Esta semana, Supremo consolidou entendimento de que investigações sobre políticos suspeitos de caixa dois e, ao mesmo tempo, de corrupção, devem ser remetidas para os tribunais eleitorais, e não mais para a Justiça Federal
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© José Cruz/Agência Brasil
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Após o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir mandar crimes
que tenham ligação com caixa dois para a Justiça Eleitoral, e não mais para a
Justiça Federal, o Ministério Público deve mudar a forma de atuação, com o
objetivo de não prejudicar a Lava Jato e o trabalho de combate à corrupção.
"O principal posicionamento é de respeito à decisão do
Supremo. A partir de agora nós vamos redefinir a estratégia institucional e
tomar as providências necessárias pra manter o foco que é de combate à
corrupção, à lavagem de dinheiro e ao crime organizado. Não recuaremos
disso", declarou a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, conforme
o portal G1.
Nas últimas semanas, procuradores fizeram uma ofensiva
pública contra a remessa de processos à Justiça Eleitoral, por acreditarem que
essa definição seria catastrófica e poderia levar à anulação de casos já
julgados na Justiça Federal.
A Transparência Internacional também condenou a decisão. Em
nota, a entidade afirmou que o resultado irá "impactar de forma grave a
luta contra a corrupção". "[A decisão] ameaçará seriamente os
processos já em curso, com risco real de impunidade, além de prejudicar o
desenvolvimento de novos casos anticorrupção."
"Eu não vejo esse risco [anulação] neste momento, mas é
preciso avaliar tudo isso com muito cuidado e não perder o foco", afirmou
Dodge.
Por 6 votos a 5, o plenário do Supremo consolidou o que a
Segunda Turma da Corte, responsável pela Lava Jato, já vinha fazendo: investigações
sobre políticos suspeitos de caixa dois e, ao mesmo tempo, de corrupção, devem
ser remetidas para os tribunais eleitorais.
Assim, um político que recebeu propina desviada de obras
públicas e usou parte do dinheiro na campanha será processado na Justiça
Eleitoral.
Na avaliação de Dodge e de membros da Lava Jato, os
tribunais eleitorais não têm estrutura para julgar crimes complexos e neles
pode haver impunidade.
Como a Folha de S.Paulo noticiou na quarta-feira (13),
tribunais eleitorais têm deixado em segundo plano investigações da Lava Jato.
Além de ser sobrecarregada com prazos e demandas relativos
às eleições, a Justiça Eleitoral é vista por advogados de réus como atrativo
para punições mais brandas.
Por: Notícias ao Minuto.
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