DR. ROBERTO MATEUS EXPLICA A DIFERENÇA ENTRE DENGUE, ZIKA E CHIKUNGUNYA

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Surubim é o 2º município no Estado de Pernambuco em número de casos notificados.

Dr. Roberto Mateus.


Nos últimos meses, o país inteiro foi surpreendido com duas doenças de sintomas semelhantes aos da dengue. Identificada como zika vírus e chikungunya, as doenças são transmitidas pelo Aedes aegypti, mesmo mosquito transmissor da dengue. Com isso os sintomas acabam sendo facilmente confundidos.

O clínico geral e ortopedista, Dr. Roberto Matheus do Instituto Médico Roberto Mateus, explica a diferença entre as doenças a partir dos sintomas, como se prevenir, como se tratar e conta como está a situação da epidemia em Surubim.

BLOG MALUMA MARQUES - Qual a diferença entre a Dengue, Zika e Chikungunya?

DR. ROBERTO MATEUS: A dengue é uma doença viral transmitida pelo mosquito Aedes aegypti e no Brasil, foi identificada pela primeira vez em 1986. Estima-se que 50 milhões de infecções por dengue ocorram anualmente no mundo. A Febre Chikungunya é uma doença transmitida pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus e no país, a circulação do vírus foi identificada pela primeira vez em 2014. Chikungunya significa “aqueles que se dobram” em swahili, um dos idiomas da Tanzânia, em referência à aparência curvada dos pacientes que foram atendidos na primeira epidemia documentada, na Tanzânia, localizada no leste da África, entre 1952 e 1953. Já o Zika, é um vírus que também é transmitido pelo Aedes aegypti e foi identificado pela primeira vez no Brasil em abril de 2015. O vírus Zika recebeu a mesma denominação do local de origem de sua identificação em 1947, após detecção em macacos sentinelas para monitoramento da febre amarela, na floresta Zika, em Uganda.

BMM- Como é feito o diagnóstico?

RM: DENGUE - A infecção por dengue pode ser assintomática, leve ou causar doença grave, levando à morte. Normalmente, a primeira manifestação da dengue é a febre alta (39° a 40°C), de início abrupto, que geralmente dura de 2 a 7 dias, acompanhada de dor de cabeça, dores no corpo e articulações, prostração, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupção e coceira na pele. Perda de peso, náuseas e vômitos são comuns. Na fase febril inicial da doença pode ser difícil diferenciá-la. A forma grave da doença inclui dor abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes, sangramento de mucosas, entre outros sintomas.

CHIKUNGUNYA - Os principais sintomas são febre alta de início rápido, dores intensas nas articulações dos pés e mãos, além de dedos, tornozelos e pulsos. Pode ocorrer ainda dor de cabeça, dores nos músculos e manchas vermelhas na pele. Não é possível ter chikungunya mais de uma vez. Depois de infectada, a pessoa fica imune pelo resto da vida. Os sintomas iniciam entre dois e doze dias após a picada do mosquito. O mosquito adquire o vírus CHIKV ao picar uma pessoa infectada, durante o período em que o vírus está presente no organismo infectado. Cerca de 30% dos casos não apresentam sintomas.

ZIKA - Cerca de 80% das pessoas infectadas pelo vírus Zika não desenvolvem manifestações clínicas. Os principais sintomas são dor de cabeça, febre baixa, dores leves nas articulações, manchas vermelhas na pele, coceira e vermelhidão nos olhos. Outros sintomas menos frequentes são inchaço no corpo, dor de garganta, tosse e vômitos. No geral, a evolução da doença é benigna e os sintomas desaparecem espontaneamente após 3 a 7 dias. No entanto, a dor nas articulações pode persistir por aproximadamente um mês. Formas graves e atípicas são raras, mas quando ocorrem podem, excepcionalmente, evoluir para óbito, como identificado no mês de novembro de 2015, pela primeira vez na história.

BMM - Como pode ser feita a prevenção?

RM: Ainda não existe vacina ou medicamentos contra dengue. Portanto, a única forma de prevenção é acabar com o mosquito, mantendo o domicílio sempre limpo, eliminando os possíveis criadouros nas suas casas e na vizinhança. Quando há notificação de caso suspeito, as Secretarias Municipais de Saúde devem adotar ações de eliminação de focos do mosquito nas áreas próximas à residência e ao local de atendimento dos pacientes.
 Roupas que minimizem a exposição da pele durante o dia, quando os mosquitos são mais ativos, proporcionam alguma proteção às picadas e podem ser adotadas principalmente durante surtos. Repelentes e inseticidas também podem ser usados, seguindo as instruções do rótulo. Mosquiteiros proporcionam boa proteção pra aqueles que dormem durante o dia (por exemplo: bebês, pessoas acamadas e trabalhadores noturnos).


BMM - Até quanto tempo pode persistir os sintomas e como tratar as dores?

RM: Dependerá de qual doença o paciente apresenta, se é dengue, Chikungunya ou Zika.  Os pacientes podem não ter sintomas, enquanto outros podem apresentar sintomas que podem ir de dias, semanas, meses a até anos, principalmente no caso da Chikungunya. As dores devem ser tratadas usualmente com analgésicos, devendo ser evitados medicamentos derivados do ácido acetil salicílico sob o risco de complicações hemorrágicas.

BMM - Como está a situação em Surubim?

RM: Apesar do esforço e empenho do governo municipal, Surubim encontra-se em segundo lugar no estado de Pernambuco em número de casos notificados. O surgimento de novos casos da doença ainda mostra que o problema não está sob controle. Ressaltando que a luta no combate ao mosquito é de responsabilidade de toda a população e não apenas do poder público.

BMM - Ao identificar os sintomas, o doente deve procurar o posto de saúde ou hospital?

RM: A porta de entrada do paciente no Sistema Único de Saúde (SUS) deverá ser sempre as Unidades de Saúde da Família (postos de saúde), entretanto, os casos de urgência que necessitem de atendimento mais complexo devem ser encaminhados aos hospitais,

BMM - E como o Sr. ver a saúde pública atuando no trabalho dos pacientes?

RM: O governo federal mobilizou todos os órgãos federais (entre ministérios e entidades) para atuar conjuntamente neste enfrentamento, além da participação dos governos estaduais e municipais. Atualmente, além dos 46 mil agentes de controle de endemias e 266 mil agentes comunitários de saúde, que já atuavam regularmente nessas atividades, as visitas de rotina às residências para eliminação e controle do vetor foram reforçadas com integrantes das Forças Armadas. Mas a mobilização da população ainda é imprescindível.

BMM - Como tratar?

RM: Não existe tratamento específico para dengue. O tratamento é feito para aliviar os sintomas. Quando aparecer os sintomas, é importante procurar um serviço de saúde mais próximo, fazer repouso e ingerir bastante líquido. Importante não tomar medicamentos por conta própria.

BMM - Como o Sr. analisa as ações da prefeitura em relação a epidemia em Surubim?

RM: A secretaria de saúde municipal tem procurado desde início não medir esforços no que diz respeito as medidas de enfretamento no combate do mosquito Aedes Aegypti, apesar dos recursos escassos, tendo em vista a crise  econômica que temos presenciados em todos os setores da sociedade, sobretudo na saúde pública.


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