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José Nivaldo Junior. |
No ano passado, decorreram 200 anos do chamado Grito de Goiana, quando um grupo de senhores de Engenho se rebelou contra o governo absolutista de D. João VI. Na Convenção de Beberibe, os rebeldes expulsaram o governador arbitrário Luiz do Rêgo, representante da monarquia. Um pioneirismo pernambucano que deveria ser comemorado, divulgado, explicado, compreendido. Ganha uma miniatura do Boi de Nanico quem mostrar o fato no calendário de comemorações desse triste Governo de Pernambuco. Não fez absolutamente nada. Tamanha insensibilidade é um assombro. Mas agora, talvez, quem sabe, não se mexam para comemorar os 200 anos da “ Independência” do Brasil?
INDEPENDÊNCIA?
As aspas são reais. O Grito do Ipiranga não representou a Independência do Brasil. Não se trata de interpretação. Muito menos de opinião. O grito do Ipiranga, dado por D. Pedro, que virou o marco histórico da independência. Sem ser. A Independência não foi um ato, foi um demorado processo.
DEMARCANDO DATAS
Apenas para facilitar a compreensão, podemos tomar como ponto de partida a chegada da Corte Portuguesa ao Brasil, em 1808. O governo do Império colonial português se instalou no Rio de Janeiro. A partir daí, as ordens que governavam Portugal eram dadas a partir do Brasil.
D. João era Príncipe Regente, porque sua mãe, D. Maria I não era boa do juízo.
Em 1818, dois anos após a morte da rainha, o regente foi finalmente aclamado como D. João VI. Rei do Reino Unido do Brasil, Portugal e Algarves. Pois é. Anotem aí. Desde 1815, o Congresso de Viena, que redefiniu o mapa do mundo ocidental depois de um terremoto chamado Napoleão, reconheceu o Brasil como... Reino Unido.
Não é preciso ser especialista. Qualquer leigo é capaz de entender que um Reino Unido não é colônia. É Unido. Logo a independência existia formalmente desde 1815. É fato. Está em TODOS os bons livros de História do Brasil. Não se discute. Apenas, se lê e não se leva em conta.
E O GRITO?
Em 1820, ocorreu em Portugal uma tardia Revolução Constitucionalista, cuja sede era a cidade do Porto.
D. João VI foi chamado de volta e deixou o primogênito, Pedro, como regente. Com ordem expressa para fazer a separação. Todo mundo que estudou conhece a frase: Pedro, lança mão dessa coroa antes que algum aventureiro o faça.
O Grito de 1822 é claro: “As cortes querem nos escravizar... laços fora...”
Os laços arrancados tinham as cores das Cortes Constituintes, não do Reino de Portugal.
DETALHE
As cortes eram liberais. Aboliram o absolutismo e fizeram uma constituição. Porém, queriam RECOLONIZAR o BRASIL.
José Bonifácio, maçom, chamado de Patriarca da Independência, usou D. Pedro para evitar a recolonizacão e manter a unidade nacional. Um governante “legitimo” aqui nos trópicos, foi capaz de manter o Brasil como um só país.
TEAÍRA
D. Pedro era um autocrata arbitrário.
Na primeira ocasião, livrou-se do José Bonifácio e implantou a sua própria tirania constitucional. Pernambuco se rebelou contra. É a Confederação do Equador, cujo bicentenário ocorre daqui a dois anos. Essa é a comemoração de maior interesse para o Estado.
E DEPOIS
D. Pedro massacrou Pernambuco de todas as formas. Deveria ser sempre tratado como inimigo No 1 do nosso Estado.
Bem, em 1831 ele foi obrigado a bater em retirada. Deixou o filho de 5 anos. Teve o bom senso de nomear o inimigo José Bonifácio, que ele reconhecia como um homem de bem e preparado, como regente.
Foi só então que o Brasil se livrou da dinastia portuguesa.
O jovem Pedro, futuro Pedro II, esse era um brasileiro independente.
Por: José Nivaldo Junior - Publicitário. Historiador. Da
Academia Pernambucana de Letras.
Autor do best-seller internacional “Maquiavel, o Poder”.
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