à
recuperação econômica global e reduziu suas projeções para o crescimento
mundial em 2021.
A economia mundial pode crescer 5,6% neste ano, antecipou a
OCDE em suas projeções, uma queda de 0,1 ponto em relação às anteriores, feitas
em setembro.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) afirmou que "as
proibições gerais às viagens não impedirão a propagação internacional" da
Ômicron.
A detecção de um segundo caso no Japão levou o governo a
pedir às companhias aéreas que parem de aceitar novas reservas para voos de
entrada a partir de 1º de dezembro.
De acordo com o governo, o paciente é um homem na faixa de
20 anos que chegou em 27 de novembro à capital, Tóquio, procedente do Peru,
país que não detectou oficialmente nenhum caso da nova variante.
Casos no Brasil
Por enquanto, o único país latino-americano onde a variante
foi detectada foi o Brasil, que anunciou na terça-feira dois casos em
passageiros da África do Sul, e um terceiro nesta quarta-feira, em um
passageiro de 29 anos vindo da Etiópia.
Os três casos foram detectados no aeroporto de Guarulhos, em
São Paulo, informou a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo.
Outros países da América Latina estão em alerta. O Equador,
por exemplo, adiou a reabertura da fronteira terrestre com a Colômbia, prevista
para esta quarta-feira, até 15 de dezembro.
E o Ministério da Saúde argentino anunciou que, para a
prevenção da variante Ômicron, foi feito o isolamento no mar de um navio
proveniente de Cabo Verde após a detecção de um contágio.
Negociações na OMS
Desde que a África do Sul anunciou a detecção da variante na
semana passada, muitos países fecharam as fronteiras para pessoas procedentes
do sul da África, o que provocou indignação na região.
Essas medidas "podem ter um impacto negativo sobre os
esforços globais de saúde durante uma pandemia, desencorajando os países a
relatar e compartilhar dados epidemiológicos e de sequenciamento",
advertiu a OMS.
A falta de eficácia das restrições ficou demonstrada quando
a Holanda reportou que a variante Ômicron estava presente em seu território
antes que a África do Sul informasse o primeiro caso, em 25 de novembro.
E a propagação continua. Nesta quarta-feira, a Nigéria, país
mais populoso da África, e a Arábia Saudita anunciaram os primeiros casos da
nova cepa.
A preocupação aumentou ainda mais depois que o CEO do
laboratório americano Moderna, Stephan Bancel, afirmou que pode acontecer uma
"redução importante" da eficácia das atuais vacinas contra a Ômicron.
Uma possível solução seria o comprimido anti-Covid do
laboratório americano MSD, que recebeu a recomendação do painel de especialista
designado por Washington para pacientes adultos de alto risco após uma votação
apertada.
A OMS considera "elevada a probabilidade de propagação
da Ômicron a nível mundial", mas persistem as dúvidas sobre o nível de
contágio, sua resistência às vacinas ou gravidade.
Um elemento tranquilizador é que, até o momento, nenhuma
morte foi associada à nova variante.
A pandemia de Covid-19 provocou mais de 5,2 milhões de
mortes desde a detecção do coronavírus no fim de 2019 na China, segundo um
balanço da AFP.
Com a pandemia ainda longe do controle, os 194 Estados
integrantes da OMS iniciaram nesta quarta-feira negociações para alcançar um
acordo que melhore a prevenção e o combate a futuras pandemias.
A decisão, aprovada por unanimidade, "representa um
compromisso comum para reforçar a prevenção, a preparação e a resposta às
pandemias, levando em consideração as lições que aprendemos", declarou a
embaixadora australiana na ONU, Sally Mansfield, ao apresentar o texto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário