NÃO CULPEM O RIO!

0 Comments
 José Vieira Passos Filho - Pres. da Academia Alagoana de Cultura, Sócio Efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, Sócio Efetivo da Academia Maceioense de Letras, Sócio Honorário do SOBRAMES (AL), Sócio Efetivo da Comissão Alagoana de Folclore.


Os rios, periodicamente, transbordam além das margens naturais, para ocupar as planícies de inundações. A cheia de um rio é algo assombroso; a água, em enxurrada, faz um barulho ensurdecedor, leva tudo que encontra pela frente. Um mal necessário. Um processo de limpeza. 

Os leitos dos rios, nas áreas de menores declives, faz a velocidade da água diminuir, elevando seu nível, consideravelmente. Isso já foi muito bom no vale do rio Nilo, no Egito antigo, hoje, as cheias provocam destruições, pois as civilizações, inadvertidamente, ocuparam os espaços dos rios.

As cidades foram construídas às margens de rios. A explosão demográfica, não devidamente planejada, ocupou vales e encostas. As encostas, desnudas de vegetação, faz a água escorrer com grande velocidade, levando o lixo, que obstrui bueiros e faz aumentar o poder destruidor das cheias. 

Exemplificando, a recente cheia em Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro: destruição das áreas urbanas, nunca vista na história dessas cidades. Não vai ficar só por aí, deve piorar, ano a ano. É essa a previsão dos estudiosos pois o Efeito Estufa já está provocando, com mais frequência, precipitações pluviométricas acima da média. 

O Brasil precisa, URGENTEMENTE, de um programa de prevenção de cheias. É necessária a recuperação ambiental das áreas marginais dos córregos, bem como a construção de barragens, para controlar a vazão dos rios. Os canais devem permanecer abertos, para facilitar sua dragagem periódica. São extremamente necessárias obras de macrodrenagem nas cidades, tais como, lagoas de acumulação e de detenção, para minimizar os efeitos das grandes precipitações pluviométricas. Os custos para reparar os danos das cheias são incalculáveis.

No caso de Maceió, os antigos loteamentos implantados nas décadas de 60/70/80 foram projetados para a construção de casas, depois, ali, foram erguidos prédios, visto as famílias começarem desejar morar mais perto da praia, do comércio, do trabalho. A demolição de duas ou três casas, deu lugar a um prédio de 10 andares. No local onde moravam duas famílias hoje residem quarenta, os prédios passaram a ocupar 100% da área dos terrenos, ficou tudo impermeabilizado. Os morros de Maceió estão ocupados, as encostas e os vales também. Maceió está carente de um sistema de drenagem pluvial mais confiável, devido a precariedade de suas galerias e canais, por causa da idade construtiva. As galerias ficaram sub dimensionadas, visto o adensamento urbano. 

O rio não tem nenhuma culpa. As tempestades são cíclicas. A água da chuva limpa a atmosfera.  O aguaceiro purifica a terra e abastece o lençol freático. Não culpo ninguém, mas recomendo um planejamento mais eficiente, para prevenir Maceió de precipitações mais intensas. 


Por: José Vieira Passos Filho - Pres. da Academia Alagoana de Cultura, Sócio Efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, Sócio Efetivo da Academia Maceioense de Letras, Sócio Honorário do SOBRAMES (AL), Sócio Efetivo da Comissão Alagoana de Folclore.




You may also like

Nenhum comentário: