Dois anos após surto de microcefalia, número de partos volta a crescer, diz governo de PE

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Síndrome congênita do vírus da zika teve pico no número de casos em 2015. Mulheres passaram a adiar gravidez para evitar risco de má-formações em bebês.


Nascimentos em PE voltam a crescer após epidemia de microcefalia no estado
Dados da Secretaria de Saúde de Pernambuco revelam que, dois anos após a epidemia de microcefalia em decorrência do vírus da zika, o número de partos voltou a crescer no estado. Com a redução dos registros da má-formação em recém-nascidos, as mulheres deixaram de adiar o sonho da gravidez, a partir do segundo trimestre de 2017. (Veja vídeo acima)

Em maio deste ano, foram registrados 9.316 partos em Pernambuco. Antes do surto, em setembro de 2015, 8.918 bebês nasceram, segundo a Secretaria de Saúde. No mesmo mês do ano seguinte, no ápice da crise, houve queda na quantidade de partos para 7.908.

Os casos confirmados da síndrome congênita do vírus da zika despencaram em 2017. Este ano, cinco bebês nasceram microcefalia em Pernambuco. Em 2015, foram 266 casos. Em 2016, as autoridades notificaram 150. Ao todo, há 421 crianças com má-formação no estado. No país, são 2.869, conforme o Ministério da Saúde.

 Histórias


Com 30 anos de profissão, o médico Pedro pires, especialista em medicina fetal, conta que nunca tinha visto tanto receio entre as pacientes. “Elas chegavam em pânico ao consultório, como se viessem ouvir uma sentença. Mesmo as que não tinham história nenhuma sugestiva de zika, o momento do ultrassom, que é um momento de alegria, prazeroso, de dividir com a família as imagens que o bebê está lindo, maravilhoso, aquilo acabou durante um bom tempo”, disse.

Risco de microcefalia foi identificado nos primeiros três meses de gestação (Foto: Divulgação)
Uma das mulheres que adiaram a gravidez por causa da epidemia, a vendedora Michele Gomes descobriu, tranquila, que o bebê que espera é uma menina. “Eu fiquei com medo. Onde moro, as pessoas comentavam muito. Eu sempre via algumas pessoas que eu conheço terem filhos com microcefalia e fiquei com medo”, explica.

O médico Carlos brito, professor de clínica médica, foi o primeiro pesquisador a levantar a hipótese da ligação da epidemia de zika com a microcefalia. E alertou que, como não há um efetivo controle do vetor, novas epidemias ocorrerão nos próximos anos.

“De forma mais intensa nas cidades nos estados onde não tiveram novas epidemias, é provável que a gente tenha outras epidemias, não na mesma proporção, mas alguns estudos mostram que 50% ou mais da população ainda está suscetível a desenvolver o vírus. Portanto, novos casos de doença e das suas complicações poderão ocorrer”, alerta Carlos.

Com a epidemia de zika, os brasileiros descobriram que um inimigo da saúde pública poderia ser mais devastador do que se imaginava. O mosquito aedes aegypti, que transmite a dengue e a chikungunya, passou a ser mais temido, por transmitir também o vírus da zika, que causa a microcefalia nos bebês. O problema é que as condições que facilitaram a multiplicação do vetor continuam.

Explicações


Os números diminuíram porque a epidemia de zika aconteceu em 2015, predominantemente, no Nordeste. No ano seguinte, ocorreu um surto, com outro tipo de vírus, o chikungunya. Segundo os médicos, esses vírus tem uma certa “competitividade” e a história natural mostra que a maioria destas arboviroses acontece em intervalos de três a cinco anos.

O ministro da Saúde, Ricardo Barros, reconhece a falta saneamento básico, uma das principais formas de proliferação do mosquito. Ele diz que há investimentos para reduzir o problema.

“Nós dobramos o orçamento da Funasa, que cuida de água, lixo, esgoto em municípios de até 50 mil habitantes. Há uma crise fiscal no país, os recursos não são os recursos que gostaríamos de ter, mas a saúde tem 15% da receita líquida do brasil impositivamente aplicada na saúde”, afirmou.

Diante dos riscos, a população é chamada a fazer sua parte, para combater o mosquito. Secretário de Saúde de Pernambuco, José Iran Costa, afirma que 85% dos criadouros do aedes aegypti estão nas residências.

“Estão também nos locais de trabalho, nas empresas, nas estruturas físicas dos prédios e ambientes. Então, toda a população precisa fazer a limpeza das caixas d’água e a coleta de lixo. Não deve deixar nada que acumule água”, explicou.

Por: G1.


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