Agricultura na América Latina precisa se modernizar, diz novo presidente do Iica

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(Crédito: Divulgação)


A agricultura da América Latina precisa se modernizar e se industrializar, incluindo também nesse processo pequenos produtores, para que os países possam se desenvolver e converter-se em atores ainda mais relevantes no comércio mundial, disse hoje (15) o novo diretor-geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (Iica), Manuel Otero, ao tomar posse na sede do instituto em San José, na Costa Rica.

De acordo com Otero, as exportações da região representam 13% do comércio agrícola global e um terço das exportações na própria América. “A partir da nossa invejável dotação de recursos naturais e com base nas projeções de aumento de demanda, nosso continente se posiciona como fundamental na garantia, não apenas da segurança alimentar e nutricional mundial, mas também da sustentabilidade ambiental do planeta”, disse ele.

Para que ocupe um papel ainda mais relevante do ponto de vista comercial, o novo diretor-geral defende que a agricultura das Américas promovam uma industrialização inteligente, baseada na ciência e tecnologia. “E para isso tem que haver políticas de incentivo por parte dos Ministérios de Agricultura, com forte apoio dos Ministérios de Ciência e Tecnologia e Indústria para transformar essa produção primária”, disse em entrevista a jornalistas logo após a cerimônia de posse. “Creio que não há situação pior do que um continente que tem os recursos naturais que temos, de gerar uma produção primária praticamente sem valor agregado para que outros a transformem e depois nós terminemos comprando essa produção com valor agregado”, acrescentou.

Otero enfatizou ainda que o cenário de modernização deve também atingir os pequenos produtores, que no continente são 15 milhões em 400 milhões de hectares. Segundo ele, deve haver um processo de transferência de tecnologia adequada às necessidades desses produtores. Nesse processo, cooperações técnicas como as promovidas pelo Iica são fundamentais.

Na visão de Otero, os países americanos precisam construir novos mecanismos de complementação e cooperação entre si. Segundo ele, o continente é a região do mundo com os níveis mais baixos de comércio entre países. Durante sua gestão, Otero quer que o Iica incentive as trocas de experiências entre países.

Eleição


O médico veterinário argentino Manuel Otero foi eleito diretor-geral do Instituto no dia 26 de outubro do ano passado pelos 32 chefes das delegações dos Ministérios da Agricultura dos países que compõem o grupo, incluindo o Brasil que também apoiou sua candidatura. Otero trabalha no Iica há 25 anos e foi representante do instituto no Brasil de 2010 a 2015.

Esta é a primeira vez, desde 2003, que um argentino está a frente de um organismo internacional. Otero dirigirá o Instituto até 2022.

Iica no Brasil


O IICA foi fundado em 1942, com o objetivo de realizar uma agricultura competitiva, sustentável e inclusiva para as Américas. É o organismo especializado em agricultura e bem-estar rural vinculado à Organização dos Estados Americanos (OEA). O Brasil passou a fazer parte do IICA em 1964. O Instituto está presente em 18 países, com 34 escritórios com capacidade técnica.

No Brasil, o órgão participou da criação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), da Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural (Embrater) e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

O principal papel do Iica é oferecer cooperação técnica em projetos junto ao governo federal e também estaduais. Atualmente, estão em desenvolvimento 22 projetos no Brasil. Entre eles, o Interáguas, financiado pelo Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento (Bird). No âmbito do projeto, o Iica oferece apoio à gestão de recursos hídricos, planejamento para o uso da água e ampliação do saneamento básico pelo país. O projeto é realizado em parceria com a Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades, a Agência Nacional de Águas (ANA) e o Ministério da Integração Nacional.

Dentre os projetos federais está o Fortalecer os Instrumentos de Governança Fundiária voltados à Redução da Pobreza Rural, Inclusão Social e Produtiva, e Desenvolvimento Econômico e Ambiental Sustentável, em parceria com a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário.

Estão também em curso projetos a nível estadual como o Universalização e Aperfeiçoamento da Prestação dos Serviços de Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário em Áreas Prioritárias do Estado da Bahia, em parceria com a Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa).

Por: Agência Brasil.


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