VIOLÊNCIA DESENFREADA

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Paulino Fernandes de Lima.


Quem vive nesse mundinho aqui, anda com medo do crescimento desenfreado que tem tomado conta das ruas, nos últimos meses, não ficando muito longe das cenas de guerra a que já estamos assistindo cotidianamente, depois da banalização que os conflitos mundiais adquiriram.

Quem diria que hoje acompanharíamos uma guerra, diariamente, pelos canais de televisão e por outros meios, depois de ter esperado tanto que cessasse uma Pandemia que já levou tantas vidas?

Uma coisa é incontestável: aquela falácia de que a humanidade iria melhorar depois que o mortal vírus se inseriu no mundo, hoje, comprovadamente, confirma que não passou de uma quimera.

Entretanto, não se tem para onde correr, pois quando andamos hoje nas ruas, a sensação de insegurança é tremenda, com o aumento da violência, principalmente nas cidades, em que o policiamento de rua virou coisa do passado. O máximo que se consegue ver são viaturas aqui acolá, sem aquela indispensável presença física nos quatro cantos das cidades.

Furtos e crimes de menor potencial ofensivo passaram a ocupar as posições menos importantes, na escala de violência que tem se apresentado ultimamente, pois a moda agora é se cometer assassinato à queima roupa, a qualquer hora do dia ou da noite.

O Estado não pode se manter inerte diante do avanço da criminalidade, sob pena dessa situação se tornar, no futuro, algo irreversível. Criminosos já não se intimidam mais sequer em atentar contra a própria autoridade estatal, a exemplo do brutal assassinato do Juiz, ocorrido recentemente em Pernambuco.

Presentemente, tem-se tornado cena comum, ver-se pessoas sendo mortas, à queima-roupa, quando se encontram, livremente, nas ruas e calçadas. Esse cenário assustador tem se tornado corriqueiro, nas principais capitais do Brasil, as quais sempre tiveram o estigma de insegurança e violência. Entretanto, essa marca não tinha se evidenciado durante certo lapso temporal, voltando a aparecer com força total, nos últimos dias. 

Pessoas estão sendo executadas, no meio da rua, em plena luz do dia ou da “quase plena” da noite, sem que os executores se importem com a presença de público, pondo em risco, obviamente, outras vidas.

Depois de cometidos, esses crimes enfileiram-se com outros tantos, os quais ou já caíram no esquecimento, ou ainda estão sob investigação ou na pendência de julgamento, para se sabe lá quando. 

À medida que o tempo passa, para piorar a situação, os delitos se revestem de maior dificuldade para elucidação da autoria e materialidade, desaguando, quase sempre, na famosa impunidade, que é o mais indesejável, em tema de justiça.

Se verdadeiramente, essas cenas se mantiverem em nosso cotidiano, tudo fugirá do urgente controle, tornando isso aqui um terceiro campo de guerra.

Por: Paulino Fernandes de Lima - Defensor Público; Professor; 
Presidente da Academia de Letras do Brasil (Alb/PE)


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