GARANTIR OS DIREITOS DE QUEM DISCORDAMOS É GARANTIR NOSSOS PRÓPRIOS DIREITOS, POR JOSÉ NIVALDO JUNIOR

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José Nivaldo Júnior.

A liberdade é um conceito que parece fácil de entender, mas difícil de definir. Na prática, nem tanto.  Voltaire, um dos pais do pensamento iluminista, explicou tudo direitinho, na França do século XVIII.  Segundo seu pensamento, liberdade é tudo. Desde que não invada o direito alheio. No popular, a liberdade de cada um termina onde começa o direito do outro. Atribui-se ainda a Voltaire a célebre frase: “Não concordo com uma linha do que dizes, mas daria a vida para garantir teu direito de dizê-lo”. Simples assim.

O caso Hustler

A Hustler é uma revista pornográfica mensal voltada para o público heterossexual masculino publicada nos Estados Unidos. Foi fundada por e é de propriedade de Larry Flynt. Polêmica e odiada por muitos, foi objeto de diversos processos. Um deles, virou um filme emblemático. ‘O povo contra Larry Flint’, de 1996. O ator Woody Harrelson interpretou Larry Flint. A sua atuação lhe valeu uma nomeação ao Óscar de Melhor Ator. 

Garantia

Flint venceu a causa baseado na garantia da liberdade de imprensa. Ao término, disse uma frase antológica que, em tradução livre diz o seguinte: Se até uma criatura como eu tem seus direitos garantidos isso assegura que a pessoa mais honesta tenha certeza de que sua liberdade estará protegida.

Simples assim.

A violência contra a liberdade

Recentemente, o jornalista Ricardo Antunes foi brutalmente espancado em local ‘nobre’ do Recife, em plena luz do dia. Eu, como muitos, tenho discordâncias acerca do estilo e dos métodos de Ricardo. Porém não posso calar ante o esbulho do seu direito de cidadão. O Jornal O Poder cobrou providências da governadora, que além de mandar na polícia entende do riscado. Eu não entendo. Mas achei um caso muito fácil de desvendar.

Foi um recado

Ricardo aborrece muita gente com suas postagens. Porém o número de suspeitos era ínfimo. O(s) cara(s) mandou(aram) um inacreditável recado, baseado na certeza da impunidade. Não era para matar, era para, literalmente, quebrar a cara do jornalista. Na linguagem habitual de jactância de coragem, na verdade grande covardia, no caso. Uma emboscada com uso de meliantes terceirizados. Para Ricardo parar com suas notas notórias. Para outros jornalistas entenderem que com ele(s) não se metam. Tanto que, além de armar a emboscada covarde, providenciaram a filmagem para a devida divulgação. E não tomaram qualquer providência para esconder os executores. O vídeo, que viralizou nas redes sociais, foi difundido por ele(s) mesmo(s). 

Pistas

Os meliantes deixaram tantos elementos, testemunhas, agressores identificados, redes sociais,  filmagem que até parece propositadamente para facilitar as investigações.

E quem sentir seu direito invadido

Procure reparação e tome providências na justiça. Comportamentos dentro da lei  é que fazem a sociedade ser civilizada. A agressão covarde e terceirizada indica exatamente o contrário. Estamos regredindo, nos distantanciando da civilização.

PS - Nos velhos tempos os duelos tinham hora marcada e armas definidas. Era uma prática absurda, mas havia um quê de honra, de coragem, de caráter. 

Por: José Nivaldo Junior é publicitário, consultor e seguidor de Voltaire. Diretor de O Poder. 
Da Academia Pernambucana de Letras.


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