quinta-feira, 5 de maio de 2022

200 ANOS DE QUE MESMO?

José Nivaldo Junior.



No ano passado, decorreram 200 anos do chamado Grito de Goiana, quando um grupo de senhores de Engenho se rebelou contra o governo absolutista de D. João VI. Na Convenção de Beberibe, os rebeldes expulsaram o governador arbitrário Luiz do Rêgo, representante da monarquia. Um pioneirismo pernambucano que deveria ser comemorado, divulgado, explicado, compreendido. Ganha uma miniatura do Boi de Nanico quem mostrar o fato no calendário de comemorações desse triste Governo de Pernambuco. Não fez absolutamente nada.  Tamanha insensibilidade é um assombro. Mas agora, talvez, quem sabe, não se mexam para comemorar os 200 anos da “ Independência” do Brasil?

INDEPENDÊNCIA?

As aspas são reais. O Grito do Ipiranga não representou a Independência do Brasil.  Não se trata de interpretação. Muito menos de opinião. O grito do Ipiranga, dado por D. Pedro, que virou o marco histórico da independência. Sem ser. A Independência não foi um ato, foi um demorado processo.

DEMARCANDO DATAS

Apenas para facilitar a compreensão, podemos tomar como ponto de partida a chegada da Corte Portuguesa ao Brasil, em 1808. O governo do Império colonial português se instalou no Rio de Janeiro. A partir daí, as ordens que governavam Portugal eram dadas a partir do Brasil. 

D. João era Príncipe Regente, porque sua mãe, D. Maria I não era boa do juízo. 

Em 1818, dois anos após a morte da rainha, o regente foi finalmente aclamado como D. João VI. Rei do Reino Unido do Brasil, Portugal e Algarves. Pois é. Anotem aí.  Desde 1815, o Congresso de Viena, que redefiniu o mapa do mundo ocidental depois de um terremoto chamado Napoleão, reconheceu o Brasil como... Reino Unido. 

Não é preciso ser especialista. Qualquer leigo é capaz de entender que um Reino Unido não é colônia.  É Unido. Logo a independência existia formalmente desde 1815. É fato. Está em TODOS os bons livros de História do Brasil.  Não se discute. Apenas, se lê e não se leva em conta.

E O GRITO? 

Em 1820, ocorreu em Portugal uma tardia Revolução Constitucionalista, cuja sede era a cidade do Porto.

D. João VI foi chamado de volta e deixou o primogênito, Pedro, como regente. Com ordem expressa para fazer a separação. Todo mundo que estudou conhece a frase: Pedro, lança mão dessa coroa antes que algum aventureiro o faça.

O Grito de 1822 é claro: “As cortes querem nos escravizar... laços fora...” 

Os laços arrancados tinham as cores das Cortes Constituintes, não do Reino de Portugal. 

DETALHE

As cortes eram liberais. Aboliram o absolutismo e fizeram uma constituição.  Porém, queriam RECOLONIZAR o BRASIL.

José Bonifácio, maçom, chamado de Patriarca da Independência, usou  D. Pedro para evitar a recolonizacão e manter a unidade nacional. Um governante “legitimo” aqui nos trópicos, foi capaz de manter o Brasil como um só país. 

TEAÍRA

D. Pedro era um autocrata arbitrário.

Na primeira ocasião, livrou-se do José Bonifácio e implantou a sua própria tirania constitucional. Pernambuco se rebelou contra. É a Confederação do Equador, cujo bicentenário ocorre daqui a dois anos. Essa é a comemoração de maior interesse para o Estado.

E DEPOIS

D. Pedro massacrou Pernambuco de todas as formas. Deveria ser sempre tratado como inimigo No 1 do nosso Estado.

Bem, em 1831 ele foi obrigado a bater em retirada. Deixou o filho de 5 anos. Teve o bom senso de nomear o inimigo José Bonifácio, que ele reconhecia como um homem de bem e preparado, como regente. 

Foi só então que o Brasil se livrou da dinastia portuguesa.

O jovem Pedro, futuro Pedro II, esse era um brasileiro independente.

Por: José Nivaldo Junior - Publicitário. Historiador. Da Academia Pernambucana de Letras. 

Autor do best-seller internacional “Maquiavel, o Poder”.

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