Há histórias que não se perdem com o tempo, apenas se transformam em canções. É o caso da emocionante trajetória de Marcos Eugênio Welter, um dos integrantes mais antigos e dedicados do Grupo Amigo de Canto Alemão. Há mais de três décadas, ele foi convidado a integrar o grupo pelo querido e saudoso amigo Dr. Germano Hoffmann, com quem dividia não apenas a paixão pela música alemã, mas também uma profunda amizade e respeito mútuo.
O que poucos sabem é que Marcos carrega em seu sangue uma herança musical de valor inestimável: ele é descendente direto do lendário compositor austríaco Franz Schubert, cuja genialidade eternizou mais de 600 composições que influenciaram gerações inteiras de músicos e amantes da música clássica. Esse vínculo não é apenas genealógico é emocional, espiritual e artístico.
Seu avô, o senhor Alfredo Schubert, era uma figura admirada na cidade de Joinville. Apaixonado por música, organizava jantares mensais em sua casa, reunindo os principais músicos da região. Mas o verdadeiro objetivo daquelas noites não era a comida: era a partilha de melodias. Após o jantar, cada convidado pegava seu instrumento e a casa se transformava num palco improvisado, onde a arte fluía livremente. Foi nesse ambiente mágico, envolvido por acordes e harmonia, que Marcos cresceu aprendendo desde cedo que a música era mais que som: era elo, era memória, era amor.
Nascido em uma família grande e cheia de talentos, Marcos é filho de Affonso Eugênio Welter e de Sonja Edith Schubert Welter. Os dois foram os principais responsáveis por cultivar esse amor pela música em seus filhos. Todas as noites, na casa da família Welter, havia um verdadeiro espetáculo familiar: o pai tocava bandolim com suavidade, a mãe encantava ao piano, e os onze filhos, lado a lado, formando um semicírculo, entoavam canções que ecoavam pela noite. Era um coral espontâneo, um ritual de união e beleza que deixava marcas profundas no coração de cada um.
Hoje, ao cantar no Grupo Amigo de Canto Alemão, Marcos revive essas emoções com intensidade. Muitas das músicas que interpreta com o grupo são as mesmas que ouviu e cantou quando era criança, ao lado de seus pais e irmãos. Cada nota é uma viagem no tempo, uma ponte entre o passado e o presente, entre os que vieram antes e os que continuam a missão de manter viva essa tradição.
Com os olhos marejados, ele afirma: “A música é uma das maiores maravilhas que o Grande Arquiteto do Universo Deus concedeu à humanidade. Ela toca a alma, eleva o espírito e cura o coração.” Para Marcos, cantar é mais do que expressão artística é um ato de gratidão, de continuidade e de fé. É sua forma de retribuir tudo o que recebeu e de manter acesa a chama de um legado que começou há gerações e continua ecoando, nota por nota, em cada apresentação.
Por: Marcos Eugênio Welter - Vice-Presidente Nacional da Academia de Letras do Brasil,
Membro do Conselho Superior Internacional da
Academia de Letras do Brasil.
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