segunda-feira, 25 de agosto de 2025

ANÁLISE - A RETOMADA DA TRANSNORDESTINA ESTÁ SENDO PROPOSTA NO RUMO ERRADO, AINDA É TEMPO DE CORRIGIR

José Nivaldo Junior.



Aspecto que nunca foi levado em conta por ninguém:  pelo projeto original, a  Transnordestina não entra no porto de Suape. Então, toda essa conversa de trecho Salgueiro/Suape não passa de papo furado, conversa para boi dormir. Repito: é inacreditável, mas a Transnordestina, Salgueiro/ Suape, trecho que falta fazer, não existe no projeto. A Transnordestina chega até os limites de Suape, porém não entra na área do porto. Na chamada área interna, que vai dos limites do Cabo de Santo Agostinho até o  cais do porto,  mais ou menos 6 km, o controle ferroviário é da administração de Suape.  Existia uma antiga ferrovia no percurso. Mas está desatualizada, com bitola ultrapassada, sem condições para suportar trens modernos. Ou seja, não existe. 

Tem projeto

A gestão anterior, de Paulo  Câmara, com o engenheiro Roberto Gusmão à frente do porto,  deixou pronto o projeto executivo para recuperar todo o trecho interno da ferrovia e deixar no grau a integração com a Transnordestina. Com bitola mista moderna, orçamento e tudo o mais necessário para o início dos trabalhos. Só que não andou. A gestão Raquel Lyra não fez qualquer esforço para que isso acontecesse. O atual gestor do porto, Armando Monteiro Bisneto, não deu um pio sobre o assunto. Todo mundo discute a Transnordestina, é ótimo que se fale, mas todo discurso é inútil se não tiver participação e vontade política do Governo do Estado/Suape.

Navio e trem

O presidente da Republica, anunciou, meses atrás, que Suape vai ter uma profundidade de porto grande e competitivo, 20 metros. Tem toda infraestrutura montada para ser um grande equipamento, padrão internacional top. Sem ligação ferroviária, não funciona. Ou seja, zero à esquerda.  Desse modo, o maior interesse na Transnordestina deveria ser de Suape. 

Recursos

Um projeto do PAC ou emenda de bancada ou financiamento bancário do Bndes direto com o porto, resolve a questão dos recursos e Suape tem um excelente negócio. Suape, é dona da ferrovia na área do porto. Ou ela constrói ou concede a alguém para fazer. Mas, concedendo, o concessionário fica com um monopólio absurdo, igual ao que a empresa TLSA tem no Porto de Itaqui no Maranhão. Lá, o frete na área interna é maior do que a Vale do Rio Doce paga para transportar desde Belém até a entrada do porto.

A melhor solução é Suape fazer o trecho ou ser sócio de alguém, para não haver problemas de competitividade no futuro. Mas, repetindo, Suape não se mexe nessa direção. Pelo menos até agora. 

No rumo errado

A ferrovia, tendo a reconstrução tomada a partir de Salgueiro, como anunciou por esses dias, com pompa e circunstância,  o ministro Silvio Costa Filho, estará no rumo errado. Alguém, também por esses dias, falou corretamente, sem maiores repercussões: a ferrovia tem que partir de Suape rumo a Salgueiro. Não é preciso nenhum estudo técnico, basta usar o bom senso. Partindo de Suape a construção logo chegaria ao Cabo. Já poderia dar vida ao trecho. Depois Moreno, Vitória,  Gravatá, Bezerros e, oh, glória, Caruaru, pátria amada da governadora. Cada trecho concluído mais movimento nos trens, mais cargas barateadas, indo e vindo para o porto. Em Caruaru, todo o Agreste, inclusive o polo de confecções estaria atendido. Isso se chama vida. Obra estruturadora. Desenvolvimento. De Caruaru para cima, Cachoeirinha, Custódia,  Arcoverde, Serra Talhada, Salgueiro. Imagine também as repercussões positivas nas cidades próximas.  Completa a ligação com o projeto original. Bingo. 

O difícil é fazer o óbvio

O projeto original foi feito de acordo com uma “lógica” - beneficiar exclusivamente o Porto de Pecém. Simples assim. Tanto que nos últimos dias do governo  Bolsonaro, já com o presidente refugiado nos Estados Unidos, uma canetada extinguiu o trecho Salgueiro/Cabo de Santo Agostinho. Retomado, nas promessas pelo menos, justiça se faça, porque o presidente Lula bateu o pé. Mas até agora, é só promessa. Quase três anos e nem uma bitola foi fincada. E ainda continuam com a construcão planejada no sentido errado. É dose. 

Apelo ao bom senso

Se a ferrovia for retomada em Salgueiro e avançar outros 150 km, ligará o nada a coisa nenhuma. Se avançar 150 km partindo de Suape, ligará o porto ao Agreste. Vai dar grande impulso à economia,  baratear e  abreviar o frete dos produtos, indo e vindo,  além de descongestionar, quando nada, a BR 232. 

Concluindo

Precisa ser gênio para ver isso? Basta usar o popular bom sendo.

Por: José Nivaldo Junior - Publicitário, Consultor e Seguidor de Voltaire. Diretor de O Poder. Da Academia Pernambucana de Letras. 

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