A VERDADE PODE SER MUITO SIMPLES

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 Por: Mário Carabajal.

Dr. Mário Carabajal.


A verdade está para cada ser, segundo os referenciais e ângulos de suas análises. Para que se entenda verdades outras, divergentes das nossas, faz necessário a profunda reflexão considerando-se todos os elementos constitutivos da realidade concreta que interage e atua sobre o ser cujo comportamento buscamos analisar. Sermos críticos, implica em buscar-se a verdade relativa. Pois, a verdade, transita, só o é, sob máximas científicas, e ainda assim, faz-se transitória, até que antíteses às desqualifiquem, inabilitem ou às complementem.

No tocante a política, tema o qual não podemos nos furtar em abordar, não seria diferente. Competindo àqueles mais críticos, com isenção, oferecerem parâmetros de razoabilidade interpretativa e descritiva do complexo processo em curso, sob máximas da razão. Não obstante, ainda que conhecedores do fazer investigativo científico, para a ideal interpretação dos fatos que resultam em expressão de votos, buscaremos utilizar uma linguagem mais plausível e o mais simples possível, em esforços interpretativos, sem a utilização de dados numéricos, trazendo aos leitores do Jornal Brasileiro Terra da Gente, uma análise diferenciada, só entendida, sob os parâmetros mensuráveis com sensibilidade e amor.

Todos os seres, independentemente de lado, querem o melhor para si, seu grupo familiar e social. Deve-se considerar não ser o Brasil uma sociedade única, formada por um único grupo social. Logo, afloram lacunas imensas em forma de discrepância de interesses.

Enquanto alguns brasileiros compram o seu segundo carro, para melhor servir à família, outros, aguardam ansiosos a entrada de 5 ou 10 Reais para comprar alguns ovos para melhorar o alimento familiar. Aqueles em estágios econômicos estáveis, não conseguem mensurar ou mesmo enxergarem o Mundo sob a ótica daquele com sede e fome. Uma central de ar cria um mundo a parte àqueles que a possuem. No entanto, a grande maioria da população brasileira, não conta nem mesmo com um simples ventilador, aquecedor, liquidificador ou a simples panela de pressão, para muitos banal, enquanto para milhares, apenas um sonho de útil consumo.  Antes contudo, necessitariam adquirir um fogãozinho, ainda que de duas bocas, para – não! Antes ainda, para utilizar a linda e novinha panela de pressão, necessitariam da dispendiosa botija de gás...

Para muitos, falar-se em Economia do País e mesmo em Corrupção, soa extremamente distante, uma vez que o contraditório encontra-se nos noticiários. Ser preso, sob a possibilidade de injustiça, amplamente difundidos, reforçado pelas campanhas de descredibilidade do Judiciário, resulta, para muitos, em grande comoção, elevando ainda mais os simpatizantes e eleitores. Mentiras e ameaças de uso das Forças Militares, para muitos, é traduzido como um grande desafio, traduzindo-se em votos contrários, como forma de testar o poder democrático, ainda que frente a possibilidade de ser pago um elevado preço para o fortalecimento do Sistema Democrático.

As desigualdades humanas existem. Aqueles que superam as dificuldades, facilmente se ambientam nos novos patamares, esquecendo que a falta do simples papel higiênico, um sabonete e barra de sabão, podem significar grandes problematizações para milhares de famílias. O que se dirá do valor da energia elétrica ou combustível. Digo, alimento, já que este consiste na forma de combustível, ao lado da água, para manter em pé os trabalhadores sobre os quais o peso da opressão incide com maior rigor.

O Brasil é desigual. Flagrante se for aberto um mapa detalhado dos resultados eleitorais em todos os municípios, de Norte a Sul do Brasil. Enquanto para muitos nordestinos os resultados nas urnas é motivo de uma mancha em suas vidas. Para muitos outros, ser nordestino o faz-se motivo de grande orgulho.

“Os alimentos e água para os seres, têm valor de correspondência ao Sol e solo para as plantas, ou ainda do óvulo para os gametas. Sem estes, inócuo e fugaz se fazem quaisquer outros ensaios à vida”. (Dinalva Carabajal).

Sim! Todos os seres são bons e péssimos, dependendo de quem deles dependam. Se atendidos, nota máxima, se desatendido, nota mínima. Simples se faz a interpretação de quaisquer resultados eleitorais se houver sensibilidade e um mínimo de discernimento para interpretar o que os nossos irmãos estão dizendo às urnas. Socorro! Me ajudem! Necessito de um teto para morar! Eu e meus filhos necessitamos de um prato de comida para dividir! Sonhamos girar uma torneira e explodirmos em felicidade, ao vermos a água correndo! Imaginei minha filhinha soprando uma velinha em seu aniversário, mas, não vai ser nesse ano ainda... Mas, no ano que vem, vou ter dinheiro, para comprar, não só a velinha que ela sonha soprar, mas poder ter um bolo sobre a cadeira que eu faço de mesa... Poxa! Observo verdadeiramente simples de interpretar a origem dos votos de ambos os candidatos, em resposta a tantas perguntas que estão fazendo nesse sentido. Não são as urnas falando por mirabolantes teorias da conspiração. Trata-se do grito sufocado de irmãos brasileiros que vivem realidades as quais esquecemos existirem.

Enfim! O Brasil compõe-se em milhões de pequenos universos individuais de seres e famílias, vivendo cada um, momentos diversos, de altas e baixas, sem que o próprio vizinho sequer imagine a realidade que mora ao lado da sua casa. Mesmo empresários, fabricantes e industriais, vivem problematizações as quais não somos capazes e mensurar. Pagar uma folha de pagamento com 5, 20, 100 funcionários, só a conhece quem vive esta realidade. Nenhum político de carreira, vivendo de altos salários públicos, consegue discernir, seja sob o olhar da pobreza, seja sob o olhar daqueles que trabalham para pagar salários e manter centenas de famílias, todos os meses. Somando-se a impostos e toda sorte de especulações, além de servirem, todos, pobres, remediados e ricos, como simples massas de manobras àqueles vivem em grande abundância, sem a necessidade de calejarem as mãos ou se obrigarem muitas vezes a venderem um carro, sítio ou fazenda, para suprir suas necessidades empresariais e manterem as contas em dia. Não obstante, ninguém é perdoado! Todos são cuidadosamente induzidos a servirem ao sistema, o qual se divide, multiplica, se encolhe e expande, fazendo com a população brigue entre si, ao invés de se unirem em exigências de melhores condições, indistintamente, para todos. Ao menos, se fazer um pouco mais justos, tentando entender o que motiva os nossos irmãos a caminharem em direções opostas às nossas.


Jornalista, psicanalista e professor universitário; Especialista em Pesquisa 
Científica, Mestre em Relações Internacionais e Doutor em Ciências Educacionais; 
Pós-Doctor em Filosofia;  vinte e quatro livros publicados. Presidente fundador da ALB - Academia de Letras do Brasil; Presidente executivo do Grupo MarDin Copacabana.


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