“Ô abre alas que eu quero
passar”. Quem não se lembra dos velhos carnavais, das saudosas marchinhas
carnavalescas, do tempo em que as pessoas brincavam nas ruas cheias de alegria,
sem temor e com muita inocência. As marchinhas surgiram em 1899, com Chiquinha Gonzaga.
Foi ela que compôs “Ô abre alas”, famosa marchinha que até hoje é cantada por foliões de todo o país.
Das marchinhas para os salões, com os bailes de máscaras e desfiles de
fantasias que se tornaram famosos. As pessoas brincando nas ruas evoluíram para
as multidões de foliões atrás dos trios elétricos, ou no sobe e desce das
ladeiras, como em Olinda, com seus bonecos gigantes, além das escolas de samba.
Enfim, carnaval se tornou uma mistura de ritmos, de diversão, de extravasamento
de emoções e desejos. O feriado mais longo do ano, a época de comemoração onde
tudo é possível. O Brasil inteiro para, inebriado de tanto calor e fervor.
O carnaval de Surubim não poderia ser diferente. Segundo relatos de
moradores mais antigos da cidade, aqui o carnaval seguia um ritual chamado
mela-mela (mistura de maisena com água), uma festa sadia, cheia de aventura e
alegria, já que ninguém escapava da brincadeira do mela-mela. Saindo das ruas,
surgiu o carnaval de clube. Em Surubim acontecia no Sport Club todos os anos a
festa carnavalesca com orquestras de frevo, era um baile muito animado que atraía
as famílias surubinenses para o clube. Assim, para
os mais antigos, o carnaval de Surubim se perpetua na memória.
Mas seguindo o percurso histórico carnavalesco, várias ideias foram
surgindo para incrementar o carnaval da capital da vaquejada, como o Baile de
Máscaras, promovido por Maluma Marques, por quatro anos consecutivos, e que
durante este evento eram escolhidos o rei e a rainha do carnaval surubinense.
Também, como não poderia deixar de ser, Surubim ganhou um carnaval de
rua mais eufórico com o famoso Desfile das Meninas Virgens de Surubim,
idealizado pelo carnavalesco, cabeleireiro e maquiador Mário Júnior (in
memoriam).
![]() |
Fundador do Desfile das Meninas Virgens de Surubim Mário Júnior (Foto: Maluma Marques) |
Mario Júnior marcou a história do carnaval de Surubim com seu jeito
irreverente, criativo, ousado, inovador. Tudo começou com uma ideia simples de
reunir os amigos para comemorar a festa do Rei Momo nas ruas da cidade, após o
carnaval oficial, no fim de semana. A ideia deu certo e o que começou com uma
singela diversão tornou-se uma festa de grandes proporções na cidade e que fez
com que Surubim entrasse na agenda oficial do carnaval pernambucano com o
slogan: “O carnaval de Pernambuco termina em Surubim.” Foram vários anos de desfile das Virgens em
que Mário Júnior presenteou o público
com sua graça e elegância. Ele era uma celebridade que, com suas fantasias,
chamava a atenção do público presente que, a cada ano, geralmente ficava ansioso nas calçadas para ver Mário Júnior
passar com sua inusitada fantasia carnavalesca, abrindo o desfile da cidade.
Sendo assim, o desfile das Meninas Virgens de Surubim a cada ano se
consolida com apresentações de blocos carnavalescos, do famoso Boi Nanico e Boi
Surubim, da presença de trios elétricos, marchinhas, frevo, maracatu, tudo isso
com o apoio da prefeitura municipal de Surubim e do governo do Estado. Nesse
período, segundo os surubinenses, Surubim respira Cultura e alegria. E além dos
foliões da cidade, centenas de pessoas dos municípios vizinhos prestigiam o grande
evento, que acontece na Avenida de São Sebastião e termina com as apresentações
no Pátio da Usina. Geralmente são três dias de festa, com início na sexta-feira
após o carnaval e que termina no domingo.
Caboclo de Lança durante o Desfile das Meninas Virgens de Surubim (Foto: Maluma Marques). |
Caboclo de Lança durante o Desfile das Meninas Virgens de Surubim (Foto: Maluma Marques). |
Desfile das Meninas Virgens de Surubim (Foto: Maluma Marques). |
Desfile das Meninas Virgens de Surubim (Foto: Maluma Marques). |
Bonecos gigantes no Desfile das Meninas Virgens de Surubim (Foto: Maluma Marques). |
Desfile das Meninas Virgens de Surubim (Foto: Maluma Marques). |
Bonecos gigantes no Desfile das Meninas Virgens de Surubim (Foto: Maluma Marques). |
Desfile das Meninas Virgens de Surubim (Foto: Maluma Marques). |
Zezita Barbora, esposa de Capiba junto a Orquestra Capiba no Desfile das Meninas Virgens de Surubim (Foto: Maluma Marques). |
Desfile das Meninas Virgens de Surubim (Foto: Maluma Marques). |
Quanto aos blocos, há uma mistura do saudosismo com o moderno, como o
Bloco Surpresa, que reproduz os ritmos do momento, e o Bloco A Pisada é Essa,
que ao desfilar na Avenida de São Sebastião busca reviver os antigos carnavais
com suas marchinhas e ritmos contagiantes e históricos. Ainda, para quem não
pode ir à Olinda, há presença dos bonecos gigantes, sem contar a beleza dos
caboclinhos e maracatus. Estes últimos quando estão na avenida espalham seu
colorido exuberante.
Além disso, acontece em Surubim o Baile Municipal idealizado pela
prefeita Ana Célia Farias (PSB) e que a cada ano se consolida com a presença da
sociedade surubinense, que sempre prestigia o evento. Em cada baile há sempre
homenagens de surubinenses ilustres, como o velho guerreiro Chacrinha, desfile,
uma mistura de alegria e de belíssimas fantasias e máscaras, sem contar com a
participação de orquestras de frevo. Enfim, enquanto durante o carnaval oficial a
cidade silencia, já que muitos viajam nos dias de feriado, após o carnaval, a
cidade se acorda num ritmo intenso e acelerado como a dizer: agora chegou a
minha vez de comemorar.
E viva o carnaval de Surubim!!!
Prefeita de Surubim Ana Célia Farias ao lado das jornalistas e fotógrafa durante o Baile Municipal de Surubim (Foto: Maluma Marques) |
Baile Municipal de Surubim (Foto: Maluma Marques) |
Maluma Marques, Sione Simone, Zezita Barbora, esposa de Capiba, Cloris Barros e o ex-prefeito de Surubim Antonio Barros durante Baile Municipal. (Foto: Maluma Marques) |
Nenhum comentário:
Postar um comentário