Carnaval já contagia o comércio

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Comerciantes estão otimistas quanto às vendas para os foliões após 3 anos de crise. Segundo CDL-Recife, faturamento deve crescer cerca de 4%


Comércio
Foto: Alfeu Tavares/Folha de Pernambuco
A menos de um mês para a folia de Momo, o comércio do Recife já está totalmente “vestido” na expectativa de dias melhores que os dos carnavais dos últimos anos de crise. Apesar de ainda tímido, o movimento pelas ruas da cidade já começa a dar sinais de melhora após o período de ressaca das compras de fim de ano e o clima entre os comerciantes é de otimismo.

De acordo com a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) do Recife, em relação ao ano passado, a expectativa do setor é de incremento nas vendas da ordem de 4%. “Tivemos, ano passado, um Carnaval bem desanimado no comércio por causa da grave crise econômica. Para este ano, no entanto, a tendência é que o movimento comece a aquecer de fato nos próximos dias, associado às grandes prévias da cidade”, comenta o presidente da CDL-Recife, Cid Lôbo.

Para o economista da Fecomércio-PE, Rafael Ramos, o Carnaval 2018 será o melhor dos últimos três anos em termos de vendas. “As pesquisas têm mostrado uma população bem mais confiante e com consumo mostrando crescimento. Além disso, a Pesquisa Mensal do Comércio de Pernambuco mostra um volume de vendas acima do nacional, o que gera uma expectativa de desempenho superior aos anos anteriores”, analisa o economista.

E seja no Centro do Recife, nas barracas dos ambulantes ou nas lojas dos shoppings, o otimismo toma conta do cenário, com opções para todos os gostos e bolsos. Para quem curte fantasias prontas, mais elaboradas e está disposto a pagar a mais por isso, a Fantasias Recife & Cia, no Paço Alfândega, traz uma gama de possibilidades com um tíquete médio de R$ 120 (adulto) e R$ 85 (infantil). “O ano passado, mesmo sendo um ano crítico para a economia, vendemos bem no período. Neste Carnaval, a nossa expectativa é que as vendas sejam maiores que as de 2017”, revela a lojista Patrícia Moreira, que atua no espaço junto com sua mãe, Isabel Moreira.

Já para quem gosta de exclusividade, a opção é o Espaço Bora!, também no Paço Alfândega. Local, por sinal, que há três anos se transforma em um ambiente com foco no Carnaval, comercializando peças autorais, assinadas por designers como Eduardo Amorim e Juliana Souto, que, junto com 28 outros nomes da moda pernambucana, imprimem seu estilo às peças encontradas no ambiente. “A nossa proposta é reunir designs autorais, feitos por profissionais que criaram peças e estampas exclusivas aliados às principais tendências do momento”, explica Eduardo Amorim.

No espaço, o valor médio do acervo - acessórios, entre outros produtos - varia de R$ 80 a R$100. Algumas peças mais luxuosas chegam a custar R$ 700. E a projeção das vendas é bem otimista. “Nesse tempo, notamos que o nosso público não se importa em gastar um pouco mais desde que as peças sejam exclusivas, por isso, a nossa expectativa é aumentar o faturamento dos R$ 80 mil, de 2017, para no mínimo R$ 100 mil este ano”, revela Amorim.

A ideia é atrair consumidores como Juliana Pedrosa, que não se importou em gastar R$ 100 em uma fantasia para o filho de quatro anos. “Todo ano eu compro uma fantasia para ele e não me importo muito com o preço que gasto apenas uma vez no ano”, defende a dona de casa.

Outro lado


Enquanto nas lojas de fantasias prontas o movimento anda intenso, nas lojas de tecidos, também muito procuradas no período, o movimento ainda é lento. “Nessa época, no ano passado, o movimento estava bem melhor. Mas temos esperança que vai melhorar, afinal, não ajuda muito o comércio quando o Carnaval cai logo no começo do ano, quando as pessoas ainda estão pagando IPTU, IPVA e material escolar”, acredita o estilista Renato Guimarães.

E mesmo lento, é possível encontrar facilmente clientes à procura de seus tecidos para fazer a fantasia escolhida. “Sempre preferi comprar o tecido e mandar fazer a fantasia. A exclusividade e a possibilidade de construir junto a peça é o que me leva a optar por essa prática, que nem sempre sai mais em conta do que comprar a fantasia já pronta”, comenta a professora Amanda Costa.

Com preços mais baixos do que os cobrados nas lojas de rua, alguns ambulantes reclamam que ainda não dá para sentir o reflexo do otimismo projetado para o mercado. “Este ano está muito fraco. As pessoas não estão vindo comprar. Vamos torcer para daqui pro Carnaval a situação melhorar”, espera a ambulante Lúcia Souza.

Apesar das queixas da comerciante, a reportagem encontrou consumidores com as sacolas cheias, como Juliana Nadja. “Gastei R$ 140, mas comprei acessórios, decoração, tecido para minha fantasia e ainda comprei fantasia pronta para minha filha”, enumera a dona de casa, feliz da vida.

Cautela


Enquanto uns querem viajar e descansar, outros preferem cair na folia e curtir as festas. Seja como for, é importante se programar para aproveitar o Carnaval sem ficar com as contas no vermelho. Desde já, o consumidor deve avaliar a sua situação financeira atual, definir quanto pode gastar para brincar com tranquilidade, sem ameaças ao orçamento familiar. “Se perceber que a condição não está favorável, não dê o passo maior do que a perna”, orienta o educador financeiro, Reinaldo Domingos.

Com o Carnaval no início de fevereiro, é importante não entrar no compasso do frevo e ficar ainda mais endividado. “Não se pode esquecer que neste mês de janeiro já ocorrem as despesas tradicionais, como matrícula, material escolar. Então, a dica é verificar se o consumo do Carnaval de fato cabe no orçamento. Se não, é sempre válido buscar locais gratuitos, como os blocos de rua, e evitar usar o cartão de crédito”, indica Rafael Ramos, da Fecomércio.

E se o folião já tem contas acumuladas, a dica é evitar contrair novas dívidas. “Procure economizar para que o momento de descontração e alegria não se torne um motivo de preocupação. Não desanime, faça algo mais simples este ano e se planeje para sair dessa situação com educação financeira”, avalia Domingos.

Por: Folha PE.


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