O principal caso contra o ex-presidente está emperrado em vara da Lava Jato no Paraná
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Após ter ficado pronta para ser
sentenciada às vésperas da exoneração do então juiz Sergio Moro, a ação penal
contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que trata da compra de um
terreno para o Instituto Lula pela Odebrecht teve discussões reabertas neste
ano, uma etapa anulada e se distanciou de um desfecho em curto prazo na
primeira instância.
O caso é o último pendente na vara da Justiça Federal no
Paraná responsável pelos casos da Lava Jato, além de ser um dos que percorreram
mais etapas entre os nove em que o petista é réu pelo país.
Nesta quarta-feira (27), a condenação de Lula no processo do
sítio de Atibaia foi confirmada em segunda instância. Ele já havia sido
condenado antes no caso do tríplex de Guarujá.
Lula segue solto no aguardo dos términos de todos os
recursos e continua impedido de disputar eleições, já que foi enquadrado na Lei
da Ficha Limpa após duas condenações em segundo grau (sítio e tríplex).
Na ação sobre o terreno do instituto, a defesa do
ex-presidente chegou a entregar suas considerações finais em outubro de 2018, o
que deixou o caso prestes a ser definido ainda naquele ano. Mas, com a saída de
Moro para o governo de Jair Bolsonaro, a atuação interina da juíza Gabriela
Hardt e a transição para o juiz Luiz Bonat, a sentença não saiu.
Neste ano, os advogados de Lula apresentaram pedidos
questionando pontos da tramitação do processo e foi bem-sucedida junto ao
Supremo Tribunal Federal em duas ocasiões.
Uma delas foi o acesso mais amplo a arquivos eletrônicos
encaminhados pela Odebrecht em seu acordo de colaboração com a Justiça. A
defesa chegou a fazer sua análise desse material ao acessar uma "sala
cofre" onde estão os arquivos na Superintendência da PF no Paraná, em
junho de 2018.
Os advogados, porém, afirmam que o acesso foi restrito e que
as consultas permitidas eram limitadas a dois codinomes usados pelo chamado
"Departamento de Propina" da Odebrecht.
Só em agosto deste ano o ministro Edson Fachin, do STF,
citando a necessidade de prevenir eventual irregularidade no processo,
autorizou a defesa a voltar a acessar esses arquivos. Entre idas e vindas, a
nova visita ao acervo eletrônico só ocorreu em outubro. O juiz Bonat disse
considerar essa pendência como pontual, já que a instrução está "encerrada
há bom tempo".
Além do imbróglio da perícia, a ação penal foi afetada por
julgamento do Supremo que formou maioria entre os ministros para um novo
entendimento sobre a ordem de fala de réus delatores e réus delatados.Conforme
indicou a corte neste ano, para garantir o direito à ampla defesa, acusados que
não são colaboradores devem apresentar por último suas alegações finais nos
processos.
Com isso, Edson Fachin determinou em agosto que, no caso do
terreno para o instituto do ex-presidente, fosse refeita essa etapa, que
costuma ser a última antes da sentença.
Com as pendências em relação à perícia, porém, ainda não foi
dado prazo para que os acusados entreguem suas novas alegações finais, o que
sugere que o trâmite da ação deve se prolongar.
Enquanto isso, a defesa de Lula continua fazendo pedidos de
congelamento da ação, com argumentos que vão desde o teor das mensagens de
procuradores trocadas pelo aplicativo Telegram até à suposta falta de proteção
aos arquivos eletrônicos da Odebrecht.
Nessa ação, além da acusação de que recebeu propina da
Odebrecht por meio da compra de um terreno para seu instituto, Lula é acusado
de usar dinheiro da empreiteira para comprar o apartamento vizinho ao que mora,
em São Bernardo do Campo (SP).
Para o Ministério Público, o imóvel foi adquirido por um
laranja, Glaucos da Costamarques, que mais adiante não cobrou aluguel do
ex-presidente pelo uso da unidade.
A discussão sobre a autenticidade de recibos de aluguel
apresentados pela defesa de Lula acabou afetando também a tramitação do caso,
em 2017 e 2018.
O processo foi aberto em dezembro de 2016, antes do início
da ação do sítio, que já foi sentenciada. Lula prestou depoimento ao então juiz
Moro em setembro de 2017. Na ocasião, negou que tivesse cometido
irregularidades e criticou a investigação.
Foi também nessa ação em que o ex-ministro Antonio Palocci
pela primeira vez fez acusações contra o PT e Lula. Mais adiante, com o acordo
de colaboração já firmado, Moro anexou nesse processo, nas vésperas do primeiro
turno da eleição presidencial, trechos dos depoimentos de Palocci.
Por: Notícias ao Minuto.
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