Informação consta no relatório final do caso, enviado ao ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF)
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© Reuters / Adriano Machado
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A Polícia Federal (PF) concluiu no inquérito em que
investiga a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) que foram encontradas evidências
de que a presidente nacional do PT recebeu R$ 885 mil de um esquema de
corrupção alvo da Lava Jato.
No relatório final do caso, enviado ao ministro Dias
Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), o delegado Ricardo Hiroshi Ishida
apresenta cinco repasses de valores que teriam sido recebidos pela senadora e
que podem ser enquadrados nos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e
falsidade ideológica.
Quatro repasses citados, segundo a PF, estão relacionados a
empresa Consist, investigada na operação Custo Brasil, desdobramento da Lava
Jato em São Paulo. O quinto, no valor de R$ 300 mil, teria como origem a
empresa TAM Linhas Aéreas, mas os documentos sobre o pagamento também foram
apreendidos na Custo Brasil.
Todos os pagamentos, segundo a PF, foram efetuados por meio
do escritório do advogado Guilherme Gonçalves, que atuou para a senadora e para
seu marido, o ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo.
Na operação, deflagrada em 23 de junho de 2017, foi preso
Paulo Bernardo - solto seis dias depois por ordem do ministro do STF Dias
Toffoli. O alvo da investigação é a assinatura de um contrato entre o
Ministério do Planejamento, o Sindicato Nacional das Entidades Abertas de
Previdência Complementar (SINAPP) e a Associação Brasileira de Bancos (ABBC).
O objeto do contrato era a gestão de empréstimos bancários consignados
para evitar que trabalhadores excedessem a cota permitida por lei. Após a
assinatura do contrato, as entidades contrataram a Consist Software Ltda.
O esquema criminoso envolvendo a Consist, segundo a PF,
teria desviado cerca de R$ 100 milhões de contrato assinado quando Paulo
Bernardo, marido da presidente do PT, era ministro do Planejamento. Ele ocupou
o cargo entre 2005 e 2011.
Ao analisar planilhas apreendidas na operação, ouvir pessoas
envolvidas e mapear o caminho do dinheiro por meio de quebra s de sigilo, a PF
encontrou indícios de que, juntos, o casal Gleisi e Paulo Bernardo e pessoas
ligadas a ele receberam cerca de R$ 7 milhões do "fundo consist".
"Tais pagamentos aparecem como tendo sido feitos
regularmente pelo escritório de Guilherme Gonçalves, mas na realidade
tratavam-se de valores de corrupção recebidos pelo escritório de Guilherme
Gonçalves", explica o delegado no relatório.
Repasses
Além dos valores repassados para Gleisi Hoffman, a PF mapeou
que o "fundo consist" foi utilizado para pagar pessoas próximas a
senadora - e, também, para custear gastos de sua família. Ouvido no inquérito,
um dos funcionários do escritório de Guilherme Gonçalves, Luis Henrique Bender,
afirmou que seu patrão pagava os honorários para um advogado de Paulo Bernardo.
Além disso, segundo Bender, em determinada ocasião,
Gonçalves solicitou que ele comprasse um videogame Nintendo 3DS "para o
filho do ministro". De acordo com Bender, o único ministro que frequentava
o escritório era Bernardo.
TAM
Ouvido sobre o repasse de R$ 300 mil da TAM para seu
escritório, o advogado Guilherme Gonçalves confirmou que não houve prestação de
serviços por parte de seu escritório. Segundo ele, o valor teria "sido
pagamento de honorários de campanha de Gleisi Hoffman em 2010".
A informação sobre o pagamento foi encontrada pela PF em uma
planilha chamada "eleitoral Gleisi" apreendida com o advogado
Guilherme Gonçalves na Custo Brasil. O ex-presidente da TAM Marco Bologna foi
ouvido duas vezes pelos investigadores. Na primeira, não soube das explicações
sobre a contratação do escritório de advocacia de Gonçalves.
No segundo testemunho, Bologna disse que o ex-diretor
Jurídico da empresa poderia ter mais informações e acrescentou que não havia
motivo ou contrapartida para fazer pagamento à senadora e seu marido. Ouvido, o
ex-diretor jurídico Luiz Cláudio Mattos afirmou que Bologna foi responsável
pela indicação para contratação do escritório de Guilherme Gonçalves.
Procurada, a assessoria de Gleisi Hoffman não respondeu aos
contatos feitos pela da reportagem. O espaço está aberto para manifestações.
Por: Notícias ao Minuto.
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