Pacientes relatam como aconteceram 'agulhadas' no Carnaval do Grande Recife

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Cerca de 100 pessoas relataram ter sido vítimas dos ataques durantes festas de Carnaval em Olinda e no Recife



Hospital Correia Picanço, no Recife
Foto: Brenda Alcântara/Arquivo Folha de Pernambuco

Pelo menos 108 pessoas relataram ter sido vítimas de "agulhadas" durante os festejos do Carnaval de Olinda e do Recife. O dado é da Secretaria Estadual de Saúde (SES), que divulgou balanço com o número nessa quarta-feira (6).

Alguns procuraram o Hospital Correia Picanço, no bairro da Tamarineira, na Zona Norte do Recife, nesta quinta-feira (7). A unidade de saúde é referência no tratamento de doenças infectocontagiosas.

Segundo os pacientes, a preocupação sobre os ataques - que têm relatos desde o Sábado de Zé Pereira - veio após a repercussão nas redes sociais e na imprensa. Um dos foliões que diz ter sido vítima das "agulhadas", o podador de árvores Ednaldo Manuel, contou à reportagem da Rádio Folha 96,7 FM que participava de uma festa de Carnaval no Bairro do Recife, na noite da terça-feira (5), quando foi vítima.


"Imaginei que tinha sido um brinco ou um anel e não dei muita atenção, mas quando cheguei casa e vi uma reportagem percebi que tinha que procurar o médico para saber se tinha acontecido alguma coisa comigo que nem eu mesmo sabia", disse o paciente.

Outro paciente, um homem de 39 anos que não quis se identificar relatou que também procurou o hospital após o surgimento dos casos na imprensa. "Eu estava me divertindo no Marco Zero e de repente senti uma alfinetada nas costas. Quando olhei vi um rapaz baixinho de bermuda listrada e camisa azul ou verde. Cheguei a sentir os dedos dele tocando nas minhas costas", afirmou.

Uma mulher de 44 anos, que também não quis dizer seu nome à reportagem afirmou que brincava com amigos quando passou por um local ermo e foi vítima do ataque. "Era tarde da noite e passei por um bequinho. Eu queria ir no sanitário e tinha umas duas ou três pessoas que não sei se eram homem ou mulher, era uma pessoa forte. De repente eu senti uma picada na minha perna e começou a arder. Na hora achei que era uma agulha", contou.

Assustada, a mulher afirma que pretende evitar voltar ao Carnaval. "Estou com um pouco de medo e vou dar um tempo de brincar Carnaval nesse tumulto", finalizou.

 Inquérito policial


A Polícia Civil de Pernambuco instaurou inquérito policial para apurar as "agulhadas". Em nota divulgada na quarta, a polícia informou que investiga o suposto crime de exposição de risco à vida de outrem por transmissão de moléstia grave. Técnicos que monitoram os registros da saúde por meio do software Ambiente de Monitoramento de Risco (Amber) perceberam um aumento de fluxo de pacientes no Hospital Correia Picanço, no Recife, com esse tipo de ocorrência.

O crime citado no inquérito tem pena de reclusão, em regime fechado, de até quatro anos, não descartando a hipótese do cometimento de crimes ainda mais graves. Em nota, a Polícia Civil disse que “oficiará à direção do Hospital Correia Picanço, no sentido de identificar e tomar por termo as declarações das vítimas que se dirigiram aquela unidade especializada de saúde, vez que as mesmas não procuraram a Polícia para registrarem os fatos”. As vítimas podem comparecer voluntariamente para fazer Boletim de Ocorrência.

Profilaxia


Todos os pacientes que procuraram o Correia Picanço passaram, segundo a SES, pela profilaxia pós-exposição (PeP), tratamento padrão usado na prevenção da infecção pelo HIV, e foram liberados após avaliação médica, com a orientação de retorno após 30 dias para conclusão do tratamento.


Por: Folha PE.


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