Estado do Rio se unirá aos EUA contra o tráfico de armas de guerra

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Acordo com agência americana tem o objetivo de evitar que fuzis cheguem ao Rio.


Fuzis recolhidos em operação no Morro do Chapadão, em Costa Barros: maioria das armas desse tipo apreendidas é de origem estrangeira - Pedro Kirilos / Agência O Globo
Com objetivo de mapear a entrada de armas de guerra que passam pelas fronteiras brasileiras e são apreendidas no Rio de Janeiro, o estado está formalizando mais um convênio com o governo americano. Agentes do setor de inteligência da Secretaria de Segurança estão seguindo para Washington, nos Estados Unidos, para assinar o protocolo de um convênio com a agência federal americana Bureau of Alcohol, Tobacco, Firearms and Explosives (ATF), que investiga o tráfico internacional de armas, drogas e artefatos explosivos.

Segundo dados da Secretaria de Segurança obtidos pelo GLOBO, nos primeiros cinco meses deste ano, dos 101 fuzis que foram apreendidos pela Polícia Militar no estado, apenas dois eram de fabricação nacional.

— Esses números mostram o trabalho incessante da Polícia Militar. Já que as fronteiras internacionais são um desafio, estamos mapeando a entrada de armas pelas divisas do estado e a circulação delas dentro do Rio de Janeiro — disse José Mariano Beltrame, secretário de Segurança do Rio.

Entre os fuzis apreendidos este ano, 41 eram do modelo americano AR-15, 24 do russo AK-47 e 15 do belga FAL (fuzil automático leve). Em levantamento recente, policiais do Rio também encontraram, entre as armas recolhidas nos últimos anos, unidades vindas de outros países, como República Tcheca, Suíça e Alemanha (que tem intensificado as vendas para a América Latina).

ROTAS PELO PARAGUAI

Com o convênio, a Secretaria de Segurança pretende ampliar as parcerias com as autoridades internacionais a fim de combater o tráfico nos países de origem. José Mariano Beltrame reconhece que a repressão ao contrabando na fronteira é uma tarefa difícil. Segundo ele, a rota mais habitual para a entrada de armas no país que acabam chegando às favelas do Rio passa pela fronteira do Brasil com o Paraguai. São 1.365,4 quilômetros por rios e bacias hidrográficas.

— Temos cidades que são conhecidos pontos críticos, como Pedro Juan Caballero, Capitán Bado e Ciudad del Este, mas sabemos que as rotas alternativas são inúmeras — afirmou o secretário.

Semana passada, o tráfico de armas no Rio foi discutido numa reunião de Beltrame com o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, em Brasília.

— Temos que atacar esse problema de múltiplas formas. Uma delas é a cooperação internacional — observou o secretário.

O contato com a ATF foi intensificado em setembro do ano passado. No início daquele mês, Beltrame entregou sugestões de mudanças no Estatuto do Desarmamento à bancada do Rio de Janeiro na Câmara dos Deputados, em Brasília. Entre as principais propostas, estavam medidas para tornar mais severas as punições para quem portar armas de uso restrito, granadas e explosivos.

No ano passado, um estudo detalhado do Instituto de Segurança Pública (ISP), ao qual O GLOBO teve acesso, revelou que a entrada de armas de guerra no país pelas fronteiras é recorrente. Segundo o trabalho, das 3.989 armas de fogo apreendidas no estado nos primeiros cinco meses de 2015, 5,5% eram fuzis (174), metralhadoras e submetralhadoras (49). O restante eram revólveres e pistolas.

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De janeiro a maio do ano passado, o número de armas apreendidas no Estado do Rio de Janeiro registrou um aumento de 11% em relação ao mesmo período de 2014, totalizando 383 unidades a mais. Ou seja, nos primeiros cinco meses de 2015, a polícia recolheu, por dia, uma média de 11 revólveres, dez pistolas e um fuzil.

MAIS APREENSÕES

A capital do estado concentrou a maior parte das apreensões de fuzis do ano passado, totalizando 72% do material recolhido. Das 174 armas desse tipo encontradas pela polícia no período, 56% estavam em quatro Áreas Integradas de Segurança Pública (AISPs): a número 3 (formada pelos bairros de Água Santa, Tomás Coelho e Piedade), a 9 (Rocha Miranda, Coelho Neto e Madureira), a 14 (Bangu e Senador Camará) e a 41 (Vicente de Carvalho, Costa Barros, Acari e Ricardo de Albuquerque). Todas essas áreas têm favelas onde ainda não foram instaladas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs).

Na análise das apreensões de fuzis nos bairros das quatro Áreas Integradas de Segurança Pública, o instituto listou alguns dos conjuntos de favelas existentes nas regiões. Entre eles, estão os complexos do Dezoito, da Serrinha, de Camará e do Chapadão. Outras comunidades encontradas nessas regiões são os morros do Juramento e da Pedreira. Ao longo do tempo, a intensificação da disputa por territórios entre criminosos e dos confrontos com a polícia levou ao uso, cada vez maior, de armas com alto poder letal.
Por: OGlobo.


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