SALTO AUGUSTO - PESCA

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Marcos ferrou uma Cachorra.


A alegria toma conta dos pescadores quando recebemos o aviso que na próxima quarta feira, na chácara do Beto teremos reunião, pois é uma alegria abraçar os companheiros.

Já na chegada somos recepcionados com um balcão com as deliciosas cachaças Oppa Staack, e claro também caipira, cervejas que ajudam a descontração. O Sr. Ferraz inicia a reunião, onde são tratados os assuntos da próxima pescaria, é feito o sorteio de quem são os companheiros de quarto e de barco de pesca, de vez em quando o coordenador tem que chamar a atenção de uns que estão muito entusiasmados para a pauta principal, em seguida nos deleitamos com um fausto jantar, às vezes ovelha com aipim, coisa básica que não dá para resistir, tem que repetir, após começa a cacheta. Isto ocorre mensalmente até que chega a tão aguardada data. As carteirinhas de pesca foram providenciadas graças à cortesia do Ricardo Schlosser.

Este ano de 2023 saímos da Aradefe com ônibus rumo ao Aeroporto de Curitiba, e quando lá chegamos os termômetros marcavam sete graus. Decolamos para Campinas, depois para Cuiabá onde a temperatura já estava a trinta e sete graus, é um tal de tira casaco que não acaba mais. Voamos até Alta Floresta onde um ônibus fretado nos aguardava e viajamos quatro horas sendo que numa pequena parte rodamos sobre uma pista de pouso construída por um senhor que, quando ficou sabendo que naquela região havia minas de esmeralda, comprou uma área de 150 milhões de metros quadrados, passou a explorar as minas, vendendo seu produto para as lojas H. Stern mundo afora. Seguimos mais um pouco até que tivemos a alegria de ver o rio Juruena onde embarcamos em uma lancha grande sendo que nossos equipamentos de pesca que foram levados de camionete desde Brusque, conduzida pelos pescadores: Beto, Christian, Dirk, Feu, Edgar e Ricardo Vargas foram levadas em outra lancha. 

Aí iniciou a última etapa da viagem, pois tivemos o prazer de viajar por mais duas horas nos deleitando com a riqueza da nossa floresta amazônica, não vimos nenhuma queimada, mas sim muitas castanheiras que tem a proteção legal, sendo proibida sua extração.  

Quando fomos chegando próximo ao Flutuante Salto Augusto, centenas de borboletas, belíssimas, exóticas, diferentes, nos aguardavam como que a nos saudar e pareciam dizer:

- Benvindos ao paraíso, benvindos a um lugar de paz onde vocês estão mais próximos à magnífica obra do Pai Celestial. Sentimos uma paz imensa.

Acomodamos nossas tralhas cada dois pescadores em uma suíte e embora já fim de tarde quase anoitecendo, mesmo não tendo piloteiro disponível para aquela hora, meu companheiro Pedro Lira e eu pegamos varas, conseguimos na cozinha um pedaço de coração de boi e ficamos na varanda do flutuante pescando até escurecer. 

Banho, jantar delicioso e cama cedo porque amanhã acordaremos às cinco da madrugada, café, equipamentos na lancha e zarpamos com nosso piloteiro Marciano Rikbaktsa, um índio de 22 anos da tribo Rikbaktsa, assim aprendi que o sobrenome dos índios é o nome de sua tribo. Já de cara peguei um jau de 77 centímetros, o que dá uma emoção muito gostosa sentir a vara retesando e o peixe puxar com força. Conforme regulamento, após medido com uma trena especial fornecida pela organização e fotografado é solto. Já em seguida meu parceiro Pedro pegou uma cachorra um pouco maior. Como é bom ver a alegaria de um homem já beirando os 80 anos vibrar e se alegrar qual criança, sorrindo e feliz ao pescar um peixe de bom tamanho.

Por volta do meio dia todas as lanchas retornam até o flutuante, a temperatura está na casa dos 37 graus, aí o que mais queremos é um banho de água fria e depois tomar uma cerveja bem gelada, almoçamos, descansamos um pouco para escapar do calor e voltamos ao trabalho, e que trabalho gostoso, junto às maravilhosas obras do Criador, todos remoçamos e nos fortalecemos. Hoje quem se deu bem foi o Beto que pegou vários peixes de bom tamanho, dentre eles um trairão de 81 cm.

No flutuante, no fim da tarde estavam o Sandro e o Glausio com seus violões a tocarem boa música e a gente até parece que ouvia aquele coro dos animis da floresta batendo palma, cantando junto, felizes, enquanto isto o poente se engalanava de uma cor dourada esplendorosa que faz muito bem para todos.

Tomamos mais uma deliciosa cachaça Oppa Staack, farto jantar, todos empolgados, muita animação, descontração e alegria, alguns reiniciaram o jogo, outros proseavam, alguns falavam ao telefone com seus familiares enquanto outros mostravam na tela do celular os peixes enormes que haviam pego e claro que o maior havia rebentado a linha.

Uma hora antes de amanhecer já estávamos todos na sala de café, animados e empolgados, cada dupla saia com seu piloteiro para um lugar diferente, sendo que este levava no barco as bebidas que a dupla havia escolhido, água, cerveja, e como cortesia do flutuante uma travessa com salgados para aperitivar lá pelas dez horas. Usamos bastante flltro solar e também repelente, em especial o óleo Paixão que havia sido recomendado mas só vi um mosquito em todos estes dias, em compensação, maruim, aquele inseto preto pequeno havia de montão. Paramos na entrada de um corixo e não demorou muito o Pedro se levantou e falou entusiasmado:

- Ferrei mais um, e este é ainda maior, é um tal de puxar a linha, enrolar a carretilha e quando de repente o peixe resolve dar mais uma escapada, tem que ter aquela habilidade para afrouxar a carretilha, deixar o baita nadar um pouco e tornar a recolher. É uma emoção, uma alegria, uma sensação que faz muito bem, que nos dá muito ânimo, é um presente de Deus.

Como o calor estava muito intenso pedimos ao Marciano para ele ver se conseguia apoitar o barco à sombra assim pegamos mais alguns e faceiros retornamos ao flutuante para um merecido banho, almoço, pequeno descanso e vamos à luta. Uns tem mais sorte, uns tem mais experiência, independente dos peixes, todos estamos muito felizes, quando estávamos retornando ao flutuante, já meio escuro, vimos lá na outra margem do rio dois pescadores dentro de uma lancha acenando meio assustados, nos aproximamos, eram o Rui Mauricio dos Santos e o João Paulo Sassi, sendo que o motor do barco não pegava, rebocamos nossos companheiros.

Hoje quem se deu muito bem foi o Dr. Edemar. A seguir as palavras dele:

- Foi uma emoção muito forte, primeiro quando o meu mano Clovis pegou a Pirarara, por volta das 19:00 horas a gente torceu muito porque deu para ver que era grande e ele nunca tinha pego um peixe grande e a todo momento ficamos orientando ele para que não deixasse o peixe ir para baixo do barco porque podia cortar a linha. Quando o peixe começou a aparecer na flor d’água foi uma alegria total, e dr. Edemar continuou contando: Já o meu peguei cedo, por volta das 7:15 da manha e quando fisgou logo percebi que era grande, mas não imaginava que fosse tão grande assim. O piloteiro foi muito competente, pois imediatamente soltou o barco e ficou controlando na corredeira, já que estávamos pescando no pé da cachoeira, onde a profundidade é em torno de 120 metros. Várias vezes parei de recolher a linha para descansar porque a força do peixe era enorme e parecia que tinha trancado no meio das pedras. Após uns 25 minutos, com muita luta e paciência, já há mais de cem metros da cachoeira, foi possível ver o jaú aparecendo na flor d’água. Nesse momento o piloteiro, com muita paciência e habilidade conseguiu arrastar o baita para dentro do barco e a emoção tomou conta de todos nós. Depois fomos até a areia para as fotos e o êxtase foi total, pois nunca tinha fisgado um monstro daqueles, um jaú medindo 1:47 metros e o piloteiro calculou entre 50 e 55 quilos, sendo que não consegui levantá-lo ao ponto de não arrastar a ponta do rabo no chão. Maravilha. Momentos Inesquecíveis!!. 

Um depoimento como este deixa todos nós também muito felizes.

Amanheceu e de lancha fomos direto á Cachoeira Salto Augusto, ali bem pertinho do flutuante, um espetáculo da natureza, de uma magnitude impressionante, impossível não abrir os braços e dizer: “Obrigado Senhor”.

Foram três dias maravilhosos sendo que na última noite, conforme já havia sido programado, a equipe encarregada da medição dos peixes fez a divulgação dos campeões:

- Maior trairão – Sérgio – 85 cm.

- Maior tucunaré – Wladi – 55 cm.

- Maior peixe – Piraíba - Ivan–1,53 m.

Os campeões vibraram ao receberem seus troféus que eram uma homenagem ao nosso companheiro Luciano dos Santos que partiu para outro astral, então foi convidado o Marcos Welter para dirigir algumas palavras em nome do grupo, a seguir seu pronunciamento:

- “Deus, que é o Grande Arquiteto do Universo, que a nosso favor tudo arquiteta, quando fez este maravilhoso mundo também se lembrou de fazer os peixes.

Numa inscrição Assíria, do ano 2.000 antes de Cristo consta: “Deus não desconta dos dias destinados à nossa vida os que passamos pescando”.

Cristo quando esteve aqui na Terra escolheu como primeiro apóstolo um pescador: Pedro.

Deus também determinou: - Por volta do ano 2.000 um homem de boa índole de nome Ariberto Staack juntará uma plêiade de pessoas ilustres como o Sr. Ingo Fischer, o Dr. Edemar Leopoldo Schlosser, o Sr. Luiz Carlos Ferraz dentre outros que se abraçarão fraternamente uma vez por mês numa festa para anualmente terem o privilégio de contemplar as magníficas obras celestiais.

Sou um dos abençoados que tem o privilégio de fazer parte desta fraternidade. Minha gratidão e meu abraço a cada um de vocês desejando que todos retornemos aos nossos lares com espírito renovado e que sempre promovamos a paz e o bem estar de todos. Obrigado”. 

Dr. Edemar e seu Jaú de 1, 47 metros.

Ivan e sua Piraíba de 1,53 metros.
Por: Marcos Eugênio Welter - Trabalhou como Advogado e Funcionário do Banco do Brasil,
Letras do Brasil.Membro do Conselho Superior Internacional da Academia de




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