O QUE A TRANSNORDESTINA TEM A VER COM UM MORADOR DO AGRESTE?

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José Nivaldo Junior.



Em princípio, pode parecer que nada. Vai passar ao largo, sem paradas como as antigas estações de trem que marcaram época. Briga de cachorro grande que não diz respeito aos pobres mortais do Agreste Pernambucano.

Nessa briga eu não entro, diria Chico Onça, personagem dos dois Atestados da Donzela, o de Dr. José Nivaldo e o meu.

MAS

Não é bem assim. Esse negócio de Nordeste atrasado não é vocação. É política. Vamos lá para trás. O Nordeste, Pernambuco em especial, já foi o lugar mais adiantado tecnologicamente do mundo. Os engenhos de açúcar do século XVI eram as estruturas de produção mais complexas do planeta. E mais injustas também. Movimentadas pelo trabalho escravo, uma forma odiosa e inaceitável da exploração do homem pelo homem. Mas havia progresso. Em Olinda, mais luxo que em Lisboa. Mais injustiça social, também.

O QUE NOS ATRASOU?

As circunstâncias, mas principalmente a política. Quando D. João, em 1808, trouxe o governo português para o Brasil, se instalou no Rio de Janeiro. E as decisões passaram a ser tomadas com a ótica do Sul. Pernambuco comandou rebeliões que não deram frutos práticos. Nos acomodamos. O Leão do Norte virou um gato angorá, macio e preguiçoso. 

RICOS E POBRES

Vivemos na sociedade capitalista, excludente por natureza. Quem é rico mora onde quer. Quem é pobre não tem onde morar. Há uma coisa interessante: 

Os empresários geram riqueza. Cabe aos políticos fazer a sua distribuição. Gestores despreparados punem a sociedade aplicando mal os recursos gerados e arrecadados. Essa forma corriqueira de administrar, mantém a desigualdade social em alta escala.   E de quem é a culpa? Bom, à primeira vista, dos pobres que elegem políticos que fazem gestões que punem os pobres. Mas, é preciso considerar que existem aparelhos ideológicos complexos moendo a todo o vapor para convencer os pobres a votarem em não pobres (ou ex-pobres) que vão manter tudo como está.

E A FERROVIA?

Bem, o Nordeste só muda se avançar sua estrutura tecnológica, a aplicação dos recursos e a forma de administrar. A ferrovia Transnordestina, que os quinta colunas pernambucanos e os inimigos de Pernambuco fazem de tudo para sabotar, é uma necessidade imperiosa. Não para o Porto de Suape e os municípios ao seu redor. Para Pernambuco. Para todos os Estados entre a Bahia (já contemplada) e o Ceará (já a caminho do atendimento). Estamos falando não da salvação de nada. Uma ferrovia, isoladamente, não tem esse condão. Estamos falando de uma linha de ligação com o futuro. O petróleo está com os dias contados. O modelo rodoviário, a caminho de se tornar totalmente obsoleto. A ferrovia, por si só, não salva. No entanto, sem ferrovia, não há salvação. Estamos falando dos nossos filhos, dos nossos netos, do nosso amanhã.

Isso diz respeito a cada um de nós.

Vamos acompanhar e cobrar.

Se quisermos ter futuro.

Por: José Nivaldo Junior - Publicitário. Historiador. Da Academia Pernambucana de Letras.  
Autor do best-seller internacional “Maquiavel, o Poder”. 


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