PASSEIOS E PENSAMENTOS

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Energia das raízes.

Virginia Pignot.


De volta à terrinha, às nossas raízes, tivemos o prazer de encontrar e conversar com pessoas queridas, de visitar artistas, como o surubinense Carlos Escultor, que nos deu o prazer de nos presentear com o busto do Dr. José Nivaldo, pai, Médico, Pecuarista e Escritor que viveu em Surubim desde o fim dos anos quarenta, até sua morte no século 21. Assistimos filmes brasileiros, como os documentários Tom e Elis, e Meu nome é Gal, com feras da MPB; shows de grupos em Olinda, vibramos e dançamos com a Roda de Choro na Fazendinha, na R. das Graças, às terças-feiras, com o Prof. do Conservatório Lucas Guerra, filho do surubinense Fernando Guerra e Cristina.

Provamos canjica, pamonha, bolo de milho, cuscus com leite, carne de sol, peixada, queijo de coalho, doce de goiaba, sucos das frutas deliciosas do Nordeste. Além do banho de sol e de mar nas aguas mornas, acolhedoras como as do líquido amniótico materno, revigorantes. Passeando, ouvi um senhor dizer ao companheiro de banho de mar, de manha cedo: “você sai daqui novo”.

Que essa energia das raízes alimente este artigo.

Colhendo conversas, plantando reflexões.

Em Surubim, ouvi que grandes cadeias de farmacias, de supermercados, estavam esmagando a concorrência, o pequeno e médio comércio que fazia viver famílias há geraçoes. Como compram muito, obtêm desconto na compra e podem vender mais barato. Tem-se falado no imposto progressivo para grandes fortunas, que pagam proporcionalmente menos impostos que o trabalhador, que é descontado na fonte. Será que o princípio do imposto progressivo pode ser aplicado para grandes cadeias, para reduzir o efeito de concorrência desleal que esmaga o pequeno e médio comerciante? Se for o caso, estes devem se unir, traçar o retrato da nova realidade, formular uma proposta com as modificaçoes que poderiam salvar seus negocios, envia-la aos Deputados Estaduais e Federais, fazer artigos informativos, contactar a imprensa para que a informação circule… Foi assim, pela mobilização social, que se conseguiu, no primeiro governo Lula, parar o processo de privatizaçao da Petrobras.

Outra observação, as políticas de inclusão social e racial dos governos do PT, e a evolução da consciência social parecem ter dado frutos. Nas publicidades, na televisão, vemos com mais frequência a presença da população negra e mestiça. Nos painéis/grafitis que decoram o Recife, belos rostos índios, negros, nos lembram da importância destes povos na construçao do país. Preservaram florestas que equilibravam o equilíbrio climático do planeta, guardam um conhecimento secular sobre o potencial de cura de certas plantas, criaram gerações de crianças burguesas com carinho e amor, apesar da discriminaçao da qual eram e são vitimas, colheram café, cana de açúcar, construiram estradas, prédios, cidades, participaram da criação da riqueza, apesar de serem pouco retribuídos por ela, trouxeram contribuições culturais (literárias, musicais, nas danças tradicionais…) que elevam o paás aos olhos do mundo...mas são as primeiras vítimas da desigualdade e discriminação sociais, praga que nosso país está tendo de enfrentar de novo.

Quebra de braço entre o capital e o trabalho. E a Lava Jato?

As Avenidas do Recife não tinham mais pedintes quando as políticas sociais e programas de aceleração do crescimento dos governos do PT estavam produzindo saída da precariedade, acesso ao pleno emprego. Em dezembro de 2014, a taxa de desemprego estava abaixo de 5%. Depois dos golpes de 2016/2018, que afastou Dilma por falso crime de responsabilidade e prendeu Lula em processo recheado de ilegalidades para tira-lo das eleições de 2018, tivemos os governos Temer e Bolsonaro. Beneficiados pelos golpes, ambos prestaram serviços aos interesses do mercado financeiro, que andam de mãos dadas com a velha mídia: quebraram direitos dos trabalhadores, venderam refinarias e a BR Distribuidora “a preço de banana”, liberaram a venda de armas que acabaram essencialmente nas mãos de milicianos e traficantes aumentando a insegurança, o Brasil voltou ao mapa da fome. 

A Operaçao Lava Jato, e seus “garotos dourados”,sabe-se agora, foi a “mão armada” deste golpe. Ex Juiz, procuradores, e até o TRF- 4 cúmplice estão agora sob “correição” do Conselho Nacional de Justiça. Entre delações ditadas obtidas sob tortura psicológica e a “gestão caótica”, dos 22 bilhões de reais obtidos com as multas e contratos de leniência com os réus, dinheiro público, que geridos pelos “garotos dourados” sumiu do mapa, além de outras ilegalidades; os membros da operação têm que se explicar com a justiça, alguns já sofreram condenações. A Globo e seu jornalismo histriônico de telenovela não colocou dutos escorrendo dinheiro público quando fala dos malfeitos do ex juiz, como fazia com Lula e Dilma, a Veja não colocou capas com um Moro ou Deltan com rosto endiabrado ou com roupa de penitenciário. Pertencentes a grandes grupos financeiros ou de comunicação, estes meios têm lado, e não é o lado dos interesses do povo.  A Globo apoiou o golpe militar e escondeu os crimes de tortura e de corrupção deste período, apoiou a eleição de Collor que confiscou a poupança do povo brasileiro para só devolvê-la quando os valores economizados já tinham sofrido desvalorização, apoiou incondicionalmente a Lava Jato.Como dizia Brizola, “quando a Globo indicar um caminho, siga outro”.Politicamente, ele tinha razão.

Por: Virginia Pignot - Cronista e Psiquiatra.
É Pedopsiquiatra em Toulouse, França.
Se apaixonou por política e pelo jornalismo nos últimos anos. 
Natural de Surubim-PE


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