Índios bloqueiam a BR-101, no Recife, em protesto contra a PEC 241

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Eles ainda exibiam cartazes contra a portaria que retira poderes da Sesai.

Grupo interditou as duas faixas da rodovia, perto do Hospital das Clínicas.

Índios bloquearam a BR-101, no Recife, em protesto contra a PEC 241 (Foto: Marlon Costa/Pernambuco Press)
Um grupo de índios bloqueou a BR-101 na altura do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), no Recife, na manhã desta quinta-feira (27). De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), eles protestaram contra a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241, que limita os gastos públicos pelos próximos 20 anos, e por melhorias na saúde e educação.

O engarrafamento devido ao protesto chegou a mais de 10 quilômetros, segundo a PRF. O trânsito foi liberado em frente ao HC por volta das 10h20. Equipes da Polícia Rodoviária Federal acompanharam a mobilização, que causou reflexos em outras vias, como a Avenida Abdias de Carvalho, no sentido BR-232, e na Avenida Caxangá.

Participaram do movimento índios das tribos Kambiwá, Tuxá, Atikum, Pankararu, Pankará, Entre Serras e Xucuru. Com o trânsito completamente parado, eles dançaram e exibiram cartazes contra a Portaria 1907/16, que exclui poderes da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai). Com a decisão, as aldeias ficariam submetidas ao Ministério da Saúde, segundo eles.

Por causa do bloqueio, a sessão do julgamento dos acusados de matar o promotor Thiago Faria Soares, que chega ao quarto dia nesta quinta-feira (27), atrasou três horas para recomeçar. O julgamento acontece no Fórum Artur Marinho, às margens da BR-101, no bairro do Jiquiá.

O Grande Recife Consórcio de Transporte informou que as linhas que circulam pela BR-101 também foram afetadas pelo protesto e os ônibus conseguiam chegar aos Terminais Integrados do Barro e da Macaxeira. O acesso à UFPE também foi prejudicado.

Índios fecham a BR-101, na altura da UFPE, na Zona Oeste do Recife, nesta quinta-feira (27), em protesto contra a PEC 241 (Foto: Marlon Costa/Pernambuco Press)
PEC 241

A PEC 241 estabelece que as despesas da União (Executivo, Legislativo e Judiciário) só poderão crescer conforme a inflação do ano anterior. Pela proposta, a regra valerá pelos próximos 20 anos, mas, a partir do décimo ano, o presidente da República poderá propor uma nova base de cálculo ao Congresso. O texto base foi aprovado em segundo turno, na noite de terça, pela Câmara dos Deputados, em Brasília.

Em caso de descumprimento, a PEC estabelece uma série de vedações, como a proibição de realizar concursos públicos ou conceder aumento para qualquer membro ou servidor do órgão. Inicialmente, a proposta estabelecia que os investimentos em saúde e em educação deveriam seguir as mesmas regras. Diante da repercussão negativa e da pressão de parlamentares aliados, o Palácio do Planalto decidiu que essas duas áreas deverão obedecer ao limite somente em 2018.

Trânsito ficou travado na BR-101, na Zona Oeste do Recife (Foto: TV Globo/Reprodução)
Universidades ocupadas

Estudantes ocupam prédios de instituições de ensino superior no estado em ato contra a PEC 241 desde a última semana. Na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a ocupação acontece no Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) e no Centro de Educação (CE), além do ampus de Vitória de Santo Antão, na Zona da Mata. De acordo com a assessoria de imprensa da UFPE, por causa do protesto, as aulas estão suspensas no Centro de Filosofia e Ciências Humanas. O reitor da universidade, Anísio Brasileiro, se posicionou também contra a PEC.

Na terça, os professores da instituição realizaram uma paralisação de apenas um dia como forma de protesto contra a PEC do teto dos gastos, como ficou conhecida a proposta. O texto base foi aprovado em segundo turno, na noite de terça, pela Câmara dos Deputados, em Brasília. O campus de Vitória de Santo Antão, na Zona da Mata, também está ocupado. O ato ocorre desde a segunda-feira (24) nos centros de ensino da UFPE.

Alunos estenderam faixa na entrada da Faculdade de Enfermagem Nossa Senhora das Graças durante ocupação do campus Santo Amaro da UPE (Foto: Marlon Costa/Pernambuco Press)
Também contrários a PEC 241, estudantes ocuparam o campus Ciências Agrárias da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), que fica na BR-407 em Petrolina, no Sertão de Pernambuco. Na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), os estudantes trancaram os portões do Centro de Ensino de Graduação Obra-Escola (Cegoe) na noite da segunda-feira (24).

Na Universidade de Pernambuco (UPE), estudantes ocuparam o prédio da reitoria da instituição estadual, que fica em Santo Amaro, área central do Recife, o campus de Nazaré da Mata, na Zona da Mata Norte, Palmares, na Zona da Mata Sul, e Petrolina, no Sertão.

A mobilização também atinge o Instituto Federal de Pernambuco (IFPE). Os alunos realizaram uma aula ao ar livre, na qual várias turmas reunidas discutiram com professores a reforma do ensino médio e a PEC 241. Tanto os estudantes como a assessoria de comunicação do campus Recife afirmaram que a relação entre o movimento estudantil e a instituição está “amigável”. A instituição está ocupada desde a última quinta-feira (20).
Por: G1.


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