Chuvas inesperadas geram caos na Região Metropolitana e no Interior

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O Grande Recife e a Zona da Mata Sul voltaram a sofrer com as precipitações, desta vez, em pleno verão. Uma criança morreu


Em Barreiros, na Zona da Mata Sul pernambucana, choveu 92 mm em dois dias, quando a média para todo o mês de fevereiro é de 118 mm
Foto: Defesa Civil Ribeirão/Cortesia
Os últimos três dias chuvas inesperadas em Pernambuco atingiram a Região Metropolitana do Recife (RMR) e o Interior gerando muitos transtornos, de sexta-feira (16) ao domingo (18). No Agreste, a enxurrada provocou a morte de uma criança, afogada em um bueiro em Toritama. Em Barreiros (Zona da Mata Sul), choveu 92 mm em dois dias, quando a média para todo o mês de fevereiro é de 118 mm. Com as precipitações na região, as águas do rio Una e seus afluentes subiram provocando alagamentos em toda a cidade.

João Victor, 10 anos, morador do bairro Fazenda Velha, estava brincando na chuva com outras crianças quando foi sugado pela força da água para um bueiro da rede de esgoto de Toritama. Minutos após seu desaparecimento, populares resgataram a criança, que foi socorrida para o Hospital Nossa Senhora de Fátima, onde chegou sem vida. Por nota, a prefeitura informou apenas que sabia da correnteza forte no local, porém, não disse porque o bueiro estava aberto. O Conselho Tutelar também foi acionado para apurar se houve negligência familiar.

Em Barreiros, o drama ficou por conta da quantidade de pessoas que teve que deixar as casas às pressas. De acordo com o coordenador da Defesa Civil municipal, Mário Joaquim Galdino, 134 famílias ficaram desalojadas na área urbana e foram para a casa de parentes e amigos. Não há registro de feridos.

Até o fechamento desta edição, não havia estimativa de quantas pessoas foram atingidas na zona rural. A Defesa Civil enviou uma equipe para a área a fim de avaliar os danos causados pela cheia dos rios nas casas e plantações. O município está sob decreto de emergência nível 1 por dano humano.

“Preferimos que as famílias não voltem para casa agora, porque ainda tem bastante água”, alertou o coordenador explicando que o município teme que a inundação cause mais problemas com os moradores voltando a suas residências. Estão sendo colocadas lonas nos deslizamentos de terra registrados - oito no total, todos no bairro de Tibiri.

O acesso à localidade foi interditado devido à altura da água. Os outros bairros atingidos pela inundação foram os de Prainha de Cima, Prainha de Baixo e Lotes. Barreiros também está sem água nas torneiras por tempo indefinido, segundo o agente da Defesa Civil Luís Henrique. A bomba de água da cidade teve que ser retirada pela Compesa, por ficar em uma localidade baixa e que permanece inundada.

A Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac) informou que chuvas como essas são incomuns neste período do ano e foram causadas por dois sistemas meteorológicos que ocorreram simultaneamente: a zona de convergência intertropical, que atuou no norte do Estado, e as ondas de leste, que atuaram no sul. Juntos, geraram a chuva mais forte.

Os fenômenos se dissiparam por enquanto, de acordo com o meteorologista Fabiano Prestrelo. “A zona de convergência intertropical existe durante todo o ano e circunda a linha do Equador. Quando ela varia para o sul afeta o regime de chuvas na região Nordeste. Já as ondas de leste ocorrem quando há condições favoráveis no oceano Atlântico. A gente não pode descartar a possibilidade de voltar a ocorrer até abril”, disse.

A previsão do tempo para esta semana na RMR, Zona da Mata e Agreste é de tempo parcialmente nublado com chuva rápida de forma isolada, de intensidade fraca, ao longo do dia. No Sertão, as chuvas deverão ir de moderadas a fortes.

Outras localidades


A Coordenadoria de Defesa Civil do Estado de Pernambuco (Codecipe) também contabilizou o desalojamento de 87 famílias em Cortês, na Mata Sul, e de três famílias no Cabo de Santo Agostinho (RMR). Além de Cortês, São Benedito do Sul, Palmares, Rio Formoso, Ribeirão, Barreiros, Jaqueira e Jaboatão dos Guararapes receberão da Codecipe lonas para instalar em barreiras com risco de deslizamento.

Em Cortês, o registro foi de 135 mm no fim de semana - a média mensal é de 93,90 mm - e houve 11 deslizamentos de terra. No Cabo, entre domingo e ontem foram 204 mm, oito pontos de alagamentos e 24 deslizamentos nos bairros São Francisco, Cohab, Malaquias e Engenho Castelo. Um mutirão foi montado para ações de urgência.

Por: Folha PE.


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