Ministério adota mais critérios para diagnosticar danos por zika em bebês

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Crianças com tamanho da cabeça 'normal' podem ter danos ligados ao zika.

Governo também passa a recomendar 2º ultrassom no 7º mês de gestação.

Equipe do Ministério da Saúde, incluindo o ministro Ricardo Barros, apresentam novos critérios para diagnóstico (Foto: Gabriel Luiz / G1)
O Ministério da Saúde informou nesta sexta-feira (18) que vai passar a levar em conta critérios como perda de visão, audição, comprometimento e deficiência de membros para avaliar se uma criança tem danos de desenvolvimento provocados pelo vírus da zika. Até agora, o principal critério levado em consideração era o perímetro da cabeça dos bebês.

A nova medida foi tomada com base em evidências científicas de que mesmo crianças com tamanho de cabeça dentro dos parâmetros considerados "normais" podem apresentar consequências do vírus.

Desde a descoberta da microcefalia, pesquisadores apontaram outras doenças relacionadas à infecção e isso levou à Organização Munidal da Saúde (OMS) a determinar a síndrome congênita do zika.

Segundo a pasta, o objetivo é garantir cuidado a todas as crianças, inclusive as que apresentaram alterações tardias - o ministério informou que vai passar a acompanhar por três anos crianças de mães que tiveram zika durante a gravidez. Até então, só eram monitorados bebês com microcefalia. Os novos critérios afetam as regras para notificação, investigação e classificação final de casos suspeitos da doença.

"A criança pode ter um perímetro encefálico maior e pode sofrer efeitos do zika. Não necessariamente a redução do perímetro encefálico aponta o dano do cérebro. É essa nova possibilidade que vamos acompanhar com as crianças e vai nos fazer se preocupar em ver a relação causa-efeito sobre eventuais incidências que ocorram com a criança e que tenham ou não relação com o zika pela mãe", afirmou o ministro Ricardo Barros.

O governo também passa a recomendar uma segundo ultrassom no sétimo mês de gravidez. Hoje, o exame já é realizado no primeiro mês de gestação. O objetivo é identificar possíveis malformações na etapa final da gestação, atendendo a orientações da OMS.

Para garantir o exame, o ministro anunciou que o governo vai liberar repasses mensais aos estados para que a rede pública realize essa segunda ultrassonografia. A estimativa é de gastar até R$ 52,6 milhões por ano com este exame.

Microcefalia
O ministério também mudou os critérios de medição da cabeça do bebê. São suspeitos de microcefalia meninos com cabeça menor que 30,5 cm e meninas com 30,2 cm (até então as medidas eram 31,9 cm e 31,5 cm, respectivamente). Esta é a segunda vez em que o ministério faz uma alteração do tipo.
Segundo o coordenador de Vigilância Epidemiológica, Wanderson Oliveira, a mudança segue uma regra da OMS de 30 de agosto. “Acompanhamos [as novas medições] por dois meses para ver o perfil epidemiológico no Brasil, e por isso estamos adotando as medidas neste momento. É uma qualificação das medidas que já foram adotadas.”
Todas essas novas regras serão divulgadas para profissionais de saúde, cuidadores e familiares de pacientes. Além das mudanças das normas sobre o vírus da zika, as novas diretrizes vêm com passos para que qualquer profissional da Atenção Básica também possa tratar crianças com alterações no desenvolvimento. Também há um guia sobre como cuidar de bebês recém-nascidos e estimulá-los (com massagens e estratégias para estimular a amamentação, por exemplo).

Desde novembro do ano passado, o ministério contabiliza 2.143 casos confirmados de Zika, 3.086 em investigação e 4.890 descartados. Ao todo, 78% dos casos confirmados se concentram na região Nordeste do país.

Sobre a síndrome

A síndrome congênita do zika, reconhecida pela OMS, é um conjunto de malformações e problemas apresentados por bebês que tiveram mães infectadas pelo vírus da zika durante a gestação. A microcefalia é só uma das consequências. As crianças também podem ter o sistema nervoso central afetado, apresentando epilepsia, deficiências auditivas e visuais, prejuízo no desenvolvimento psicomotor, bem como efeitos negativos sobre ossos e articulações.

Ricardo Barros em coletiva nesta sexta-feira (Foto: Gabriel Luiz / G1)
Fonte: Bem Estar.


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