Pesquisa que utiliza pele de tilápia em queimaduras recebe prêmio nacional

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Uma pesquisa inédita, idealizada pelo cirurgião plástico Marcelo Borges, coordenador do SOS Queimaduras e Feridas do Hospital São Marcos/Rede D’Or e Coordenador de Treinamentos em Saúde da Faculdade de Medicina de Olinda (FMO), foi reconhecida como o melhor trabalho médico no X Congresso Brasileiro de Queimaduras, realizado em Salvador (BA), de 2 a 5 de novembro. O prêmio Nelson Piccolo foi concedido pela Sociedade Brasileira de Queimadura pelo uso da pele de tilápia como curativo biológico oclusivo, no tratamento de queimaduras. “ Esse prêmio é o reconhecimento da comunidade científica brasileira sobre a necessidade do país passar a utilizar uma cobertura biológica de origem animal no tratamento das queimaduras e feridas. Uma dívida tecnológica que perdura por 50 anos e que agora está sendo quitada. Já temos vinte pacientes tratados, todos com excelentes resultados”, avaliou.

A pesquisa, desenvolvida no Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM), da Universidade Federal do Ceará (UFC), também deverá ser apresentada no 39° John Boswick Burn and Wound Care Symposium (Hawaí, de 12 a 16 de fevereiro de 2017). “O convite foi feito pessoalmente pelo Chairman do evento, o dr. Paul Glat, que assistiu a nossa apresentação no congresso de Salvador”, explicou.

Esse projeto inédito também está dando oportunidade aos alunos da Faculdade de Medicina de Olinda de acompanhar a pesquisa pioneira. É a primeira vez na história que pesquisadores utilizam pele de peixe para tratar essas lesões. Tentativas já foram feitas com outros animais. Sabe-se que apenas um por cento da tilápia destina-se à matéria-prima para o artesanato, sendo os 99% comercializados in Natura. O uso da pele da tilápia, umas das principais espécies de peixe de água doce do Brasil, como curativo biológico e temporário (enquanto ocorre a cicatrização), começou a ser pesquisado há quatro anos pelo cirurgião plástico que levou a ideia para o Ceará. Ele contou inicialmente com a ajuda do Instituto de Apoio ao Queimado, presidida pelo cirurgião plástico e pesquisador, Edmar Maciel, que viabilizou o financiamento do estudo, através da Coelce (Companhia Energética do Ceará). A equipe que hoje desenvolve o trabalho visitou pisciculturas no Açude Castanhão, na Região do Jaguaribe, naquele estado, a fim de analisar como a tilápia é criada e quais são os cuidados locais necessários para a sua aplicabilidade médica.


O estudo em Fortaleza revelou que a pele humana e a do peixe são semelhantes em aspectos importantes, como a resistência, a umidade e quantidade de colágeno existente.

Por: Denise Martins - Jornalista



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