quarta-feira, 25 de setembro de 2024

TEMPESTADES

José Vieira Passos Filho.


As tempestades são cíclicas. A intensidade dos aguaceiros são recorrentes. Considera-se uma chuva muito intensa quando há uma precipitação pluviométrica acima de 50 mm por hora. As cheias são mais frequentes quando a chuva é continua, por vários dias.  

No estado de Alagoas, tivemos uma grande precipitação pluviométrica no município de Maceió, em julho 2004. Choveu mais de 400 mm em alguns dias. O Governo Federal acudiu Maceió com vinte milhões de reais. Várias obras foram executadas, com destaque para a recuperação de uma grande cratera no Conjunto Benedito Bentes e a construção de um grande canal pluvial na Grota da Alegria. 

Houve também uma grande tormenta em junho de 2010 nas bacias dos rios Mundaú, Paraíba e Jacuípe.  Milhares de pessoas que residiam nas áreas urbanas de 26 municípios alagoanos foram atingidos pela cheia. Um montante considerável de recursos federais foi alocado para a reconstrução do que foi destruído. Foram construídas 25.000 habitações para os desabrigados. Estradas foram recuperadas, pontes foram reconstruídas.  

Infelizmente o exemplo das grandes cheias, não é lição suficiente para que os dirigentes públicos tomem as medidas cabíveis para sua prevenção. Vidas são ceifadas, são incalculáveis os danos materiais, mas as tragédias sempre acontecem e cada vez mais danosas.

A culpa das enchentes não é do rio. Tempestades são um processo da natureza. A chuva limpa a atmosfera, o aguaceiro purifica a terra e abastece o lençol freático. As pequenas e as grandes barragens acumulam água para alguns anos. A correnteza da água draga o leito dos rios tirando sua sujeira. Finalmente, os rios dão seu recado, mesmo trágico: “...afastem-se de minhas margens...esse lugar é meu...”. 

Reafirmo, obras de prevenção para minimizar as tragédias deveriam ser feitas.  A construção de uma dezena de barragens de contenção nos rios Paraíba, Mundaú e Jacuípe resolveria satisfatoriamente o problema das cheias nas cidades banhadas por esses rios. E também serviria para implantar um programa de produção de hortifrutigranjeiros irrigados.

As tragédias nas cidades se dão principalmente pela construção de habitações em áreas impróprias. O êxodo rural fez com que os retirantes construíssem suas casas às margens das lagoas, nos fundos dos vales, nas encostas. Então, veem os deslizamentos de barreiras e a enxurrada, que é um processo natural. Casas são destruídas, desabrigando centenas de famílias.

 Nas cidades as tragédias são mais danosas e necessitam de maior volume de recursos. No caso de Maceió que já tem mais de 200 comunidades ocupando áreas de risco, só resta tentar minimizar o perigo construindo obras de escadarias, pequenos canais, pontilhões e áreas de lazer para dar mais cidadania aos que ali residem. A implantação de um sistema de radares e a criação de alertas, por meio de sirenes, são instrumentos eficazes para alertar a população do possível perigo. Uma política habitacional de longo prazo para remoção de moradores que residem em locais impróprios evitaria grandes desastres.

Por: José Vieira Passos Filho - Pres. da Academia Alagoana de Cultura, Sócio Efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, Sócio Efetivo da Academia Maceioense de Letras, 
Sócio Honorário do SOBRAMES (AL), Sócio Efetivo da Comissão Alagoana 
de Folclore. Presidente da ALB de Alagoas.

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