Homens idosos, calvos e com a pele danificada pelo sol devem redobrar a atenção com lesões no couro cabeludo
Um grupo de médicos apostou num círculo virtuoso ao criar,
em agosto de 2017, o programa Juntos Contra o Melanoma. Trata-se do câncer de
pele mais agressivo e perigoso: somente no Brasil, há mais de cinco mil novos
casos e 1.500 óbitos todo ano. Através de cartilhas e workshops, o objetivo do
Grupo Brasileiro de Melanoma, que reúne 2 mil médicos, é conscientizar a
população e promover ações para nichos profissionais que podem exercer um papel
importante na detecção precoce da doença. Cabeleireiros, podólogos e tatuadores
observam áreas de difícil visualização da pele dos clientes e, devidamente
treinados, podem sugerir uma visita ao especialista – é bom lembrar que o
melanoma tem mais de 90% de chances de cura quando descoberto e tratado em suas
fases iniciais. O próximo workshop será no dia 28, em São Paulo, para
podólogos, mas já está com as inscrições encerradas; em junho, no dia 25,
haverá treinamento para tatuadores. A ideia é tão boa que deveria ser replicada
no país todo!
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O melanoma representa apenas 5% dos casos de câncer de pele,
mas tem uma grande capacidade de produzir metástases (Foto:
https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=24053016)
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O melanoma é um tumor que tem origem dos melanócitos, as
células que produzem melanina. Representa apenas 5% dos casos de câncer de
pele, mas tem uma grande capacidade de produzir metástases e se espalhar para
outros órgãos, como fígado, pulmões e o cérebro. Quase sempre surge como uma
lesão cutânea enegrecida, ou com uma parte enegrecida e outra de várias cores.
A maior parte ocorre nas costas, cabeça, pescoço e couro cabeludo. Os no couro
cabeludo são os que costumam ter pior prognóstico, mas há também os que surgem
nas unhas, pés e palma das mãos e nem sempre são percebidos. É aí que os
profissionais dos salões podem ajudar depois do treinamento adequado para
reconhecer lesões. Ainda sobre o melanoma no couro cabeludo: ele representa
apenas 6% do total de diagnósticos, mas responde por 10% das mortes. Pode
acometer qualquer pessoa, mas é mais frequente em homens idosos, calvos e com a
pele danificada pelo sol. Os cabelos, apesar de dificultarem o diagnóstico,
oferecem uma importante barreira física contra os raios ultravioleta, ao passo
que a calvície facilita sua ocorrência. Fundamental não assustar o cliente,
basta perguntar se ele já havia notado a lesão e se algum médico a avaliou.
Caso isso não tenha sido feito, o profissional deve sugerir que seria bom
procurar um dermatologista.
Podólogos também podem desempenhar um papel relevante. O
melanoma acral lentiginoso é o mais comum nas palmas das mãos, plantas dos pés
e na região das unhas. De acordo com Grupo Brasileiro de Melanoma, é mais
frequente entre os 60 e 70 anos de idade, com ligeira predominância no sexo
feminino. Raro entre pessoas de pele branca, é o subtipo mais comum em
afrodescendentes, asiáticos e hispânicos. Encontrar uma mancha irregular escura
(preta, marrom ou azulada), que aumenta de tamanho, sangra ou coça, é um sinal
de alerta. Nas unhas, o melanoma aparece como manchas pretas estriadas, bem
diferentes das manchas de “sangue pisado”, por trauma.
Os principais fatores de risco para o desenvolvimento do
melanoma são casos na família ou quando a própria pessoa já teve câncer de
pele; presença de mais de 50 nevos (pintas ou sinais comuns) ou de nevos
atípicos, que são as pintas com pigmentação muito irregular; exposição
excessiva ao sol e episódios de queimadura solar; ter pele clara, olhos azuis,
cabelos claros ou ruivos. Maio é o mês de combate ao melanoma e uma
oportunidade para fazer um autoexame de toda a superfície do corpo. A busca de
sinais suspeitos deve obedecer à Regra do ABCDE, que descreve as
características do melanoma inicial:
Assimetria: a forma de uma metade do sinal não corresponde à
outra metade.
Bordas irregulares: as bordas podem ser entalhadas, mal
definidas ou mal delimitadas. O pigmento pode se espalhar para a pele ao redor.
Cor desigual: tons de preto e marrom podem estar presentes.
Áreas de branco, cinza, vermelho, rosado ou azul também podem ser vistas.
Diâmetro: há uma mudança no tamanho, geralmente um aumento.
Os melanomas podem ser pequenos, mas a maioria tem mais de 6 mm de diâmetro.
Evolução: geralmente o sinal apresenta modificações de cor,
tamanho, forma e espessura ao longo do tempo.
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Busca de sinais suspeitos deve obedecer à Regra do ABCDE
(Foto: Divulgação)
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Por: Bem Estar.
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