SOMENTE DIZER QUE EU TE AMO

Pr. Geraldo Magela.

 Estava dormindo com a mulher da minha vida.

O quarto estava em silêncio, exceto pelo leve som do ar-condicionado ligado numa temperatura agradável  e a respiração compassada dela, tão familiar quanto o bater do meu próprio coração. 

Era uma dessas noites serenas, em que tudo parece apontar que viver em paz é a maior riqueza. Até que, do nada, um pesadelo se infiltrou no meu sono como uma sombra traiçoeira. Sonhei que ela não me amava mais! Sonhei que seus olhos me olhavam com estranheza e que todo carinho dos seus gestos tinha desaparecido. Foi um terror! Senti um vazio tão frio, que parecia que o mundo tinha virado um deserto gelado, sem cor.

Acordei com o coração disparado. Os olhos arregalados, a testa úmida, suando. Por um instante, fiquei perdido no escuro do quarto, tentando entender o que era sonho e o que era real. Virei o rosto e lá estava ela… dormindo ao meu lado, deitada de lado como sempre faz, os cabelos bagunçados sobre o travesseiro, respirando mansinho. Um alívio, bom demais, tomou conta de mim! Quase chorei, de tanta alegria. Graças a Deus… foi só um sonho ruim.

Abracei-a com ternura, puxando-a suavemente para mais perto. Ela se ajeitou nos meus braços, ainda meio adormecida, e ronronou, com a voz pastosa de sono:

- O que foi?

Sorri no escuro, com um nó na garganta.

- Nada, não… Só queria dizer que eu te amo.

Houve uma pequena pausa, e então, como se as palavras viessem de um sonho bom, ela respondeu:

- Te amo também.

Senti um calor imenso dentro de mim. Uma paz silenciosa. Apertei-a mais um pouco, como quem segura um tesouro precioso que o tempo não roubou. Ela ronronou, de novo, feito uma gatinha manhosa, e se aconchegou no meu peito.

Estou casado há trinta e sete anos. E amo essa mulher como se a tivesse conhecido ontem. Como se cada dia fosse o primeiro. Como se o amor não tivesse idade, mas profundidade.

Ali, no escuro do nosso quarto, percebi de novo o que tantas vezes esqueço: a maior bênção da minha vida está aqui. Ao meu lado. Dormindo tranquila. E não é sonho: ela me ama de volta.

Por: Pr. Geraldo Magela.