Órgão instaurou inquérito civil cobrando providências da prefeitura do município. Moradores denunciam descarte irregular no local
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Recomendação levou em consideração anos ambientais e a saúde
pública, especialmente em relação à poluição atmosférica oriunda da combustão
espontânea dos dejetos
Foto: Rafael Furtado
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O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) instaurou um
inquérito civil para exigir da Prefeitura de São Lourenço da Mata o
encerramento do lixão do município, localizado na Estrada Sete Caminhos, no
bairro de Chã de Tábua, e a recuperação da área degradada. De acordo com a
promotora de Justiça Rejane Strieder, foram registradas “inúmeras reclamações
em decorrência dos danos ambientais e à saúde pública, especialmente em relação
à poluição atmosférica oriunda da combustão espontânea e poluição hídrica à
Bacia do Rio Capibaribe, decorrente do chorume”. A recomendação é de que a
Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) e o Centro de Apoio Operacional do
Meio Ambiente (CAOP-MA) realizem uma vistoria no local no prazo de 60 dias.
A reportagem da Folha de Pernambuco visitou o local na tarde
de ontem. Logo na entrada, foi possível avistar montantes de barro, resto de
construções e podas de árvore, mas a dimensão dos resíduos despejados no
terreno só pôde realmente ser notada após passar por esses entulhos. Plásticos,
restos de móveis e animais mortos constituem o cenário. O fiscal José Carlos,
da Secretaria de Infraestrutura, faz a vigilância da área das 07 às 16h. Ele
afirmou que, após esse horário, a fiscalização no terreno fica complicada.
“Muitos carros particulares vêm para cá despejar resíduos como poda, metralha,
barro e outros tipos de lixo de forma irregular”, disse.
Procurada, a Prefeitura de São Lourenço da Mata afirmou que
o lixão está desativado desde outubro de 2017. “Todo o resíduo sólido
domiciliar coletado no município é enviado ao Aterro Sanitário Controlado da
Muribeca, administrado pelo Grupo Ecopesa Ambiental”, disse em nota. Ainda
segundo o comunicado, “a partir de denúncias da população enviadas à
Administração Municipal, foram realizadas fiscalizações e constatado que
empresas prestadoras de serviços de construção vêm descartando clandestinamente
resíduos de obras”.
Sobre essa questão, acrescentou, há uma licitação sendo
encaminhada para a instalação de uma cerca e de uma guarita para isolar a área.
Também está sendo licitada a contratação de uma empresa que elabore o
desenvolvimento do Projeto de Engenharia para Recuperação da Área Degradada
(PRAD). Há uma empresa contratada para recolher o lixo domiciliar, a Locar, e
outra para receber o material de coleta, a Ecopesa.
Representante do bairro de Chã de Tabua, Davi Queiroz da
Silva denunciou que o despejo irregular de lixo tem causado problemas para quem
mora no local, não só por conta da poluição e de riscos à saúde. A situação de
várias famílias que dependiam dos resíduos de coleta como renda, segundo ele,
ficou complicada com a interdição. “A prefeitura fechou o lixão daqui e tirou
os materiais de coleta, como o papelão, que davam o sustento aos moradores e
agora é descartado lá na Muribeca”, reclamou.
O ex-operador de lixeira Claudio, mais conhecido como
“Caroço”, é um dos poucos que ainda vão ao lixão para garimpar algum material
que possa ser vendido. “Tinha dia que eu conseguia tirar de R$ 60 a R$ 70 e
dava para ajudar em casa”, relatou. De acordo com a gestão municipal, há um
convênio assinado há 15 dias com a Superintendência Regional do Trabalho com
objetivo de desenvolver um programa de Economia Solidária com foco na
agricultura familiar, economia criativa e cooperativismo.
Por: Folha PE.
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