REFORÇAR A DEMOCRACIA É O CAMINHO

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José Nivaldo Júnior


O Brasil atravessa, sem dúvida, um dos momentos mais difíceis da história da democracia no País.

A crise que nos atinge extrapola os marcos institucionais. Na verdade, se irradia por toda a sociedade, que é punida indiscriminadamente pelos problemas econômicos - desemprego à frente -e pela violência generalizada e sem controle.

Basta dizer que se matou mais gente no Brasil, em 2016 do que em países em guerra, como a Síria ou o Afeganistão.

Diante desse quadro preocupante, grupos equivocados ou oportunistas dos diversos matizes ideológicos correm para pregar possíveis saídas ou imaginárias soluções à margem das regras constitucionais. Sempre, naturalmente, à conveniência dos seus interesses escusos ou convicções mal interpretadas.

As propostas mais visíveis e barulhentas ressuscitam um conflito histórico dos anos 80 do século XX.

Naquela ocasião, o País se defrontou com o dilema: manter a ditadura agonizante ou realizar eleições diretas imediatamente.

A solução encontrada não foi nem uma nem outra. A democracia chegou através de eleições indiretas e convocação posterior de um Legislativo Constituinte, que formulou a regras constitucionais ora em vigor.

As instituições que estão aí encontram-se longe da perfeição. Entretanto, apesar de todos os pesares, têm garantido à sociedade como um todo  o direito à representação escolhida em eleições diretas e, muito especialmente, a liberdade de todos expressarem livremente as suas ideias e as suas opiniões. Sem medo. Sem ameaças.

Nesse contexto, soam  grotescas as sugestões de intervenção militar partidas de meia dúzia de barulhentos gatos pingados. As próprias Forças Armadas, em sua esmagadora maioria e pela voz unânime dos comandantes felizmente abominam esses descaminhos despropositados.

Outro tipo de mudança das regras do jogo são as propostas de antecipação do processo eleitoral.

Pessoas de passado respeitável e presente comprometido com causas generosas e transformadoras saem berrando em defesa de eleições diretas já, sem perceber que as forças realmente progressistas não têm nada a ganhar com soluções que, mesmo legais teriam o carimbo comprometedor do casuísmo. Isso, ao fim e ao cabo, só acabaria por enfraquecer a democracia.

A sociedade, como as pessoas, aprende com suas experiências e seus erros.

Quando for votar da próxima vez, cada qual tem que pensar mais na sua decisão. Escolher seus representantes talvez com mais critério. Prestar atenção em vices e suplentes, porque é grande a possibilidade deles se tornarem titulares.

Nenhuma saída responsável para a crise pode abrir mão da mais estrita legalidade constitucional. Tudo o que está acontecendo no país, exageros à parte, se dá nos limites democráticos.

Interessante é que a sociedade não se indignou quando os desvios estavam sendo cometidos mas mostra profundo desencanto quando foram interrompidos e estão sendo apurados e punidos.

Deixemos, pois, que as instituições funcionem. Elas já mostraram que, com os seus erros e os seus acertos, podem funcionar e garantir os valores maiores da democracia e da liberdade.

Aprimorar a democracia sem ameaçar os seus fundamentos. Essa é a grande contribuição que os atores do atual processo histórico poderão dar à construção do futuro que a nação quer, precisa e pode alcançar.

Por: José Nivaldo Júnior - Publicitário, Escritor, Membro da Academia Pernambucana de Letras e Autor do Best-Seller internacional “Maquiavel, o Poder”



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