CONVERSA VAI, CONVERSA VEM E NADA MUDA

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Luiz Antônio Medeiros.


A cada novo dia, tudo parece que nada de novo pode acontecer nessa terra Brasil de tantos deslizes, dissabores, decepções, desnorteio e desesperança. Nada muda, e quando muda, nada parece que mudou, pois estamos num país de incerteza geral.

No momento, a nação brasileira é convidada a comemorar mais um aniversário de independência. O momento que nos libertamos do domínio português, no dia 7 de Setembro de 1822, apenas uma data simbólica, ensaiávamos o que seríamos até os dias atuais, sem perspectivas de mudanças ainda.

No momento da separação política de Portugal, já no outro dia, nada de novo. Em Portugal, estava D. João, rei, que já tinha passado por aqui e feito algumas estripulias, deixando seu filho D. Pedro, agora, Imperador do Brasil. Mudaram apenas de lugar e de títulos.

Indo embora D. João e ficando D. Pedro, nada de novo para o Brasil. Ora, dirá você, o Brasil ficava independente de Portugal! Realmente, o Brasil “ficava” sem mudanças.

Antes de 1822, a colônia era agrícola, monocultora, latifundiária e escravocrata. Depois do dia 7 de Setembro, continuava do mesmo jeito.

Tivemos uma boa oportunidade de termos o Brasil nas mãos dos brasileiros, quando D. Pedro I resolveu abdicar, e foi embora daqui, deixando um filho com 5 anos de idade  para que os brasileiros tomassem conta do bebê  para sucedê-lo.

Naquela oportunidade, os brasileiros criaram um modo de governo denominado Regência. Foi o período da Regência Trina Provisória – o que no Brasil é sempre para sempre; a Regência Trina Permanente e a Regência Una. E, lá se foram dez anos de tudo do mesmo jeito, esperando que tudo pudesse mudar, mas sem que fosse preciso mexer no que já estava sendo.

A classe política brasileira daquela época preferiu esperar que o bebê “Pedrito” chegasse à maioridade.

- Chegou?

Não, não chegou. Mas, de forma casuística, a classe política do período regencial, achou por bem alterar a Constituição de 1824 – a Constituição do Império, determinando que maior de idade, naquele ano de 1832, seria aquele que completasse 15 anos.

Que bom, se agora esses caras sarados de 14 a 17 anos que assaltam, roubam, matam e fazem outras coisinhas mais, fossem considerados maiores com 15 anos de idade.

Pois é, com 15 anos de idade, ainda cheirando a leite, os políticos brasileiros entronizaram D. Pedrito, com o título de D. Pedro II.

Mais tarde, veio uma estória de Parlamentarismo que foi hilário. O imperador Pedro II não fez questão de aceitar esse sistema de governo que funcionaria para acomodar os partidos políticos - Liberais e Conservadores – no poder.

E, nessa gangorra, nada mais Liberal do que um Conservador. Nada mudava para não atrapalhar o que não estava prestando.

Um episódio nessas coisas de política nesse Brasil do faz de conta, que a gente perde a conta de tanta desfaçatez.

No dia 11 de setembro de 1928, nascia o Município do Surubim e outros mais, através de Lei assinada pelo Governador Estácio Coimbra. Em 1929, foi eleito e empossado prefeito de Surubim – o primeiro prefeito, Dídimo Carneiro da Cunha, um cidadão probo, dedicado ao trabalho de crescimento de Surubim para que se alcançasse a Emancipação Política.

Tempos depois, estoura a “Revolução de 1930”, liderada pelo gaúcho Getúlio Vargas que havia perdido as eleições presidenciais, em 1929, para o paulista Júlio Prestes, candidato do presidente Washington Luís.

Pois bem, o governador de Pernambuco, Estácio Coimbra, foi contra o golpe de Getúlio Vargas.

Ora, o que Surubim teria a ver com isso?

Entenda. Se o governador Estácio Coimbra foi contra o golpe de Getúlio Vargas, consequentemente, o prefeito Dídimo Carneiro seria contra Getúlio. Por conta disso, depuseram o prefeito recém-eleito e empossado. Para administrar Surubim, veio para cá uma penca de interventores. Pessoas que não precisavam do voto do povo para administrar o município.

Surubim teria tido um outro começo com a administração do prefeito Dídimo Carneio da Cunha, sem necessariamente, ser um “getulista” interventor.

Ainda bem que, depois dos interventores estranhos à terra surubinense, Nelson Barbosa, assumiu os destinos administrativos do nosso município.

É bom lembrar que Surubim teve um representante no Senado Federal, Antonio Arruda de Farias, um grande empresário, ex-prefeito do Recife e político de expressão nacional. Infelizmente, o Senador Antonio Farias, faleceu prematuramente.

Será que em Surubim, a importância de um Senador da República mudaria alguma coisa ou ficaríamos no velho “fuin” da politicagem de “marimbondo X embolabosta”? 

E, gora, recentemente, a classe política fez o seguinte: tirou Dilma e botou Temer e, nada mudou. O descrédito na classe política continua.

O impeachment de Dilma foi um momento que deveria ter sido aproveitado para uma reforma política responsável e definidora dos rumos do Estado brasileiro. E, nada aconteceu.

Conversa vai, conversa vem e nada muda. Não espere mudanças nessa bagunça política a depender desses bagunceiros conversadores que estão no Poder Legislativo gastando horrores do dinheiro do contribuinte brasileiro.

Ora, para que pagar bem a um professor, a um médico, a um pesquisador e a tantos outros brasileiros que tanto contribuem para a melhoria da Nação brasileira!?

Qual o quê? Para o país são imprescindíveis as pessoas que recebem salários altíssimos para fazer   a lei, executar a lei e fiscalizar a feitura e a execução da lei.

Quais pessoas?

Senadores, deputados federais, deputados estaduais, vereadores, governadores, vice-governadores, prefeitos, vice-prefeitos, ministros dos tribunais, juízes, desembargadores e por aí vai. O Estado brasileiro gasta somas absurdas de forma individual e no coletivo da sustentação desses poderes em Brasília, nos Estados da Federação e nos Municípios.

É muito dinheiro, minha gente.

Sabe por que falta dinheiro para a saúde, para a educação, para a segurança da população brasileira e diversos setores essenciais do Estado brasileiro? Falta, por causa dos gastos exorbitantes com esse pessoal do Executivo, Legislativo e Judiciário.

Por: Luiz Antônio Medeiros - Escritor e Professor da Rede 
Pública do Estado.



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