ABRAÇO LIBERADO

Foto: Freepik.

A cada dia após acordar, sinto uma enorme falta da vida corriqueira. Muitas vezes, para matar a saudade, começo a escrever vários assuntos e não o passado distante, mas o recente tempo em que a pandemia do Coronavírus era algo inimaginável.

É certo que ao meu redor havia muita gente suplicando por tempo. Eu mesma gostaria de ter tempo para realizar coisas que ainda sonho. Então, eram comuns as reclamações de não se ter tempo para realizar atividades, para viajar, para ficar com a família. Mas, apesar de encontros esporádicos pela falta de tempo, o calor do abraço estava liberado.

Agora não. Uma avalanche de precaução e medo alterou a rotina de forma inesperada. O tempo que faltava agora sobra. A rotina anterior começa a fazer falta.

O mais inquietante é que, com o tempo que sobra, muitas vezes conseguimos realizar pouco. Mas vou tentando exercitar meus pensamentos para administrar bem a rotina em tempos de isolamento social.

Não é fácil, e essa reclamação não é só minha. A todo momento tenho sido alimentada com uma enxurrada de notícias, muitas delas desagradáveis. Mas, na verdade, as mensagens insistem em chegar. Procuro selecionar as melhores. Depois as envio, pois é uma forma de ajudar pessoas que estejam naquele momento precisando de um apoio, uma palavra amiga, uma força. É que sabemos que o aprisionamento involuntário, sempre atrai a angústia, a tristeza profunda, o choro.

Não recrimino os que desabafam com choros. É natural que, tanto tempo recrutados, nós seres humanos deixemos de lado o equilíbrio emocional e caiamos no choro. Assim desafogamos a tristeza.

Particularmente penso muito na minha mãezinha que se foi a quatro meses e nos meus parentes. Minhas duas filhas, em particular, são motivos de minhas preocupações. Mas, logo percebo que não há motivo para desespero, pois me apego à minha fé e creio que logo isso vai passar.

Com o passar do tempo, talvez pela maturidade com que tenho enfrentado as intempéries da vida, noto que a tranquilidade tem mais espaço em minha vida do que as aflições. No começo sentia muito medo. Mas, depois vi que a tristeza precisa ser banida.

De certa forma a tecnologia tem sido companheira. Apesar da insistência das mensagens que não param de chegar, encaro essa rotina e procuro sorrir com conteúdos engraçados. Sempre na parte da noite assisto vídeos, leio mensagens. Penso muito na dor das famílias que têm perdido seus parentes. Penso nos profissionais da saúde que não dispõem de equipamentos adequados para exercerem suas atividades e, na sua função de salvar vidas, acabam perdendo a sua, por inércia do poder público.

Também penso que não há razão para reclamar pelo fato de estar em casa. Sei que muita gente gostaria de ficar protegido, mas a profissão que exercem não lhes permite preservar a vida ficando em seus lares. É melhor ficar em casa do que ser contagiado e ir parar em um hospital.

Tenho me apegado firmemente às minhas crenças. Sei que Deus nos ajudará. Bem próximo de nós há pessoas precisando de ajuda. Não podemos lhes visitar, mas sabemos que, pela fé, em sentido de oração, Deus fará com que os corações fiquem aliviados. É o exercício de orar uns pelos outros. É hora de sermos ainda mais humildes. Deixar de procurar culpados e de nos sentirmos vítimas. Vamos positivar nossos pensamentos em oração. O nosso inimigo invisível será derrotado.

Vamos dar preferência às notícias que nos apontam soluções para essa crise. No mundo vários experimentos estão sendo feitos. A ciência corre atrás da vacina para eliminar o mau que hoje aflige a humanidade.

Então que possamos fortalecer nossa fé na certeza de que logo essa solução irá chegar. Somos humanos, somos imagem e semelhança de Deus e Ele ouve os que lhe dirige palavras, depositando Nele a confiança de que o fim dessa pandemia virá.

Sempre me pego pensando que, quando sairmos de nossas casas com a certeza de que o perigo não mais existe, iremos correr como quem recebe uma oportunidade nova. Dar um forte grito de felicidade ao mundo.

Enfim, o abraço estará liberado.